Senador Alvaro Dias (Podemos-PR)| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Alvaro Dias (Podemos), que retornou ao mandato após uma dura derrota eleitoral, conseguiu retomar seu capital político e em 2019 foi um dos principais articuladores do Congresso Nacional. Com foco no combate à corrupção, o senador paranaense tem capitaneado movimentos pela renovação das práticas do Senado. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo ele comenta os principais projetos do Legislativo e tece críticas ao governo de Jair Bolsonaro.

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O que mudou na bancada paranaense com a saída de Roberto Requião e Gleisi Hoffmann e a entrada de Oriovisto Guimarães e Flávio Arns?
É mais confortável você participar de uma bancada unida, com pensamento consensual em relação aos problemas do estado e do país. Isso contribui muito para a convivência e o resultado final do trabalho. Acho que foi fundamental essa unidade em relação a determinados temas.

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Seu mandato parece ainda estar muito ligado às questões que surgiram das manifestações de rua em 2013. Para o senhor, esses são os temas principais da representação no Senado?
Meu mandato continua sendo o combate à corrupção. Isso tem sido a prioridade já que é na agenda da sociedade a prioridade número um. Durante a campanha passada a maioria dos candidatos também elegeu essa prioridade para a busca do voto, muitos dos eleitos se esqueceram, mas certamente a população não se esquece e um dia chegará a cobrança.

Nossa atuação priorizou o apoio intransigente à operação Lava Jato e especialmente aos seus principais agentes, que são os principais responsáveis pelo seu êxito. Da mesma forma, mantivermos o enfrentamento com aqueles que desejam a prevalência da impunidade. Esse é um confronto permanente no Congresso.

Tivemos a Lei de Abuso de Autoridade que faz parte desse grupo que com essa legislação quer intimidar aqueles que estão na Polícia Federal, no Ministério Público e na Justiça.

Nessa mesma linha, o fim do foro privilegiado e a possibilidade de prisão em segunda instância seguem sendo temas fundamentais.

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Depois da derrota eleitora em 2018 o senhor conseguiu, como líder do Podemos, capitanear uma nova força política dentro do Senado. Como foi esse processo?
Acho que isso pode ficar como uma marca histórica no Senado. Com bases especialmente no Podemos, que contribui com o maior número de senadores, o movimento “Muda Senado” vem conquistando algumas vitórias, no próprio Senado e no Congresso. No Senado nós obstruímos a sessão que votava apressadamente o projeto dos partidos, depois conseguimos mudar totalmente o projeto. Então realmente esse movimento que surgiu com o crescimento do Podemos e a articulação do “Muda Senado”, da qual participam também os outros senadores do Paraná, é uma tentativa de passar uma nova imagem para a população, de que existem, sim, senadores dispostos a promover mudanças pelo país.

Com esse movimento já é possível que o Podemos dispute espaços formais dentro do Senado. O senhor tem pretensões de disputar a presidência da Casa?
Nós evitamos falar nisso, não colocamos como uma aspiração do “Muda Senado” porque não queremos que confundam as coisas. Temos uma pauta, uma agenda, prioridades que nos unem e evitamos falar em pretensões pessoais para evitar desagregação. Assim tem caminhado bem. Quando chegar o momento adequado vamos discutir quem deve ser o candidato adequado de renovação dos costumes do Senado, mas ainda não é a hora.

Qual a tua análise do primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro?
Para quem tem pressa, e creio que a maioria lúcida do país tem pressa, o governo foi muito parado em questões importantes, não demonstrou capacidade criativa, inovadora para propor mudanças. Por exemplo, terminamos o ano e o governo não tem proposta de reforma tributária. Insistiu muito na criação de um imposto – antes era a CPMF e agora é um imposto digital – mas certamente isso não tem acolhida na população, que já paga imposto demais e convive com esse manicômio tributário.

Das reformas importantes, só a da Previdência aconteceu, mas ela foi deixada praticamente pronta pelo governo Michel Temer (MDB).

O governo patina e faz opção pelo espetáculo, o que certamente desagrada as pessoas mais bem formadas do país. Esse espetáculo grotesco, com palavreado chulo e agressões fortuitas, isso é o que move a alma desse governo – algo que não contribui para promover mudanças essenciais na direção do futuro que a população almeja.

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O governo patina e faz opção pelo espetáculo, o que certamente desagrada as pessoas mais bem formadas do país. Esse espetáculo grotesco, com palavreado chulo e agressões fortuitas, isso é o que move a alma desse governo

Alvaro Dias, senador