Neste ano, minha filha Valentina comemorará 20 anos e praticamente passaria ilesa ao fenômeno da inflação se Lula e os petistas não tivessem se esforçado – e muito – para ressuscitá-lo. E, depois, fabricado outro fenômeno, também conhecido como "poste", que governou o país de 2011 a 2014 e que continuará à frente da administração federal até 2018. Valentina só teria conhecido a força do Plano Real, a mais ampla medida econômica realizada no país e que tinha o objetivo principal de sufocar a hiperinflação e colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento (o que os petistas não engolem).

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Talvez ela possa, sim, desconhecer esse desastre da economia se Dilma Rousseff honrar sua palavra e não interferir na equipe econômica cujos conceitos os petistas amaldiçoavam e que a presidente escolheu para tirar o Brasil do buraco onde o havia enfiado.

O PT destruiu o sonho dos brasileiros que já viam ser desenhado um país forte, inserido no mercado internacional, respeitado, com crescimento sustentável e melhores condições para as pessoas. Após as gestões petistas, o país estava quebrado, econômica e moralmente (as distorções foram acumuladas desde Lula e pioradas com Dilma), com o desastre do não crescimento que evoluiu durante anos sob o regime desse partido, inflação superando a meta estabelecida, recuo da economia e aumentos que foram demagogicamente adiados em tarifas represadas, mas que estão aparecendo e ainda aparecerão – energia elétrica, combustível, transportes públicos etc. –, para piorar ainda mais a vida do brasileiro. Não há milagres em economia. O ministro Joaquim Levy, da Fazenda, sabe muito bem disso. E Dilma deveria sabê-lo.

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A inflação acumulada, mesmo com remendos e disfarces, encerrou 2014 quase no teto da meta estabelecida. Mas, com os preços pressionados, aumento de juros, crédito escasso, reajuste de tributos, queda em novos empregos, demissões, recessão industrial (queda de 5,8% em 2014), desconfiança, indexação etc., promete novos lances de suspense. Os preços só estarão submissos se os brasileiros adaptarem seus orçamentos a impostos mais altos nas três esferas de governo e à convivência diária, nem sempre prazerosa, com a inflação. Resta ao governo, segundo o ministro Joaquim Levy, reduzir drasticamente seus gastos, o que sempre é uma tarefa proclamada. E adiada. Aliás, Levy já anunciou para breve um pacote de maldades.

Alguns analistas dizem que Dilma praticou um verdadeiro estelionato eleitoral ao fazer tudo o que tinha dito na campanha que não faria, justamente aquilo que ela acusava os adversários de realizar se fossem eleitos. Ela tem o dom de anunciar o bem e fazer o mal. Outros, como a senadora e ex-ministra Marta Suplicy, lulista de carteirinha e oportunista de sempre, "descobre a roda" de forma publicitária, como ensina seu chefe. Segundo ela, houve incoerência de Dilma, cuja "política econômica foi um fracasso", ao conduzir o país de 2011 a 2014. Ela poderia citar, entre dezenas de índices: após 13 anos de balança positiva, o país fechou 2014 com um déficit de R$ 3,9 bilhões. As incoerências não param por aí.

O buraco é mais embaixo. Em relação à economia, fica aparentemente evidente: ou a presidente respeita a independência da atual equipe econômica ou dança a dança da hora – fracasso dos ideólogos petistas e, claro, corrosão da sua incoerência econômica. O buraco é mais embaixo ao se entender a política de forma um pouco mais sofisticada (e muito simples): o PT precisa se despir de seu gene de autoritarismo, obcecado pelo projeto de poder, manchado e sustentado pela corrupção, ou agravará ainda mais a situação do país. E aí também o buraco é mais embaixo.

Claudio Slaviero, empresário, é ex-presidente da Associação Comercial do Paraná e autor do livro A vergonha nossa de cada dia.

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