• Carregando...

Em 7 de agosto, fomos recebidos em Brasília pelo presidente do Inep – órgão do MEC responsável por toda a logística do Enem –, Luiz Cláudio Costa para uma reunião de interlocução altamente técnica e que nos deixou esperançosos. Toda a sociedade anseia por um Enem sem problemas, após as trapalhadas ocorridas por motivos torpes, desonestidade de fraudadores e – até onde a vista alcança – por incúria de uma parte dos gestores.

Coordenamos uma equipe multidisciplinar de 11 professores, tendo como premissa básica serem educadores – sem qualquer interesse subjacente que não fosse o de contribuir por uma boa causa. Educadores caldeados na frágua da intensa convivência com alunos de escolas públicas e privadas, vários deles mestres, doutores e autores de material didático. E, de modo resumido, essas foram as observações feitas ao Inep (a íntegra está no site www.sinepepr.org.br):

Há excesso de contextualização, o que alonga o enunciado e deixa a sensação de um exa­­me demasiadamente extenso. Na área de­­ Ciências Exatas, em especial, há contextualizações forçadas e há demasia de aritmética (continhas), tangenciando apenas con­­teúdos mais profundos e de raciocínio lógico.

As 180 questões objetivas das quatro áreas do conhecimento valem apenas 50% da prova. Na outra metade, reina absoluta a redação. Até hoje, não houve nenhuma explicação para esse peso excessivo. A sugestão da equipe multidisciplinar é que as quatro provas valham 20% cada uma, mesmo valor que seria atribuído à redação.

O conteúdo programático está genérico demais; merece ser mais bem especificado e não tão abrangente. A grade curricular deve ser reduzida em 20% a 30%. Há penduricalhos desnecessários. Nenhum educador sério pretende fazer que o aluno do ensino médio estude menos, mas que empregue honestamente o seu tempo, preparando-se bem para as elevadas exigências futuras.

Tem-se como premissa que o tempo é insuficiente: 3 minutos, em média, para a resolução de cada questão. Julgamos que o número de 180 questões está adequado, pois diminuí-las compromete a abrangência e aumentar o tempo da prova levará o candidato à exaustão. A solução é reduzir parte dos enunciados desnecessariamente longuíssimos, e que o MEC assuma e divulgue amplamente que a administração do tempo é uma das habilidades exigidas.

Somos favoráveis à consolidação do Enem e à adoção de um currículo unificado para o ingresso nas universidades. Para este mister, que se contemplem doutores e mestres de nossas universidades, mas também professores do ensino médio, que diariamente honram o tablado de nossas salas de aula – os metros quadrados mais nobres da escola.

Ao término da reunião, o presidente do Inep anuiu que é necessário levar mais informações e melhor capacitar os professores das escolas; minha experiência pessoal reforça essa percepção, e na reunião relatei que, ao palestrar para oito escolas públicas da periferia de Curitiba, vi que os alunos estão minimamente instruídos não apenas sobre o Enem, mas também sobre o Prouni, o Sisu, o Fies e as cotas.

Os erros do passado permitem um doloroso aprendizado. O encontro – que, por ser o primeiro em toda­­ a existência do Inep, já diz muito – deu a sensação de que o Inep está ca­­minhando na direção certa. Há 5,8 milhões de candidatos inscritos pa­­ra o Enem 2012 que, além da esperança num futuro melhor, também carregam o fardo da incerteza­­ e da insegurança. É preciso removê-lo.

Jacir J. Venturi é vice-presidente do Sinepe/PR.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]