Dada sua complexidade e relevância para a sociedade, os hospitais são grandes centros de despesas na saúde e podem chegar, segundo estudo do Banco Mundial, a concentrar 50% do orçamento deste setor de um país. Embora as instituições hospitalares sejam o núcleo central da atenção à saúde, falta à sociedade brasileira um maior entendimento de que os hospitais privados, a exemplo dos grandes centros internacionais, são instituições de altíssima complexidade, sob todos os aspectos que possam ser analisados: desde a sua estrutura física, como de gestão, capacitações, procedimentos, logística, comprometimento com a saúde, com a qualidade no tratamento e o bem-estar de seus pacientes.
Ainda precisamos ampliar a compreensão de que a governança hospitalar supera a de qualquer outra atividade econômica, exigindo um esforço estratégico, financeiro e tecnológico altíssimo. Exige, por exemplo, investimento constante na ampliação das instalações, adaptação dos serviços, incluindo estrutura física e capacitação das equipes, bem como aquisição de novas tecnologias, com vistas a atender as demandas atuais e se preparar para as exigências futuras.
Além de lidarmos com a complexidade do setor, vivemos um momento de adaptações necessárias e urgentes diante de um cenário que vem ganhando novos contornos. Três pontos nos chamam a atenção: o aumento da renda do brasileiro, que ampliou o acesso aos serviços de saúde; o crescimento do número de usuários das operadoras e o envelhecimento da população.
Estudo realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) mostra que o crescimento de 4,1% no número de beneficiários de planos de saúde implica na necessidade de criação de 23,2 mil novos leitos. Isso significa investimentos superiores a R$ 7,3 bilhões.
Além do maior volume de usuários, houve uma significativa mudança no perfil epidemiológico dos pacientes. Hoje, com expectativa de vida de 73 anos, o brasileiro se encontra mais propenso às doenças senis e crônicas. Para as faixas etárias acima de 75 anos a permanência em hospitais é superior a 10 dias. A gestão da assistência e a atividade hospitalar precisam acompanhar essas mudanças.
Estamos abertos à discussão e ao novo olhar da sociedade e dos agentes públicos para o setor. Acreditamos que a coexistência de instituições públicas e privadas não é contraditória, e sim necessária para um novo modelo hospitalar competente, focado no cidadão e em suas necessidades de saúde com acesso garantido com cuidados de qualidade e em comunhão entre a assistência primária e a assistência hospitalar.
Há muito a se fazer ainda em nosso país para a construção de um sistema hospitalar que possa contribuir efetivamente para o fortalecimento e a integração de toda a cadeia da saúde, mantendo os hospitais à frente do importante desafio que o País tem para expandir e melhorar a assistência oferecida à população nos próximos anos.
Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).
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