Uma possível safra recorde da soja está turbinando as expectativas para a produção agrícola do Brasil em 2025. A colheita pode atingir 167,3 milhões de toneladas, um aumento de 15,4% em relação a 2024. As informações são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgadas na terça-feira (14).
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No Paraná, a expectativa de colheita de 25,3 milhões de toneladas de grãos pode não se concretizar, devido às altas temperaturas registradas na primeira quinzena de janeiro e a escassez de chuva. “Vamos colher menos do que era previsto. Plantei 275 alqueires e o plano era colher 50 mil sacas, mas já sei que não vai ser assim, por conta da seca”, desabafou o produtor rural Onivaldo Dante, de Londrina, no norte do estado.
O plantio da soja ocorreu entre o fim de setembro e o mês de outubro de 2024 e as lavouras sofreram com as chuvas abaixo da média e as ondas de calor, registradas no período. Mesmo com o grave problema da seca, a expectativa do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) é que as lavouras rendam uma colheita 20% maior que no ano passado.
“Os produtores semearam antes da alta do dólar, então compraram insumos mais baratos. Isso pode significar um lucro maior”, afirmou o agrônomo do Deral Hugo Godinho. Mesmo com a boa previsão para a colheita, os produtores reclamam do valor da saca paga a 60 quilos da soja.
“Era para estar valendo R$ 150, mas está R$ 120. O pequeno agricultor não compra todos os insumos de uma vez. Durante a produção, ele vai completando a quantidade dos fungicidas, inseticidas e acaricidas, sem contar com o óleo diesel e a manutenção do maquinário. Com o dólar alto, isso tudo vai pesar nas contas”, apontou Dante.
Um bom desempenho das safras brasileira e americana, que já consolidou o segundo maior recorde da história, representa maior oferta no mercado, o que mantém o preço em queda. Em julho de 2022, a saca da oleaginosa chegou a R$ 200 e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) prevê que o valor chegue a R$ 117 em 2025, com o crescimento da oferta.
“É o momento de o produtor apertar o cinto, as incertezas climáticas podem alterar a oferta de grãos. Estamos ainda na expectativa, mas o ideal é sempre planejar com um cenário mais difícil do que o realmente esperado”, afirmou o economista Emerson Esteves.
Consumo doméstico da soja tem projeção de crescimento
Com o aumento da oferta da soja americana, o consumo doméstico do grão deve crescer no Brasil este ano, principalmente em função da demanda para a produção de biodiesel. Mesmo assim, o potencial de exportação, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), é de até 110 milhões de toneladas.
O Deral divulgou também a primeira projeção de área para a segunda safra de grãos no Paraná, que pode produzir 16,4 milhões de toneladas, um aumento de 23% sobre os 13,4 milhões produzidos em 2023/24. Segundo o último boletim semanal do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o plantio da segunda safra no estado foi iniciado timidamente, com a cultura do milho e do feijão.
São 2,564 milhões hectares reservados para a cultura do milho e 381 mil hectares para o feijão. A área de feijão está 6% semeada, enquanto a de milho ainda não atingiu 1%.
O plantio do milho e do feijão só deve começar a evoluir quando a colheita da soja tomar corpo. O trabalho não chegou ainda a 1% e as lavouras que seguem em maturação representam 12% da área semeada, quatro pontos percentuais a menos que os 16% em maturação neste mesmo período, no ano passado.
Para a maturação, as altas temperaturas aceleram o crescimento, mas a falta de água pode causar a queda de folhas e aborto das vagens. Na segunda quinzena de janeiro, o esperado é o efeito típico do fenômeno La Niña, com chuvas mais eventuais, associadas ao calor que será intenso em vários períodos.
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