O agravamento da pandemia do coronavírus no Paraná atingiu de maneira preocupante a confiança da indústria no estado. De acordo com o último levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o índice de confiança dos empresários caiu do patamar de 60 pontos nos meses de janeiro e fevereiro de 2021, para 54 pontos apenas nos primeiros quinze dias de março. Isso significa que o setor está menos otimista com relação ao ritmo da produção industrial. “E esse indicador ainda não pegou os efeitos do período atual, em que vigoram medidas ainda mais restritivas de circulação na maioria das cidades paranaenses”, explica o economista da Fiep, Evânio Felippe.
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Esse sinal de alerta é um reflexo da incerteza que assola toda a sociedade brasileira neste momento. De acordo com Evânio, apenas a vacinação em massa reverteria a tendência de inibição da política de investimentos da indústria. “A gente mede a confiança da indústria da seguinte forma. Índice acima de 50 pontos significa otimismo, abaixo pessimismo. Notamos uma queda nos primeiros 15 dias de março e ainda não podemos saber como o empresário vai se comportar daqui pra frente. Só o controle da pandemia com a vacinação em massa vai recuperar a confiança do empresariado”, afirma.
Indústria menos confiante é uma indústria que investe menos, com isso, setores como o de máquina e equipamentos acabam sofrendo ainda mais. Outro fator que interfere na confiança da indústria é o custo da atividade industrial. Com a alta no preço do dólar e aumento dos custos da matéria prima, causado pela escassez de produtos, a tendência é a indústria produzir menos. O economista explica que “quando falta matéria-prima, os fornecedores alongam os prazos de entrega dos produtos e, sem a certeza de que vão vender em ritmo acelerado, a indústria acaba produzindo menos”.
Trajetória de crescimento
Desde o início da pandemia, mesmo diante de muitos desafios, como a escassez de matéria-prima e o aumento do custo da atividade industrial, o Paraná apresentou os melhores resultados do país no que se refere a recuperação das perdas de 2020. Em janeiro, a avaliação mensal feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou uma forte recuperação do setor industrial paranaense e o estado ostentou um crescimento de 11,5% no acumulado do ano. O desempenho do Paraná ficou bem acima do índice nacional, que teve um discreto crescimento de 2% em 2020. Isso significa que, mesmo diante das perdas causadas pela pandemia, o Paraná vinha recuperando seu ritmo de produção.
“Não é dizer que não sofremos com a pandemia, o que esses números mostram é que, mesmo diante de todos os problemas que o empresariado paranaense tem enfrentado, ainda estávamos conseguindo repor as perdas da crise econômica sanitária nos causou”, afirma o economista.
Em comparação a 2019, a queda da produção paranaense ficou em 2,6%. Os piores meses para o Paraná no ano passado, foram os meses de abril e maio, quando o estado registrou queda de 30% na produção industrial, justamente quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a pandemia, “foi nesses meses que o índice de confiança da indústria paranaense chegou a níveis abaixo dos 50 pontos, os menores da série histórica”, conta Evânio Felippe.
Ao longo do ano o cenário foi mudando, a indústria reagiu e entrou numa trajetória de recuperação. Das 13 principais atividades industriais do Paraná, os setores que tiveram mais dificuldade de recuperação foram o automotivo, de máquinas e equipamentos e a indústria química. “Os resultados de janeiro deste ano chegaram a animar os empresários, mas o atual cenário de agravamento da pandemia é um período de incertezas. Além disso, o novo auxílio emergencial, que ainda está em estudo pelo governo federal, não vai atingir tantas pessoas e também não vai injetar o mesmo montante de dinheiro na economia brasileira, o que deve gerar uma diminuição do consumo. Por isso a importância da vacinação em massa e controle da pandemia. Só assim conseguiremos entrar num cenário de ‘normalidade’ para recuperar empregos e voltar a crescer”, finaliza o especialista.
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