Bom dia!
Brasília não dorme à procura de um nome de consenso para substituir Michel Temer na presidência, pela via constitucional da eleição indireta, caso o peemedebista caia. O ex-ministro do Supremo Nelson Jobim desponta como favorito a vestir a faixa até 2018 e Fernando Martins enumera os motivos para isso.
Na lista de predicados, o trânsito livre entre os três maiores partidos do País (PMDB, PT e PSDB); ressalvas a métodos da Operação Lava Jato (música para os ouvidos de um Congresso predominantemente investigado); boa aceitação do mercado financeiro (é sócio do BTG Pactual) e a concordância com a necessidade de reformas na Previdência, nas relações trabalhistas e no sistema político nacional. Só falta combinar com os russos.
Da manifestação ao terrorismo
Uma manifestação organizada por centrais sindicais contra o governo Temer mergulhou Brasília no caos. Mascarados depredaram prédios públicos na Esplanada dos Ministérios. Nas sedes da Agricultura e da Fazenda, causaram incêndios. Na Cultura, arremessaram documentos pela janela. Por onde passaram, quebraram vidros e soltaram bombas. “São terroristas, não manifestantes”, sintetizou Rodrigo Constantino.
O saldo foi de 49 feridos e sete detidos. Ao ver prédios públicos em chamas, Temer decidiu acionar as Forças Armadas por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Serão 1.300 oficiais do Exército e 200 da Marinha nas ruas de Brasília até 31 de maio.
A GLO se baseia em lei de 1999 e é utilizada com relativa frequência, para atender crises de segurança pública e grandes eventos internacionais, e só pode ser ativada pelo presidente da República. Com este escopo, foi acionada para atender de visita do papa na Jornada Mundial da Juventude ao colapso causado pela paralisação da polícia do Espírito Santo. A novidade, no caso de Temer, é o uso das Forças Armadas para conter protestos contra a própria presidência.
Em nosso editorial, mostramos como o vandalismo em Brasília - e episódios similares como a invasão da Câmara de Vereadores de Curitiba, na segunda-feira (22) - é reflexo de algo maior.
Em um círculo vicioso, o naufrágio da cultura democrática alimenta e é alimentado pela impunidade não apenas de operadores de caixa 2, mensalões e petrolões, mas também dos autoritários que promovem a pancadaria selvagem, dos que agridem o funcionamento das instituições, dos que promovem e justificam a agressão aos direitos dos demais.
Governo em baixa, oposição em alta. Ao menos é assim nas redes sociais, como indica o Ranking de Influenciadores Políticos. No balanço dos sete últimos dias, Lindbergh Farias (PT-RJ) subiu para o terceiro lugar, graças ao posto de relator da PEC das eleições diretas. A campanha pelas diretas pôs Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em quarto e Alessandro Molon (Rede-RJ). Em primeiro e segundo, os imbatíveis Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e João Dória (PSDB-SP).
Crise econômica sem precedentes, desemprego, governo sem sustentação política. O cenário vivido pelo Brasil de hoje é o mesmo da Argentina em 2001. Os vizinhos tiveram quatro presidentes em duas semanas. Maurício Brum compara entre os dois cenários e analisa o risco de termos a faixa presidencial rodando em tal intensidade.
Quer saber se você deve clicar no link? Deixo para dois leitores responderem:
Por textos assim que sigo assinante. (Luciana Oncken)
Sugiro que o jornal publique mais artigos como este! (Murilo Odilon Nichele Scroccaro)
São eles que estão dizendo...
Agressão contra todos nós
Ainda repercute a divulgação de conversas telefônicas entre o jornalista Reinaldo Azevedo e Andréa Neves, interceptadas nas investigações da JBS. Uma violação do direito constitucional ao sigilo da fonte, como mostram Joana Neitsch e Renan Barbosa.
O advogado Renê Ariel Dotti escreveu que "a violação do sigilo da fonte anula a ampla possibilidade de acesso aos fatos de interesse geral, condição indispensável para uma democracia participativa”.
Renan entrevistou Reinaldo Azevedo. O jornalista, que pediu demissão de Veja pelo episódio, definiu como “coisa de bandido” a revelação da conversa. “A reação de solidariedade das pessoas, unindo todo mundo, todo o espectro ideológico, essas pessoas perceberam que não é uma agressão a mim, mas é uma agressão a uma garantia constitucional”, afirmou.
Livres, sim. Libertinos, não
Alfredo Kaefer está de saída do PSL. O deputado federal paranaense criticou duramente, a Catarina Scortecci, a ascensão do Livres, corrente ultra-liberal que tem ocupado cada vez mais espaço na legenda.
O Livres é uma mistura de liberdade com libertinagem. Eles defendem liberdade de aborto, descriminalização total de drogas, eutanásia. Isso não cabe dentro do meu receituário. Sou liberal na economia, um democrata na política e sou conservador nos costumes, a gente preserva a família, é a nossa cultura
Terror dirigido
A escolha de um show de Ariana Grande como alvo do ataque terrorista de Manchester, na terça-feira, pode não ter sido aleatória. A cantora exalta o poder feminino e faz coreografias provocantes, comportamentos inadmissível para o islã. “A ideologia islamista vem usando há muito tempo o ódio contra mulheres como um ponto de partida para condenar a sociedade ocidental como imoral e decadente”, escreve James Macauley, do Washington Post.
O que o bitcoin tem?
Os ataques recentes com o vírus Wanna Cry trouxeram o bitcoin para o centro do noticiário, o que resultou em um espanto geral. A moeda virtual valoriza mais do que qualquer outro índice. Quem trocou US$ 25 na moeda em 2010 hoje tem quase US$ 24 milhões. Por quê?
Se você é daqueles que desconfia “dessas coisas da internet que não dá para pegar na mão”, uma escolha bem mais segura é o Tesouro Direto. Teco Medina mostra como o caos em Brasília abriu a porta para essa modalidade de investimento garantir rendimento significativo - e sem risco - até 2023. É 11,5% ao ano! E o governo está fazendo leilões extras do Tesouro Direto.
Sinta o sabor do primeiro lugar
A consultoria Kantar Worldpanel divulgou a edição 2017 do estudo Brand Footprint Report, que indica as marcas mais admiradas do mundo pelos consumidores. Deu Coca-Cola na cabeça.
Esse é Friboi!
Ao todo, 26 paranaenses estão na lista da delação da JBS. Fauna completa que conta com o governador Beto Richa, os senadores Gleisi Hoffmann e Roberto Requião, os ministros Osmar Serraglio e Ricardo Barros, entre outros. Rosana Felix conta quanto cada um recebeu.
Flavio Quintela escreve que, com o escândalo JBS, não é exagero nenhum dizer que o Brasil se tornou uma cleptocracia.
Sem Valor
O governo do Paraná anunciou uma série de sanções à construtora Valor, envolvida no desvio de R$ 54 milhões apurado pela Operação Quadro Negro. A pena vai de multa de R$ 2,1 milhões a cinco anos de proibição a participar de contratos públicos. Medida corretíssima para um desvio grave, embora, em tempos de JBS, com valores que nem chegam mais a chocar.
Noite tricolor
Maior público do ano, arrecadação superior a R$ 500 mil e vitória sobre um dos maiores elencos do país. A torcida do Paraná viveu uma noite mágica ontem, no Couto Pereira, com a vitória por 3 a 2 sobre o Atlético-MG, pela Copa do Brasil. Guilherme Biteco fez dois gols.
Gazeta de ouvir
Seus dados estão seguros no computador do escritório? Essa dúvida da vida moderna é o tema do podcast de Nova Economia, com o editor Rodrigo Ghedin, o country manager da Avast, André Munhoz, e Gabriel Aleixo, pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio).
Este resumo é publicado de segunda a sexta-feira, sempre às 6 horas, e atualizado ao longo da manhã. Também é enviado por notificação para quem tem o aplicativo da Gazeta do Povo no celular (Android ou iOS).
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