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Ambulância chega com paciente ao Hospital do Trabalhador, referência no tratamento de Covid-19 no Paraná
Ambulância chega com paciente ao Hospital do Trabalhador, referência no tratamento de Covid-19 no Paraná| Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Se não fosse adotado o alerta laranja, que decretou o fechamento nesta segunda-feira (15) de estabelecimentos de atividades não essenciais, como academias, bares, restaurantes, igrejas e clubes esportivos, Curitiba chegaria ao ponto de não ter mais UTIs para atender os pacientes com Covid-19. É o que enfatizam a secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, e o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o médico curitibano Clóvis Arns da Cunha. Ambos fazem ainda outro alerta grave: esta será uma das piores semanas da pandemia de coronavírus em Curitiba, o que exige atenção de toda a população.

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De acordo com o último boletim do coronavírus de sábado (13), a capital chegou a 74% de ocupação das UTIs de covid-19, o que fez a prefeitura tomar medida drástica. Nos últimos dias, os casos da doença praticamente triplicaram.

Em entrevista ao jornal Bom Dia Paraná, da RPC, nesta segunda, tanto a secretária municipal de Saúde quanto o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia foram enfáticos em afirmar que as restrições são necessárias para que o sistema de saúde da capital não entre em colapso. Além do fechamento de estabelecimentos, o que vem gerando protesto de empresários, as autoridades de saúde são irredutíveis em afirmar que a população também deve cumprir seu papel. Para isso, as pessoas devem seguir as regras sanitárias de isolamento social, distanciamento de 1,5 m para outras pessoas, uso de máscara e de álcool gel, além da lavagem constante das mãos.

Segundo Márcia, um grande esforço foi feito desde os primeiros casos de Covid-19 em março com objetivo de achatar a a curva de contaminações. Mas a partir de 28 de maio, logo depois que o comércio, como shoppings e mesmo academias, voltaram a funcionar, todos os sistemas de alerta da prefeitura apontaram para a bandeira laranja. “Tivemos 540 casos novos na última semana, enquanto antes tínhamos em média 140. O número de óbitos também saltou de uma media de 6 por semana para 34 nos últimos dias”, disse a secretária.

Essa evolução do coronavírus ligou o sinal de alerta para que Curitiba não tenha falta de UTIs. “Não queríamos ter que tomar essa decisão. A gente perde o sono pensando no que podemos fazer para evitar a doença. Não queremos fazer lockdown [o fechamento completo da cidade], mas com 74% de ocupação das UTIs todos os alertas nos disseram para parar com tudo aquilo que gera aglomeração”, afirma a secretária.

Márcia ainda pediu desculpas pela implantação da medida, mas ressalta que a ação é para um bem maior. “As famílias estão cansadas em casa, não podem fazer comemorações, ir a clubes, festas. Dói no coração fazer isso, nos desculpem, mas a gente não faz isso porque gosta ou não de determinado setor. Monitoramos nove setores em nosso painel e três deles, entre eles a ocupação de UTIs, deram vermelho”, disse.

Uma semana antes do decreto do alerta laranja, o descaso com a prevenção da Covid-19 foi escancarada nos bares de Curitiba, com diversas aglomerações. Em um deles, mais de 100 clientes se aglomeraravam dançando sem máscaras. No dia do decreto, sábado, bares do Água Verde e no entorno do Museu do Olho, no Centro Cívico, também tinham aglomerações de pessoas.

Além da ocupação das UTIs, seguem vermelhas a taxa de replicação da doença e a mortalidade. O alerta laranja gerou descontentamento de empresários, que prometem uma protesto contra a medida nesta segunda-feira.

Pior semana

O médico Clóvis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), alerta que essa semana será uma das piores da pandemia. “Registramos um aumento grande de casos. Se não houver uma intervenção a saúde pode entrar em caos, pois não existirão leitos para esses pacientes. Pedimos a colaboração da população, evitando aglomeração, usando máscara e sempre higienizando as mãos”, disse o especialista. Segundo o médico, se cada um fizer a sua parte, já vai ajudar e muito com que o sistema não entre em colapso.

Outro alerta do infectologista é para quem precisa utilizar o transporte público. A recomendação de Arns é para que as pessoas que têm sintomas de Covid-19 (tosse leve, seca, dor no corpo, menos olfato) evitem pegar ônibus. “Fique em casa, evite aglomeração”, ressaltou Arns.

A questão dos ônibus, inclusive, preocupa passageiros que dependem do transporte público para seus compromissos. Para tentar impedir a transmissão nos ônibus, a Urbs, empresa municipal que gerencia o transporte coletivo, restringiu o número de passageiros à metade da capacidade de cada ônibus. Além disso, a partir desta segunda-feira, motoristas não irão parar mais em pontos quando os ônibus estiverem com a lotação máxima de 50% atingida. Já os ônibus de linhas expressa e direta terão de partir dos terminais com capacidade de apenas 30% da lotação para que, ao longo do trajeto, alcancem o teto de 50% de ocupação.

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