O Livro dos Salmos, na Bíblia Sagrada, é um conjunto de 150 poesias, compostas pelo antigo Povo Escolhido para rezar a seu Deus. No original hebraico, esse livro chama-se "livro dos hinos", mas nem sempre se trata propriamente de hinos no sentido estrito. O nome "Salmos" vem da tradução grega (LXX). A palavra grega PSALMÓS indica a música tocada num instrumento de cordas chamado PSALTERION, semelhante à lira e usado no acompanhamento dos hinos. Na Bíblia, significa o tipo de poesia religiosa que corresponde a MIZMOR, termo hebraico que aparece no cabeçalho de 57 salmos. Os Salmos foram compostos em diferentes épocas da história de Israel, por vários autores, e estão colocados na Bíblia sem ordem lógica nem cronológica. Há, no entanto, salmos de caráter idêntico, reunidos em pequenas seqüências, como os salmos de romaria (120-134). Santo Tomás de Aquino disse que os Salmos contêm em si toda a Bíblia. São eles um diálogo do Povo de Deus com Aquele que é seu libertador, criador, refúgio e proteção. Neles a alma israelita exprime seus sentimentos: louvor, adoração, alegria, confiança, súplica, aflição, angústia, arrependimento e até mesmo a ira e a imprecação.

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Convido hoje os amáveis leitores a rezarem e a apreciarem a beleza do Salmo 103 (104): "Minha alma, bendize o Senhor! Senhor, meu Deus, como és grande! Revestido de majestade e de esplendor, envolto em luz como num manto. Tu estendes o céu como uma tenda, constróis sobre as águas tuas moradas, fazes das nuvens teu carro, andas sobre as asas do vento; fazes dos ventos teus mensageiros, das chamas de fogo teus ministros. Firma-te a terra sobre suas bases, para ficar imóvel pelos séculos eternos. Com o abismo a envolveste como num manto, as águas cobriram as montanhas. À tua ameaça fugiram, ao fragor do teu trovão tremeram. Sobem os montes, descem os vales ao lugar que lhes determinaste. Para as águas marcaste um limite intransponível, para não tornarem a cobrir a terra. Fazes brotar as fontes nos vales e escorrem entre os montes; dão de beber a todas as feras do campo e os asnos selvagens matam a sua sede. A seus lados moram as aves do céu, cantam entre as ramagens. De tuas altas montanhas irrigas os montes, com o fruto das tuas obras sacias a terra. Fazes crescer o feno para o gado, e a erva útil ao homem, para que tire da terra o seu pão: o vinho que alegra o coração do homem, o óleo que realça o brilho do rosto e o pão que sustenta o seu vigor. Saciam-se as árvores do Senhor, os cedros do Líbano que ele plantou. Lá os pássaros fazem ninhos e a cegonha no seu topo tem sua casa. Para as cabras são as altas montanhas, as rochas são refúgio para os roedores. Para marcar as estações fizeste a lua e o sol que conhece o seu ocaso. Estendes as trevas e chega a noite e vagueiam todas as feras da floresta; rugem os leõezinhos em busca da presa e pedem a Deus seu alimento. Quando fazes o sol nascer, se retiram e se escondem nas suas tocas. Então sai o homem para o trabalho, para sua fadiga até a tarde. Como são numerosas, Senhor, tuas obras! Tudo fizeste com sabedoria, a terra está cheia das tuas criaturas. Eis o mar, espaçoso e vasto: nele há répteis sem número, animais pequenos e grandes. Percorrem-no os navios, e o Leviatã que formaste para com ele brincar. Todos de ti esperam que a seu tempo lhes dês o alimento. Tu lhes forneces e eles o recolhem, abres a tua mão e saciam-se de bens. Se escondes teu rosto, desfalecem, se a respiração lhes tiras, morrem e voltam ao pó. Mandas teu espírito, são criados, e assim renovas a face da terra. A glória do Senhor seja para sempre, alegre-se o Senhor com suas obras. Ele olha a terra e fá-la saltar, toca os montes e fumegam. Quero cantar ao Senhor enquanto eu viver, cantar ao meu Deus enquanto eu existir. Seja-lhe grato o meu poema; a minha alegria está no Senhor. Desapareçam da terra os pecadores e não existam mais os ímpios. Bendize o Senhor, minha alma!"