Não querendo ser ave de mau agouro, mas 2015 se promete difícil. A sensação é de que o mundo vai escorregando por uma ribanceira. Há um fato que talvez nada tenha a ver com presságios ruins, mas me causa estranheza: os sabiás de minha rua quase não cantam nas madrugas deste começo de ano calorento como poucos. Um trinado ou outro, aqui e acolá, de quando em quando, e fica nisso. Uma hipótese a explicar o fenômeno seria a de que teriam, por algum motivo, migrado para outras paragens, para outros bairros, e estariam cantando por lá. Mas é pouco provável. Minha rua ainda é boa para os pássaros, repleta de árvores e calma na maior parte do dia, de modo que não teriam razão para ir embora. Então, por que o silêncio? É de pensar, não é mesmo? Dizem que os animais pressentem as coisas...

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Tempos estranhos, eis o caso.

Vejam o Brasil. O quadro é sombrio. Vamos seguindo com nossas surradas esperanças, mas a realidade é desanimadora. O governo Dilma começa a fazer o que disse que não faria. Enganou os ingênuos, e são tantos! As medidas duras na economia – infelizmente necessárias, mas que ela assegurou que não as tomaria – estão chegando. E necessárias porque Dilma Rousseff e sua trupe mambembe esculhambaram a casa, sem falar na corrupção desbragada. Governou irresponsavelmente por quatro anos e a fatura agora se apresenta. Como sempre acontece. Economia é feito a vida: não perdoa os desacertos. Um dia, tem-se de fechar a conta, de um modo ou outro.

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Falei em velhas esperanças e eis uma delas: quem sabe agora os nossos corruptos – empresários e políticos – comecem a ser enquadrados pela Justiça. É o que se espera da Operação Lava Jato, mas vamos com calma. Brasil é Brasil, desde 1500, de modo que tenhamos parcimônia nas expectativas. Se a água suja não engolfar a presidente e o ex-presidente Lula (no traseiro deles já chegou), e outros figurões da política brasileira, nada terá mudado e a casa da mãe Joana seguirá de portas abertas – até quando, só Deus sabe.

Pulo para o mundo lá fora. Está enlouquecido. A humanidade não aprende e não nos iludamos quanto a isso. O Oriente Médio continuará a ser o estopim da bomba. Temos agora o Estado Islâmico, novo braço do radicalismo religioso insano, crudelíssimo e criminoso. Não é novidade. Em nome de alguma religião, ou contra alguma delas, já matamos muito e com crueldade semelhante ao longo da história. Continuaremos a fazê-lo. Somos a criação que não deu certo.

Não bastassem os desacertos dos homens, também a natureza cansou-se de suportar nossos desvarios e agressões. Como alertam os especialistas, a mudança de clima da Terra deixou de ser possibilidade – já está acontecendo e os resultados começam a ser colhidos. Secas inclementes de um lado e enchentes de outro. O quadro apocalíptico clama por medidas urgentes para conter a devastação e poluição do planeta, mas é demorado reverter a marcha dessa imensa nave. Que preço pagaremos?

Dia desses, comecei a ver uma série feita para a televisão, ambientada nos Estados Unidos do começo dos anos 1960. Ah, que tempos! Não foram róseos como a nostalgia sugere, mas, evocados ante a realidade de hoje, me fazem suspirar de saudade.

Pois é. As coisas estão de tal jeito desarranjadas que, diante dos que morrem, serve de algum consolo supor que talvez eles estejam sendo poupados de tempos ainda mais duros e insensatos.

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