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São Mateus do Sul

ANP promete consultar população sobre royalties do xisto, longo impasse da Petrobras no PR

Unidade de Industrialização do Xisto
Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), usina da Petrobras em São Mateus do Sul (Foto: Divulgação/Petrobras)

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Fruto de um impasse que se estende há anos, o valor dos royalties devidos pela Petrobras pela exploração do xisto em São Mateus do Sul, na região Sul do estado, deve ser alvo de consulta pública depois que a estatal e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) chegarem a um acordo. A informação foi repassada em pedido feito pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade sindical, e confirmada pela ANP à reportagem.

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Desde 2013, a Petrobras repassa 5% do valor comercializado nos produtos finais da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) - indústria que mantém em São Mateus do Sul -, ao município e ao estado, como compensação pela exploração do xisto. Esse valor, no entanto, vem sendo contestado por estado e município, que querem uma alíquota maior, além do pagamento de valores referentes aos anos entre 2002 e 2012, quando ainda não havia o recolhimento.

Em nota, a ANP, que é a responsável pela mediação dessa discussão, disse que “em caso de uma eventual tentativa de acordo, os termos e valores estabelecidos nesse acordo serão previamente submetidos à consulta e audiência pública, para apreciação da sociedade e dos entes beneficiários”.

A medida foi celebrada pela FUP. “É de extrema relevância essa informação que recebemos da ANP e da Petrobrás, de que a população de São Mateus do Sul e do estado do Paraná será ouvida sobre a destinação desses recursos do passivo e multas em relação aos royalties do xisto. É uma questão que não pode ser tratada simplesmente como ‘uma oportunidade de negócio’, como a Petrobrás vem fazendo com a sua política de desinvestimento e entrega de ativos, sem se preocupar com os impactos sociais que estas medidas vão impor à população”, diz o diretor de Assuntos Jurídicos, Institucionais e Terceirizados da FUP e do Sindipetro PR/SC, Mário Dal Zot.

Apesar disso, ainda não há sinal de um acordo entre Petrobras e a agência reguladora. “No presente momento, informamos que permanecem as tratativas entre a Petrobras e ANP na busca de uma solução consensual, não existindo ainda nenhum acordo estabelecido para solução dessa controvérsia”, completa a agência.

A Petrobras, por sua vez, diz que segue em negociação para um acordo sobre o recolhimento de royalties. “Caso a negociação seja exitosa, caberá à ANP avaliar a conveniência de submeter seus termos do acordo à Consulta Pública antes da sua celebração”, diz a estatal em nota.

Entenda o que são os royalties e por que Petrobras e ANP estão negociando os valores 

Desde 2013, por lei, a Petrobras é obrigada a pagar a São Mateus do Sul e ao estado do Paraná uma compensação financeira por conta da extração do xisto – a alíquota afixada é de 5% do valor comercializado dos produtos finais. A SIX fabrica óleo combustível a partir do xisto, abundante na região, que quando aquecido vira combustível e gás.

Enquanto o óleo é destinado a empresas específicas, sobretudo paranaenses, o gás é levado por gasoduto a uma fabricante de porcelanatos, revestimentos e louças sanitárias da região: a Incepa.

Há vários anos, no entanto, o Paraná busca uma alíquota maior, de 10%, baseado nas leis que regem o repasse de royalties em outros tipos de exploração: como o pré-sal.

Em 2020, a Petrobras, ANP e gestores estaduais e municipais voltaram a se reunir para debater o assunto, com mais urgência por causa do processo de privatização. A estatal pretende vender a unidade. O prazo inicial era 2021, mas com o cronograma de desinvestimentos atrasado, é provável que a unidade seja negociada apenas no ano que vem.

Além disso, a estatal pode ser obrigada a pagar um passivo de 2002 a 2012, anos em que ainda não havia sido estabelecido o recolhimento de royalties. Esse volume supera os R$ 700 milhões, podendo chegar a R$ 900 milhões.

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