Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), o desembargador Clayton Coutinho de Camargo se aposenta nesta sexta-feira (5), ao completar 75 anos de idade, idade máxima para o exercício da magistratura. Camargo presidiu o TJ paranaense entre 2013 e 2014. Na passagem pela principal cadeira da Justiça Estadual, acabou sendo alvo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por suspeitas de tráfico de influência, de venda de sentenças e de evolução patrimonial incompatível com as funções do magistrado. A mando do CNJ, ele chegou a ser afastado das suas funções no TJ em outubro de 2013. Foi reconduzido somente em junho de 2015.
Em meio às investigações, ainda em 2013, Clayton Camargo chegou a pedir aposentadoria como desembargador e renunciou ao cargo de presidente do TJ, alegando problemas de saúde. O CNJ, porém, suspendeu o processo de aposentadoria. O órgão considerou que o magistrado estaria antecipando a aposentadoria para fugir de um eventual processo disciplinar. Os casos no CNJ depois foram arquivados.
Outro caso envolvendo Clayton Camargo tem relação com a vitória do seu filho Fabio Camargo, em 2013, para uma cadeira de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). Mas a suspeita de tráfico de influência na eleição também não avançou no CNJ. Eleito presidente do TCE em dezembro do ano passado, Fabio Camargo foi uma das pessoas que participaram de uma homenagem a Clayton Camargo, em sua última sessão de julgamento, na 1ª Câmara Criminal do TJ, na tarde desta quinta-feira (4).
Fabio Camargo chorou ao falar da trajetória do pai. “Agora eu vou ter muito mais tempo para aprender com o senhor”, disse o conselheiro. Desembargadores também se emocionaram durante os discursos de despedida. Em sua fala, Clayton Camargo chamou atenção para a despedida "totalmente fora do que usualmente acontece no TJ" e disse que estava "muito sensibilizado pelas palavras de carinho". Seu pai, Heliantho Guimarães Camargo, também foi presidente do TJ paranaense.
Trajetória
Clayton Camargo é bacharel pela Faculdade de Direito de Curitiba. Em 1974, ingressou no Ministério Público como promotor substituto na comarca de Foz do Iguaçu. Em 1995, através da vaga do quinto constitucional destinada ao Ministério Público, foi nomeado juiz do Tribunal de Alçada, assumindo depois a presidência para o biênio 2002/2003. Articulou politicamente a fusão dos tribunais de Alçada e de Justiça. No dia 12 de setembro de 2003, foi promovido ao cargo de desembargador do TJ.
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