Há aqueles que defendam a ideia de que a Língua Portuguesa é a mais difícil de ser aprendida e apreendida, porém, colocarmo-nos atrás deste pretexto e então justificarmos nossos equívocos não só é lamentável como é inaceitável.
Antes que se fale em preconceito linguístico, esclareço que não há nada de desrespeitoso em querer utilizar o seu idioma materno de forma adequada. Historicamente, sabe-se que o meio em que se vive é um grande influenciador da fala e consequentemente a fala a influenciadora da escrita. Nessa conexão, ainda posso citar a leitura como um eixo influenciador. Dizem por aí que quem lê mais fala e escreve melhor. Eis aqui um dos nossos problemas. O que estamos lendo para que a Língua Portuguesa tenha caído em uma vulgarização tão absurda? Não estou aqui para enaltecer os grandes nomes da Literatura Brasileira, mas sim para dizer que estamos lendo o errado. Fazemos isso a todo momento: nos outdoors, nos supermercados, nos slogans, nas camisetas, na internet (também conhecida como a vilã da escrita). Todos esses equívocos saltando aos olhos contribuem para a internalização dos erros e propagação dos mesmos, colocando-nos em dúvida sobre grafias simples. Não se trata da evolução da língua, mas sim de seu retrocesso. Aliás, o substantivo evolução seria contraditório nesse contexto.
Expressar-se bem e de maneira clara e objetiva não requer utilizar-se de palavras difíceis ou raras, basta colocá-las corretamente. Vimos, recentemente, quão vexatório foi o resultado das redações no Enem. Obviamente que nem todos os problemas giraram em torno das grafias, incluem-se ali os quesitos interpretação e desenvolvimento. Mas se o idioma é a raiz da fala, leitura e escrita, uma vez que se tem a falha no princípio, matematicamente pode-se dizer que chegará até o final do processo.
Não é vergonhoso dizer que não se sabe. O que é vergonhoso é a não aceitação desse não saber e sentir-se acomodado com a situação. Pode parecer que não, porém as pessoas percebem como você se comunica. Seja na procura de um emprego ou na oferta de um serviço. A linguagem pode tanto incluí-lo como excluí-lo de um determinado grupo. Ela é um dos seus cartões de visita. Recordo-me de um filme a que assisti há muitos anos: My Fair Lady,o qual elucida muito bem qual o poder da linguagem dentro da sociedade. E, querendo ou não, é nela em que estamos incluídos e vivenciamos todos os dias. Cabe a nós retirarmos o que nos encobre e encararmos a realidade.
Wemerson Damasio, professor, é especialista em Metodologia de Ensino.
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