Em meio à suspensão das aulas provocada pela pandemia do novo coronavírus, muitas famílias estão transferindo alunos de escolas privadas para a rede pública de ensino em todo o Paraná. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed), até esta terça-feira (9), 8.617 estudantes já haviam feito a migração, a maioria do ensino fundamental.
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Para a presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), Esther Cristina Pereira, a tendência reflete uma situação que diversos setores têm enfrentado: a crise econômica no orçamento das famílias. “O pai que escolheu matricular o filho na rede privada lá atrás, está se vendo obrigado a migrá-lo para o ensino público. É uma necessidade”, avalia.
Segundo ela, os colégios particulares têm trabalhado para frear a evasão de alunos por meio do refinanciamento da anuidade. “Em média, 70% dos custos das escolas são folha de pagamento, que tem de estar em dia”, explica. “A maioria das escolas tem jogado os 30% restantes para frente.” Esther conta ainda que alguns estabelecimentos conseguem oferecer descontos a partir de cortes em despesas, como a alimentação no caso das turmas de ensino integral. “Nós não paramos; desde o dia 20 de março a rede privada oferta as aulas online, e isso tem sido reconhecido pelas famílias.”
De acordo com secretário estadual da Educação e do Esporte, Renato Feder, a rede pública está preparada para absorver a demanda de alunos oriundos da rede particular sem prejuízos para as turmas na retomada das atividades. “A rede privada tem 150 mil alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio, dos quais 8,6 mil vieram para escolas públicas – cerca de 6%”, diz. “Mas para a rede estadual, 8,6 mil não é muita coisa, porque temos quase um milhão de estudantes”, explica. Segundo Feder, aproximadamente mil alunos pedem a transferência por semana. “Mesmo que venham 10, 15 mil alunos, temos como receber.”
Ele explica que o processo de matrícula é totalmente online e que o sistema indica aos pais, entre opções pré-selecionadas, uma turma em que haja vaga física para quando a quarentena for encerrada. “Não adianta o aluno entrar em qualquer sala durante as aulas remotas e depois ele não caber na sala.”
Para o titular da Seed, além da crise financeira, há mais uma razão para a rede pública receber tantas matrículas enquanto as aulas estão suspensas. “Uma parte está migrando por uma questão de orçamento das famílias, que podem entrar em situações como de desemprego”, diz. “Outra parte vejo que é pela qualidade das aulas remotas ofertadas pela rede estadual”, avalia. “O pai pensa: ‘estou pagando, e o EAD [ensino à distância] da escola não é tão bom quanto as aulas da rede pública que vejo na TV.”
Para suprir o ensino durante o período de isolamento social, a Seed utiliza transmissões pela internet, que podem ser assistidas por meio do computador ou de aplicativos para celular, e pela televisão aberta. Aos alunos que não têm acesso às plataformas, o secretário explica que é entregue um material impresso quinzenalmente, junto com a merenda escolar. "Outra alternativa são os laboratórios de informática que as escolas abrem para pequenas quantidades de estudantes que não conseguem acessar os conteúdos de outra maneira".
Feder afirma que 95% dos alunos têm acesso aos conteúdos pelas plataformas digitais. Segundo ele, 80% utilizam o Google Classroom, ferramenta que cria salas de aula virtuais, outros 15% dos que não têm acesso ao aplicativo, estariam estudando pela TV, que chega a 95% das casas de alunos.
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