O número de pessoas com menos de 60 anos que morreram por Covid-19 no Paraná foi crescendo desde o fim do ano passado e chegou ao ápice de 1.138 óbitos registrados somente entre os dias 1º e 24 de março. Isso representa 30,28% do total de mortes ocorridas num período de pouco mais de três semanas.
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Em 2020, foram registradas 1.858 vítimas nessa faixa etária — 23,48% do total de mortes. A média atualizada, desde o início da pandemia, subiu para 24,92% do total, com 3.823 óbitos de pessoas com menos de 60 anos acumulados até meados de março.
Na comparação de 2020 com o primeiro trimestre de 2021, em termos relativos a Covid-19 matou, por dia, 3,6 vezes mais pessoas com menos de 60 anos neste segundo ano da pandemia. O levantamento dos dados foi feito com base nos boletins divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde.
Embora os números assustem, o médico infectologista Bernardo de Almeida ressalta que variações são comuns. “O dado atual tem precedentes. Já chegamos a atingir valores semelhantes de 30% e até 40% entre os menores de 60 anos em outras ocasiões. Essas flutuações acontecem muito pela dinâmica epidemiológica mesmo”, explica.
Segundo o especialista, alguns fatores precisam ser lembrados:
- O vírus depende da mobilidade e da maior interação entre as pessoas para sobreviver.
- Indivíduos com menos de 60 anos tendem a ser mais ativos e precisam sair para trabalhar, em comparação aos acima desta idade, que em geral estão aposentados e podem ficar em isolamento.
Quando há um aumento no número de casos, como ocorre no Paraná atualmente, pessoas mais expostas tendem a se infectar mais e isso acaba se refletindo nas internações e nos óbitos. “Ainda que não seja tão comum uma pessoa jovem internar e evoluir a óbito, como há um aumento grande no número de casos, isso acaba ficando mais frequente”, explica Almeida, que faz parte do Serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas da UFPR. Além disso, o perfil geral da doença não mudou. As principais vítimas ainda são os idosos.
Variante não é única responsável pela mudança do perfil dos internados
Existem indícios que a variante P.1 — identificada primeiro em Manaus — possa levar a uma maior gravidade da Covid-19, e essa é a cepa em 70% das amostras identificadas no estado. Mas não é isso que explica, em princípio, a mudança no perfil dos internamentos e nos casos mais graves, segundo o infectologista.
De acordo com o especialista, os pesquisadores estão observando que as variantes mais agressivas, como a B.1.1.7 — identificada primeiro no Reino Unido —, aumentam a letalidade da doença entre pessoas que já eram mais acometidas, como idosos e pacientes com comorbidades. Mas não entre jovens. Se fosse culpa exclusiva da variante, não apenas jovens seriam afetados, mas todas as faixas etárias.
“O que explica esse padrão de faixa etária é a dinâmica epidemiológica. Além disso, o jovem tende a ficar internado por mais tempo, ele aguenta um quadro crítico por mais tempo do que um idoso, que evolui mais rápido a óbito. Isso passa a impressão para as equipes que têm mais jovens doentes, embora tenha, também, um aumento real”, destaca.
Até novembro de 2020, a pandemia havia acumulado no Paraná 1.455 mortes de pessoas abaixo dos 60 anos. Na passagem de novembro para dezembro houve um aumento de 403 vítimas e seguiu crescendo em janeiro (445), reduzindo em fevereiro (382), mas aumentando para 1.138 mortes registradas entre os dias 1º e 24 de março.
Em fevereiro, apesar da redução no dado bruto, em comparação ao número total de mortes por Covid-19 no mês, as pessoas até 60 anos representavam 23,46%.
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