A alta hospitalar de Rafael Greca (DEM) na quarta-feira (30) chamou a atenção pelo curto período que o prefeito de Curitiba precisou ficar internado. Encaminhado ao Hospital Nossa Senhora das Graças no domingo (27) com quadro de pneumonia, ele deixou a instituição no quarto dia, “completamente recuperado”, em suas próprias palavras.
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A maneira como a saúde de Greca evoluiu, no entanto, não é incomum. Embora tenha sido internado no último fim de semana, um exame para Covid-19 já havia confirmado a doença na terça-feira anterior (22). Como o vírus leva, em média, sete dias para manifestar sintomas – prazo que pode chegar a 14 dependendo do paciente –, a contaminação deve ter ocorrido de uma a duas semanas antes. No dia 12 de setembro, o prefeito esteve com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que testou positivo para o novo coronavírus quatro dias depois.
O médico infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que a grande maioria das pessoas que são infectadas pelo coronavírus desenvolve formas leves da doença, em muitos casos sem apresentar sintomas. “Uma fração vai apresentar formas moderadas a graves, mas mesmo as que têm formas moderadas podem não chegar a ter sua condição de saúde significativamente prejudicada”, explica. “Essas pessoas podem manter o manejo do isolamento no próprio domicílio, sob monitoramento dos sintomas.”
Sem falar da situação de Greca, uma vez que não acompanhou o caso especificamente, o médico explica que há diferentes protocolos para internação dependendo dos fatores de risco que um paciente apresenta. “Uma pessoa idosa que desenvolve Covid e tem queixa de falta de ar provavelmente vai ser internada, mesmo que não tenha grandes alterações no exame físico”, diz. “Se for alguém de 20 anos, a orientação é ficar em isolamento domiciliar.”
“Há diferentes recomendações dependendo da chance de complicação do caso, não necessariamente da gravidade do quadro”. De uma forma geral, a letalidade da Covid é em torno de uma morte para cada 200 casos, relata Almeida. Já em pacientes com 85 anos de idade, por exemplo, a taxa sobe para uma a cada quatro. “A doença é muito heterogênea”, explica.
O prefeito tem 64 anos, obesidade e histórico de problemas de pulmão – em janeiro de 2017, ele foi internado com embolia pulmonar. O principal sintoma que apresentou ao chegar ao hospital foi uma pneumonia – quadro de inflamação nos pulmões decorrente de infecção pelo vírus. Na segunda-feira (28), ele já não apresentava mais febre, um indicativo da ação do sistema imunológico para a redução da infecção.
Na terça-feira (29), ainda no hospital e já com perspectiva de alta, Greca chegou a publicar um vídeo em suas redes sociais agradecendo as orações feitas por ele e por sua esposa, Margarita Sansone, por “curitibanos e curitibanas de todas as religiões”. Na quarta (30), na saída do hospital após a alta médica, gravou um vídeo para sua campanha, que foi publicada em suas redes sociais. “Agora eu sou o linfócito 25 contra a Covid-19”, disse na gravação, que foi postada acompanhada da hashtag #Linfócito25.
Durante seu internamento, Greca foi acompanhado pelo médico Clóvis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e que também é responsável pelo tratamento da primeira-dama, que permanece hospitalizada. A reportagem não conseguiu contato com o profissional na manhã desta quinta-feira (1º).
Segundo a assessoria de imprensa de Greca, embora a partir de hoje se encerre o prazo exigido para isolamento e ele esteja liberado para sair de casa, o prefeito não deve ir às ruas para atividades da campanha à reeleição nos próximos dias. A previsão é que nesse período ele faça a divulgação de sua candidatura principalmente por meio de suas redes sociais.
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