Bom dia, meu nome é Leonardo Mendes Júnior e este é o “Bom Dia”. Pretendo usar este espaço para para apresentar as notícias que definem os rumos do Brasil.
Não entendeu a abertura? Henrique Meirelles e eu vamos explicar e depois você volta para cá, ok?
O dia 2 do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE foi novamente protagonizado por indiretas entre o presidente do Tribunal, Gilmar Mendes, e o relator Herman Benjamin. As quatro horas de sessão tiveram todo o tipo de referências: inferninhos (exatamente o que você está pensando), ocultismo e música de Lupicínio Rodrigues (mas não era o hino do Grêmio).
Napoleão Nunes Maia despontou como aquele ator coadjuvante que ofusca os protagonistas e leva a estatueta. Após a sessão de terça à noite, apostava-se nele como o juiz que paralisaria o processo com um pedido de vistas. Ontem, ele posicionou-se claramente contrário à inclusão da delação da Odebrecht no rol de provas. Nunes Maia aparece em outra delação, da JBS.
A toga mais poderosa de Brasília, contudo, é a de Gilmar Mendes. O presidente do TSE dita o ritmo do julgamento na Justiça eleitoral. O ministro deu mostrar de que pretende acelerá-lo; marcou sessões para hoje, amanhã e sábado. A velocidade é aliada de Temer. Reduz o tempo para o surgimento de novos escândalos ou informações comprometedoras - como uma carona antes negada no avião de Joesley Batista. E Mendes também está no Supremo, onde Temer será julgado pelo escândalo da JBS.
André Gonçalves traz o melhor resumo do julgamento da chapa Dilma-Temer: uma ação em que o autor (o PSDB de Aécio Neves) não faz questão de ganhar e um dos réus (Dilma Rousseff) acha uma boa ideia perder.
Tuiteiro
Na raia paralela, Henrique Meirelles viu que pode ser muito mais do que um excelente ministro da Fazenda. Ele criou uma conta no Twitter para se aproximar do cidadão comum - e pavimentar uma eventual chegada à presidência; por via indireta (agora) ou direta (em 2018). Eis o primeiro tuíte:
Boa tarde, meu nome é Henrique Meirelles e este é o meu perfil no Twitter. Pretendo usar este espaço para debater os rumos do Brasil.
— Henrique Meirelles (@meirelles) 7 de junho de 2017
Rapidamente, Meirelles aprendeu a primeira lição da rede: a internet não perdoa, cria memes.
(Veio aqui para entender a abertura do Bom Dia? Aqui o caminho de volta para o início do texto. Caso contrário, senta que lá vem mais história)
Se nada der certo...
Essa é uma das frases mais comentadas da semana no Brasil. O Galindo explicou segunda-feira no Caixa Zero a festa do recreio de uma turma de pré-vestibulandos gaúchos, fantasiados de trabalhadores braçais.
Maurício Brum mora em Porto Alegre e ouviu as psicólogas das duas escolas envolvidas na festa “Se nada der certo”: o Instituto Evangélico de Novo Hamburgo, onde ocorreu o caso da semana passada, e o Marista Champagnat, de Porto Alegre, que fez a festa sem grande alarde em 2015, mas acabou tragado pela repercussão do episódio mais recente.
A professora Conceição Paludo, da Federal do Rio Grande do Sul, diz que o episódio fala mais de nós mesmos do que somente dos estudantes:
A atividade realizada pelos jovens mostra, sem cinismo, as relações que objetivamente existem na sociedade. Essas profissões são de pessoas com baixa escolaridade e objetivamente não são valorizadas.
Uma das atividades retratadas na festa juvenil é a de atendente do McDonald’s. Jéssica Maes mostra que “não dar certo” pode resultar em salário de até R$ 12 mil bancado por Big Macs e casquinhas mistas. Nada mal...
Tem que dar certo
Em nosso editorial de hoje, falamos da reforma trabalhista, que venceu a mais dura comissão do Senado e caminha para aprovação. O grande mérito do texto? Criar um sistema baseado na flexibilidade e livre negociação.
A reforma trabalhista reconhece que o mundo já não funciona apenas no esquema de “horário comercial, das nove às seis” e procura modernizar a legislação trabalhista para que contemple todas essas novas realidades do exercício profissional.
Fernanda Trisotto, nossa especialista em reformas, toca na ferida exposta pela estagnação da reforma Previdenciária: quanto mais ela demorar, mais radical terá de ser. A não ser que queiramos ser uma Grécia tropical?
Ricardo Amorim aborda os dois fatores determinantes para o futuro da economia: a viabilidade política do governo e o andamento das reformas. Aperte o play...
A Grã-Bretanha vota
Os britânicos vão às urnas hoje para compor o novo Parlamento - na prática, um referendo à primeira-ministra Theresa May. Peço licença para deixar a modéstia de lado e recomendar os três melhores textos para entender o que está em jogo. Todos estão na Gazeta do Povo.
Filipe G. Martins indica que a falta de opções deve levar May a construir uma maioria suficientemente sólida no Parlamento para mantê-la em Downing Street.
Bruno Garschagen recorre às pesquisas e às análises da imprensa britânica para mostrar como Theresa May quase conseguiu perder para si mesma uma eleição ganha.
No Brexit, a escolha dos britânicos por sair era considerada improvável até as urnas indicarem pela saída. E se o fenômeno se repetir agora, com uma maioria trabalhista no Parlamento que transforme Jeremy Corbin em primeiro-ministro, o que será do Brexit e da União Europeia? Maurício Brum explica.
Uma questão determinante para o resultado da eleição é a sombra do terrorismo encorpada pelos atentados de sábado. Carlos Ramalhete escreve sobre o que a saga de Roy Larner, o hooligan de meia-idade do Milwall que encarou três terroristas de mãos limpas, diz sobre a juventude atual. Rodrigo Constantino descreve o grande dilema do Ocidente: “beijar a cruz” ou aceitar a Submissão?
Do Washington Post, o caso de um jovem americano que saiu do sofá da casa dos pais para se juntar ao Estado Islâmico, se arrependeu e agora responde a processo por terrorismo.
As nossas violências
Guido Orgis lista cinco fatos chocantes sobre a violência no Brasil.
A procuradoria da Câmara dos Deputados pediu à Polícia Federal que investigue o humorista Danilo Gentili pelo vídeo feito contra a deputada Maria do Rosário.
No Paraná...
... A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deu sinal verde para a destinação de R$ 2 bilhões em reajuste a servidores do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Defensoria Pública e Ministério Público.
... As estatais do Paraná estão com 16 vagas abertas em seus conselhos. Reflexo direto da leia das estatais.
... Gleisi Hoffmann montou um time pesado de testemunhas para sua defesa no STF, onde é investigada pela Lava Jato: Lula, Dilma e Roberto Requião.
Em Curitiba...
... Preparem japona, gorro e polainas. Curitiba terá 0° C no fim de semana.
... Uma padaria de Curitiba está vendendo pão com farinha “importada de Irati”. Flávia Schiochet conta essa esperta estratégia de marketing.
... O Coritiba venceu o Palmeiras por a 1 a 0 e assumiu a vice-liderança do Brasileirão - confira a classificação. O gol foi de Matheus “GalZidane”.
Para fechar a conta e passar a régua, o advogado Paulino Mello Júnior traz ótimos argumentos para a extinção do IPVA. Isso mesmo: ex-tin-ção-do-I-P-V-A.
Depois dessa, só me resta desejar uma ótima quinta-feira. E prometer voltar amanhã com menos memes.
Este resumo é publicado de segunda a sexta-feira, sempre às 6 horas, e atualizado ao longo da manhã. Também é enviado por notificação para quem tem o aplicativo da Gazeta do Povo no celular (Android ou iOS).
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