Com 6 anos de atraso, o Colégio Estadual do Campo Professor Danilo Zanona Ribeiro foi inaugurado nesta quarta-feira (16) pelo governo do Paraná no município de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba (RMC). A escola estava na lista da Operação Quadro Negro, que apontou desvio de dinheiro a partir de contratos firmados entre empresas e a Secretaria de Estado da Educação (Seed) para construção ou reforma de colégios estaduais em todo Paraná, durante a gestão Beto Richa (PSDB).
A Operação Quadro Negro foi deflagrada no início de 2015 pela Polícia Civil e, ao final daquele ano, acabou nas mãos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, braço do Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR). A partir daí, contratos passaram por varreduras e obras foram paralisadas.
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O pivô da investigação foi a empresa Valor Construtora, que naquele ano tinha ao menos 12 contratos em vigência com o governo estadual, incluindo a construção de cinco escolas: duas em Campina Grande do Sul (Colégio Estadual Jardim Paulista e Colégio Estadual Ribeirão Grande, agora chamado com o nome do professor Danilo Zanona Ribeiro, que morreu em 2020); uma em Cornélio Procópio (Colégio Estadual Willian Madi); uma em Coronel Vivida (Colégio Estadual Tancredo Neves); e uma em Santa Terezinha de Itaipu (Colégio Estadual Arcângelo Nandi).
O contrato com a Valor Construtora para construção das duas escolas em Campina Grande do Sul foi assinado em 2014 e vigoraria até 2016. Mas, no início de 2015, a Operação Quadro Negro revelou que as duas obras ainda não tinham saído do papel, embora já houvesse registros de pagamentos à empresa de quase R$ 9 milhões.
De acordo com a Seed, das cinco escolas que já foram de responsabilidade da Valor Construtora, falta a inauguração apenas da obra localizada em Cornélio Procópio, o que deve ocorrer nesta quinta-feira (17). A cerimônia de inauguração, assim como ocorreu nesta quarta-feira (16) em Campina Grande do Sul, também deve contar com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). “É bom ter a sensação do dever cumprido, ainda mais em uma área tão importante”, declarou Ratinho Junior, à imprensa, nesta quarta-feira (16). Em 2015, Ratinho Junior comandava a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano. A pasta não foi alvo da investigação.
Já Beto Richa foi denunciado em 2019 e apontado pelos investigadores como principal beneficiário dos desvios de dinheiro – ele nega e ainda não há sentença. Entre os relatos que sustentam a acusação contra Beto Richa, o principal foi feito por Maurício Fanini, que em 2015 era diretor de Engenharia, Projetos e Orçamentos da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude), braço da Seed, e acabou fazendo um acordo de colaboração premiada. Fanini era amigo de longa data de Beto Richa e o acompanhava em cargos públicos desde 2001, na prefeitura de Curitiba.
A partir da delação de Fanini, os investigadores ampliaram o foco da apuração, e outras obras e novas empresas se tornaram alvos da Operação Quadro Negro. De 2015 até agora, na Justiça Estadual, a Operação Quadro Negro acumula 14 ações penais, 22 ações cíveis, cinco acordos de leniência com empresas, além de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). O levantamento é do MP.
No cálculo da gestão Ratinho Junior, 14 obras no total (entre reformas e construção de escolas) foram suspensas na esteira da Operação Quadro Negro (incluindo as cinco obras de construção de escolas originalmente de responsabilidade da Valor Construtora). Agora, entre as 14 obras, 11 já foram concluídas e duas estão sendo inauguradas entre hoje (16) e amanhã (17). Apenas uma será concluída somente no segundo semestre, o CEEP de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, voltado exclusivamente ao ensino profissionalizante. De acordo com o Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional), trata-se de um investimento de R$ 5,3 milhões – e a empresa WDX Construtora é a responsável pela obra.
Prefeitura investiu R$ 5 milhões
Inaugurado nesta quarta-feira (16), o Colégio Estadual Professor Danilo Zanona Ribeiro fica na região de Ribeirão Grande, a cerca de 30 quilômetros do centro de Campina Grande do Sul, e ocupa uma área de 2.350 mil metros quadrados. Segundo a Seed, ele tem capacidade para atender mais de 400 matrículas, entre ensino fundamental e ensino médio.
A obra foi concluída agora através de um convênio entre o Fundepar e a prefeitura de Campina Grande do Sul, que injetou o dinheiro para a construção do prédio. Segundo o Fundepar, a obra custou R$ 5 milhões e foi executada pela Construtora Infrateco.
A Seed informa que o colégio conta com seis salas de aulas, uma quadra poliesportiva coberta, biblioteca, cozinha, refeitório, sala de educação física, área administrativa, banheiros, casa do zelador, sala multiuso e laboratórios de ciência e informática.
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