Do meio das estações de ski das Montanhas Catskill, há uma hora de Nova Iorque, emana, de um pequeno local, um som quase mágico. Trata-se do estúdio de gravação da banda Mercury Rev, que fecha o Curitiba Rock Festival, no próximo domingo, 25. É lá que Jonathan Donahue (vocais, violão e guitarra), Grasshopper (guitarra), Jeff Mercel (teclados e bateria) e Dave Fridmann (produtor e baixista) criam as intensas e, por vezes, fragmentadas melodias que, até hoje, já compuseram seis álbuns, em mais de 20 anos de uma trajetória para lá de conturbada.

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A banda, que já passou por mudanças de formação e períodos financeiramente inviáveis, vive, atualmente, uma de suas melhores fases com o lançamento do ótimo CD The Secret Migration. Apesar dos esparsos períodos de tempo que os separam – o Mercury Rev demora, em média, três anos para lançar um novo álbum, os três mais recentes registros do grupo, Deserter’s Songs (1998), All Is Dream (2001) e o recém-lançado disco, serviram para consolidar o grupo entre os expoentes do rock norte-americano de vertentes experimentais. Fama que, há muito tempo, já chegou aos ouvidos brasileiros. "Volta e meia recebemos e-mails de pessoas perguntando ‘Quando vocês virão tocar no Brasil’? "Estamos ansiosos, pois queríamos ir à América do Sul há alguns anos. Demorou, mas ficamos muito felizes." Demorou bastante, mas nós finalmente estamos indo", celebra Jeff Mercel, que assume os teclados da banda durante a turnê.

Sonoridades

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Para recriar no palco os estonteantes efeitos e orquestrações de suas canções, o Mercury Rev traz sua formação clássica à única apresentação na América Latina. Donahue, Mercel e Grasshopper – Dave Fridmann participa da banda apenas em estúdio – se apresentam com a ajuda do baixista Carlos Anthony Molina e do baterista Jason Miranda. No repertório, músicas dos três mais recentes trabalhos, além de possíveis surpresas para os fãs que acompanham o grupo há mais tempo. "Nós temos tocado, na maioria dos shows, músicas dos três últimos álbuns, mas estamos começando a trabalhar cada vez mais em canções de See You on the Other Side (1995), que não tocamos há muito tempo, mas nada muito antes disso. Quem sabe até o dia do show teremos ensaiado algumas dessas mais antigas, esperamos que sim", torce Mercel.

Contrariando o histórico de lançamentos a cada três anos, o tecladista revelou, em primeira mão, que a banda deve entrar em estúdio para a gravação do próximo álbum ainda este ano, mais especificamente, no inverno americano. "Estamos mudando o estúdio de endereço, para o outro lado da rua, e temos de deixar tudo pronto para começarmos a gravar. A partir daí, não tenho como dizer a você quanto tempo irá demorar para terminarmos (risos), mas queremos começar logo", adianta, prevendo que a viagem ao Brasil servirá como uma grande fonte de inspiração. "Tenho essa intuição", brinca. (JG)