A ponta mais recente do sistema de informações da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba é o aplicativo Saúde Já. Lançado há dois anos, o instrumento permite a marcação de consultas pelo telefone celular ou pela internet. Mas, para as autoridades municipais, o programa permite muito mais do que uma nova ferramenta de agenda. “Na concepção do e-saúde, a previsão era que o contato com o cidadão seria por e-mail. Com o desenvolvimento e popularização do smartphone e com todas as agendas dos nossos profissionais já no sistema, foi possível desenvolver o aplicativo, que também pode ser acessado por desktop”, conta Beatriz Battistella Nadas, superintendente executiva da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.
“Mas, também no aplicativo, temos, além da possibilidade de marcar consultas, todo o histórico do paciente, sua agenda, a carteira de vacinação, entre outras informações. Também é possível fazer acompanhamentos específicos, como o das gestantes e disponibilizar informações como orientações e campanhas de prevenção”, explica. Aguardando a maturação da discussão sobre a regulamentação da telemedicina, ela diz que, com poucas alterações, já será possível realizar consultas através do aplicativo.
Próximo passo: inteligência artificial
Investindo R$ 21 milhões por ano em tecnologia da informação para a saúde, em um contrato com o Instituto Cidades Inteligentes (ICI), o antigo Instituto Curitiba de Informática, a prefeitura de Curitiba já sabe para onde quer avançar: pretende usar toda essa base de dados para auxiliar na tomada de decisões do profissional de saúde de uma forma mais direta.
“O sistema de informação pode evoluir, e estamos na beira de chegar a isso, para a inteligência artificial. Toda a nossa massa de dados está ali quietinha. Vamos fazer a leitura dessas bases de dados para amparar as decisões dos médicos, no diagnóstico, no exame, no tratamento, na escolha do medicamento. Todas essas decisões podem ser apoiadas por essa base de dados, seja pela análise individual daquele caso, ou pela análise comparada no universo que ele quiser”, vislumbra Nadas.
A novidade até já ganhou nome: é o Centro de Apoio à Decisão Clínica. “O profissional poderá ter no sistema indicações para soluções de fato, a ponto de o sistema poder intervir para alertar o profissional. Se, na hora que o profissional prescrever determinado tratamento ao paciente, o sistema identificar que esse tratamento, por conta de alguma contraindicação do histórico do paciente ou por comparação com casos semelhantes não é o mais adequado, o profissional pode receber esse alerta”, explica.
O presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Flaviano Feu Ventorim, vislumbra o mesmo futuro. “Hoje não se fala só num sistema que controla determinada informação. Ele tem que fazer gestão de dados. Pode-se trabalhar geolocalização das doenças, tem que transformar os dados em informação e, até orientação”, diz.
Ele cita o exemplo do robô Laura, do Hospital Nossa Senhora das Graças, que, cruzando várias informações do paciente, indica pacientes com risco de entrar em sepse antes que isso realmente aconteça. “Os sistemas também podem cruzar dados e indicar contraindicações em tratamentos, por exemplo, pelo histórico do paciente e, até, pelo que já foi oferecido a ele”, diz.
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