Não demorou muito tempo para que os colegas já envolvidos com teatro no Colégio Estadual do Paraná no início da década de 1950 percebessem a predisposição natural do extrovertido Sinval Martins para o palco. Um dos berços da cena artística da época, a instituição de ensino também viu nascer a carreira de Sinval, que se tornaria ator de dezenas de peças, radionovelas e pioneiro das telenovelas paranaenses, além de publicitário e advogado. Ele faleceu no dia 9 de março, aos 87 anos, vítima de parada cardiorrespiratória.
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Até a chegada a Curitiba, ao Colégio Estadual e ao mergulho nas artes cênicas, Sinval passou por diferentes endereços. Nascido em Mar de Espanha (MG), mudou-se ainda nos cueiros com a família de sitiantes para o Norte Pioneiro. Cresceu em Santo Antônio da Platina (PR), onde revezava os estudos com trabalhos como o de engraxate, o melhor da cidade, segundo ele mesmo, e vendendo legumes, verduras e quitutes que a mãe fazia. Morou um ano em Jacarezinho antes de se mudar de vez para a capital, onde se formou advogado – profissão que não chegou a exercer para se dedicar totalmente à arte – e encenou quatro peças nos dois primeiros anos de uma frutífera trajetória.
Levado pelo ator Ary Fontoura, outro rebento do CEP, entrou para a Sociedade Paranaense de Teatro. Com ele, também fez parte do Teatro Experimental Guaíra e do Teatro de Comédia do Paraná, além de fundarem juntos o Teatro de Bolso, na Praça Rui Barbosa. Dos palcos migrou para os microfones. Marcou o rádio teatro paranaense estrelando dezenas de novelas em que a protagonista era a voz dos atores. Com o charme de seu tom grave, interpretava principalmente mocinhos, o que lhe rendeu o título de recordista de correspondência nas emissoras onde trabalhou, como Colombo e Rádio Clube Paranaense. Chegava a receber de 25 a 30 cartas por dia. Entre as histórias contadas nas ondas do rádio, estavam “O Direito de Nascer” e o clássico de Érico Veríssimo “Olhai os Lírios do Campo”.
Múltiplos talentos
Acompanhou os primeiros passos da TV no Paraná. Além de atuar, dirigia e produzia programas de teleteatro, shows, humorísticos e outras atrações. Produziu, dirigiu e atuou na primeira telenovela paranaense, chamada “A Última Carícia”, recorde de audiência. Porém, um de seus personagens mais lembrados com o passar dos anos foi em “É Proibido Sonhar”, com Barnabino, que exigia caracterização e maquiagem específicas, além de uma certa careta do ator para dar o toque final à figura.
Os mais de 60 anos dedicados à dramaturgia abrangeram um segmento pelo qual ele nutria muito carinho: o teatro infantil. Por mais de dez anos trabalhou em espetáculos para esse público, com adaptações de histórias tradicionais para crianças.
Fora dos holofotes, foi o homem da publicidade e do marketing das lojas de departamento Hermes Macedo, que chegou a ter 250 lojas no Paraná. Criou para a empresa o Natal das Lojas Hermes Macedo.
Todas as empreitadas artísticas em que se envolvia, ele realizava com amor e dedicação. “Ele tinha essa perseverança, gostava de dirigir, de atuar, de tudo que envolvesse teatro. E como na época que ele começou eram poucas pessoas que atuavam na área, ele fazia de tudo”, conta a filha, Patricia Silva Ferreira Martins. Ela também revela uma grande paixão do pai, além das novelas: o cinema. Estava sempre a par das indicações ao Oscar e tinha uma opinião sobre todos os últimos lançamentos.
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