A proposta era ousada: revolucionar a educação pública no Paraná. Foi o que prometeu ao governador Ratinho Junior (PSD) Renato Feder, empresário renomado no ramo da tecnologia, com carreira na docência e histórico de interessado em políticas públicas (é um dos fundadores do Ranking dos Políticos), quando assumiu a Secretaria da Educação do estado, em 2019.
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Foram as raízes no setor privado - em especial o êxito alcançado com a marca Multilaser - que levaram o governador do Paraná a convidar Feder, de 43 anos, a assumir a secretaria. Ratinho Junior queria implementar na máquina pública estadual a lógica da gestão privada. Tal foi a projeção do nome de Feder que, em 2020, chegou a ser ventilado como possível escolha de Jair Bolsonaro (PL) para o Ministério da Educação (MEC), em substituição a Abraham Weintraub.
Durante a gestão no Paraná, Renato Feder manteve uma meta clara de melhorar a performance das unidades de ensino paranaenses no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O último resultado foi avaliado como promissor: em 2022, o Paraná assumiu a liderança nacional no Ensino Médio e as notas alcançadas aproximaram as escolas públicas das privadas. A meta estabelecida pela gestão de Feder era mais alta, mas mesmo assim o resultado foi comemorado pelo governo estadual, considerando os impactos que a pandemia de Covid-19 teve na educação de todo o país.
Com Feder foram criados a Prova Paraná, para aferir a evolução da aprendizagem de toda a rede a cada dois meses, e o Aula Paraná, que considera o mais completo sistema de ensino a distância do Brasil para enfrentamento da pandemia (implementado em 15 dias).
Ainda que haja muito a avançar na educação pública paranaense, o trabalho dos últimos anos manteve Feder nos holofotes e lhe valeu o convite do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) para comandar a educação no estado de São Paulo, a partir de 2023.
Do Paraná com 1 milhão de estudantes e cerca de 90 mil profissionais da educação, ele migra, no próximo mês, para o estado com a maior rede de ensino do Brasil, com aproximadamente 3,5 milhões de alunos e 190 mil professores. Cauteloso e sob a alegação de ainda não ter assumido oficialmente o cargo no estado vizinho, em entrevista à Gazeta do Povo, Feder preferiu ainda não falar sobre o futuro. O certo é que a revolução educacional que ele defende, com inovação e tecnologia, deverá continuar sendo o carro-chefe da gestão dele. É com essa revolução que ele pretende destacar não apenas São Paulo, mas a educação brasileira, mundo afora.
Paulista, Renato Feder é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi professor de Economia na Universidade Mackenzie, onde adquiriu experiência com o Ensino Superior. Destaca-se também por experiências internacionais na educação, tendo se aprofundado no funcionamento e gestão de escolas de países como China, Coreia do Sul, Japão, Canadá, Israel, Finlândia e EUA.
Confira a entrevista concedida por Renato Feder à Gazeta do Povo:
Qual é a análise que o senhor faz da experiência como secretário de estado da Educação no Paraná?
Foram quatro anos muito produtivos. E eu acredito que a gente realmente conseguiu mudar os rumos da educação pública. Isso me traz uma satisfação muito grande. Eu acho que as escolas eram ilhas isoladas da secretaria, sem nenhuma ou com pouca orientação e pouco apoio. A minha gestão foi marcada por pontes com as escolas, com os diretores e professores. Hoje a escola recebe orientação, tem um direcionamento que foca na aprendizagem do aluno.
O Ideb é construído com base nas notas e também no fluxo (aprovação). Deste modo, como garantir que as aprovações são realmente por mérito, sem notas maquiadas?
A gente trouxe algumas novidades e uma delas foi passar para a rede que o Ideb é um foco e uma meta, que aprendizagem é uma meta da qual a gente não tem que ter vergonha. A impressão que eu tinha era que o mundo da educação trabalhava com uma lógica de: “olha, a gente vai ensinar, vamos fazer o nosso trabalho e depois a gente olha o Ideb. Se der resultado, deu”. E eu quis mudar essa visão. Então, desde o primeiro dia, buscar o primeiro lugar era uma meta. Eu sempre disse isso para os diretores das escolas, para os professores, para os pedagogos. A gente tem que buscar o primeiro lugar, a gente tem que buscar aprendizagem - e uma aprendizagem maior. E essa aprendizagem vai nos levar ao primeiro lugar, sim, isso é uma meta para buscar aqui. Esse apetite por ser o primeiro lugar acendeu uma chama maior dentro dos profissionais da educação. Os diretores, todo mundo gosta desse desafio positivo. Eu acho que o diretor pensou: “minha escola vai se destacar”. E a gente sempre reconheceu as escolas que se destacaram. Isso foi uma marca da gestão. Quando a gente teve os resultados de 2019, que foram muito expressivos, o Brasil subiu dois décimos. O Paraná subiu cinco décimos no fundamental. No médio, o Brasil subiu três décimos, o Paraná subiu sete décimos. Quer dizer, subiu mais que o dobro da média brasileira. E esse destaque foi de cada escola. Quando a gente recebeu os resultados, a gente reconheceu as escolas, entregou placas: Escola Ouro, Escola Diamante. Mostrava para cada escola, para o diretor e para a comunidade escolar que a gente esperava a continuidade do trabalho. Essa busca pelo Ideb aguça e estimula o time gestor, os professores. E na hora que eles forem mostrar o aprendizado, a gente vai ter destaque. Tenho convicção que a aprendizagem se deu em parte por milhares e milhares de profissionais da educação quererem esse destaque também.
E o senhor acha que essa chama vai permanecer, que ela foi colocada na educação do Paraná para, independente de Feder, continuar esse projeto?
Eu acredito que sim. Colocamos vários pilares que levam a um ganho de aprendizagem gigantesco. O Ideb é uma foto do Paraná de 2021. Se essa foto fosse tirada em 2022, o ganho seria muito maior. A gente cresceu muito esse ano, os alunos aprenderam mais do que nos três anos anteriores. O Paraná ainda vai se destacar muito. E eu queria chamar para uma comparação: a gente tinha uma distância gigante das escolas particulares de aprendizagem e a gente conseguiu, em três anos, diminuir pela metade essa distância. Esse ano a distância diminuiu muito e eu acho que, em breve, as escolas públicas do Paraná vão alcançar as escolas particulares, com o trabalho sendo continuado. E eu acredito que vai continuar.
Ainda sobre o Ideb, há muitas críticas sobre metodologia e o que exatamente o índice avalia - evitando truques sem evolução de fato - mas é o principal índice que temos no país. Como o Brasil pode avançar nesse sentido: de aperfeiçoamento do Ideb ou buscando adotar outro tipo de avaliação? Múltiplas avaliações funcionam - aqui foi instituída a Prova Paraná - ou é preferível termos apenas um índice consolidado para medir a qualidade da educação pública ofertada?
A Prova Paraná é um apoio, para mostrar ao professor o que os alunos estão aprendendo ou não. E a gente tem até uma boa notícia em primeira mão para vocês. A gente conseguiu subir cinco pontos a nota da Prova Paraná, da terceira aplicação para a segunda. Os alunos tiraram 42, 43 de 100 em média na segunda aplicação. E agora foi para 47 pontos, na prova aplicada semana passada. Foi uma subida expressiva, é uma prova difícil - até mais difícil que o Ideb. Então a gente está bem animado. O Ideb, sim, deve ser a grande medida. Se fosse para ter um outro indicador, eu colocaria o Enem, embora tenha todo um questionamento de que o Enem é um resultado do aluno e não é um resultado da rede. Mas eu acredito que o Ministério da Educação poderia olhar o Enem como um indicador de rede também. Mas o Ideb é o principal e um excelente indicador, está aí há 20 anos. Ele é um indutor de resultado. O Ideb contribuiu muito para a educação pública brasileira.
A vinculação de bons resultados alcançados no Ideb (pela regra recentemente aprovada no Paraná) a repasse aos municípios é também um fator importante?
É muito positivo. O Ideb é um superindicador, robusto e muito inclusivo. No Paraná, já que você citou essa lei do ICMS, eu queria destacar que a gente foi muito cuidadoso. O jeito que a lei se desenhou é que cada município concorre contra si próprio na questão do Ideb para receber o ICMS. Um município que tem um Ideb alto tem meta de crescimento muito menor. Um município com Ideb baixo não precisa alcançar aquele que tem Ideb alto, ele concorre contra ele mesmo, é ele que tem que ter um aumento. Então o município que melhorar contra si próprio vai receber mais ICMS.
Agora falando um pouco da educação pública no Brasil. Muito se fala em avaliação pelos índices, em melhorar a capacitação de professores, enfim, são muitos os pontos de atenção. Mas o quanto disso é “enxugar gelo”, tendo em vista a nossa realidade mais profunda, muitas vezes brutal, de uma criança ou adolescente que nem tem comida na mesa, por exemplo, como esperar que ela consiga evoluir e continuar nos estudos?
Eu acredito que o Brasil tem potencial para ser um líder educacional no mundo. Você pode achar que a gente está tão longe, e é verdade, a gente está longe, mas tem como chegar lá. Dos quase 70 países que participam do Pisa, que é a prova internacional, o Brasil está em 55º lugar. Mas eu acredito que a gente tem como chegar no top 20. A gente pode chegar a ser uma potência, em pouco tempo.
Eu diria que em menos de oito anos a gente conseguiria chegar a ser uma grande nação educadora.
Há 20 anos, o Brasil era reconhecido por duas coisas: futebol e festa. Talvez novela. Hoje, o Brasil já oferece muitas coisas para o mundo. É um um celeiro de empreendedorismo, de criatividade, no agronegócio. É um celeiro em grandes empresas, como a Ambev e a Embraer. No agronegócio e no empreendedorismo, o Brasil é uma das grandes potências mundiais. Então, por que não em educação? E o Paraná é um exemplo disso. Se a gente avançou, em termos educacionais, 30% em aprendizagem em menos de quatro anos, com uma pandemia no meio... E a gente vai crescer muito mais pelas sementes que estão plantadas aqui. É uma revolução dentro da escola. O que vai para a mídia e para o conhecimento das pessoas são as notícias ruins, mas a gente tem a notícia boa que é que a escola pública do Paraná está passando por uma revolução. As pessoas ainda não se deram conta de que os filhos, nas escolas públicas, estão aprendendo robótica, programação de computador, estão aprendendo a escrever e a ler de uma maneira inédita, estão aprendendo inglês de verdade. É outra escola, num período curto.
Isso vai chamar a atenção do mundo em algum momento. A gente está no começo dessa revolução.
E você está me fazendo perguntas que as pessoas vão enxergar daqui a pouco. Daqui a alguns anos, você vai ter no Paraná um celeiro de programadores, de jovens muito bem educados, que aprendem oratória e liderança. O Paraná está caminhando para realmente ser uma potência educacional nos próximos anos.
O quanto essa revolução para o Brasil pode ser impactada, influenciada ou até minimizada com mudanças de visão para a educação pública do país, no âmbito político? Nos últimos quatro anos tivemos uma visão de educação pública muito distinta do que tínhamos até então. E agora o presidente eleito Lula anunciou que vai acabar com a Política Nacional de Alfabetização e com as escolas cívico-militares. Como o senhor vê interferências políticas para um projeto que deveria caminhar independente dessas mudanças?
O Paraná está entre os principais exemplos de como fazer essa gestão. O MEC praticamente não tem escolas próprias e não faz gestão de escolas. É um indutor de políticas. Quem gere as escolas e os professores são os estados e municípios. Por exemplo, a gente tem a redação com inteligência artificial, que é algo incrível, que os países de primeiro mundo não têm. Escrever é uma das forças fundamentais que gera aprendizagem. O cérebro do aluno, ao escrever uma redação, está na potência máxima. Tanto que escrever uma redação cansa. A gente conseguiu que os 900 mil alunos da educação regular fizessem mais de 4 milhões de redações esse ano, apoiados pela inteligência artificial e pelos professores do Paraná. É um exemplo que outros estados estão interessados em implementar - uma ferramenta gratuita, desenvolvida aqui e que a gente faz a cessão para outros estados. Paraná vai ser um exemplo para o Brasil, como o Ceará foi, pelo pacto que fez com os municípios, pela política de ICMS. Pernambuco foi um outro grande exemplo brasileiro, copiado em outros estados pela política de escolas em tempo integral. E o Paraná é mais um exemplo, pela inovação e pela tecnologia. Outros estados estão se inspirando no Paraná para melhorar a educação pública, independente do MEC, que eu acredito que vai se esforçar para fazer boas políticas. O ministro ainda não está definido, mas eu acredito que o ministro sempre se esforça para fazer boas políticas.
O senhor até já mencionou o desempenho bastante apagado do Brasil na avaliação internacional do Pisa. Para além disso, o Brasil não é conhecido por gastar pouco, mas sim por gastar mal na educação, mesmo em estados e municípios. Aqui já falamos também da vinculação do ICMS ao Ideb, mas como avançar com inteligência para aplicação de recursos públicos nessa área?
Existem muitas ações a serem feitas. A principal é olhar a qualidade da aula - isso a gente olhou aqui e é o que os países de primeiro mundo fazem. Quando você põe a energia na qualidade da aula, no apoio ao professor, você maximiza o recurso público.
Você pode gastar muito dinheiro fazendo obras, mas se a aula é ruim, não adianta a sala ser linda.
Quando a gente foca no apoio e no reconhecimento do professor, em criar pontes com as escolas, isso se chama gestão. Você ajuda de verdade a escola. Exemplo: você pode gastar fortunas em formações inúteis para professores - ou quase inúteis e pouco efetivas. Costuma-se trazer o professor de uma região muito distante, gastar com deslocamento, hospedagem, alimentação. Aí coloca-se um palestrante caro, que não conhece a realidade de professor. Ele vai falar de si próprio, das suas experiências, que não tem nada a ver com a realidade do professor. Vai dar uma palestra linda, que dura horas, consumindo o tempo dos professores, mas que não vai ajudá-lo quando retornar para sala de aula. Então você gasta milhões em formação e ela não foi efetiva. No Paraná, a gente faz uma formação de professor para professor. A gente seleciona bons professores, que conhecem a dificuldade e fazem uma formação continuada via internet. Quase todos os nossos professores estão em formação contínua, duas horas por semana, com um professor mentor. É uma formação que os professores adoram porque estão em grupos pequenos. Eles se sentem apoiados e protegidos. O profissional relata, na reunião, que na formação passada treinou a aula de ciências, foi dá-la, mas não conseguiu, porque o aluno não prestou atenção e estava desestimulado. E, como grupo, de 12 a 15 professores de ciências propõem alternativas. Essa formação é quase gratuita, não usa muito do orçamento público, mas é mais eficaz.
Queria explorar informações que o senhor deu nessa resposta da capacitação de professores e resgatar como exemplo uma palestra recente que o senhor ministrou e foi muito elogiada: sim, a capacitação de professores é importante, mas como deixar a aula “menos chata”, que foi o termo que o senhor usou? Qual é o desafio para tornar a aula e o aprendizado mais atraentes?
A ciência tem mostrado que quando você só fica escutando ou, mesmo essa entrevista, se o leitor fizesse uma prova logo depois, ia reter de 20% a 30% da informação, que é o conhecimento passivo. É o mesmo aplicado a quando o professor só expõe, quando ele fala, fala, fala e escreve na lousa, uma aula 100% expositiva. É uma aula que não é dinâmica, extremamente cansativa, na qual o aluno está muito passivo. A gente precisa que o aluno trabalhe durante a aula, que exerça atividades cerebrais ativas, que escreva, participe, faça exercício, dialogue e debata. Esse é o movimento que a gente está fazendo no Paraná. A ponte está construída, então vamos propor ao professor experimentar formas de aula onde o aluno participe e esteja com atividade cerebral maior. É mais interessante e ele retém mais. Óbvio que o professor tem que expor a fórmula de matemática e um conhecimento sobre os átomos. Depois que ele passa esse conteúdo, vamos supor por dez minutos, ele dá um exercício para o aluno escrever o que entendeu da equação, pede para desenhar como os elétrons funcionam ou propõe um debate, por exemplo, sobre a criação de uma usina hidrelétrica numa região tal. Outro tem uma posição contrária à criação da usina hidrelétrica. Ao final desse debate, um tem que citar os dois melhores argumentos que o outro falou. Quando você tem esse debate, o aluno se empodera. É outra aula, é quase uma mágica. Essa é a aula com metodologias ativas e a gestão de sala de aula, onde o professor, mais do que expor o conteúdo, é um indutor que gerencia os alunos participando da aula.
Vindo da iniciativa privada, o que o senhor pode dar de exemplo de entraves que percebeu na prática da máquina pública, para fazer os projetos avançarem?
Isso não é só do Paraná, mas na maioria das esferas públicas existe uma inversão de valores no Brasil - e eu lutei para mudar isso na educação. A política vinha primeiro e a aprendizagem do estudante em segundo. A política é importante, um deputado ou um prefeito ter popularidade, um diretor ser eleito, isso é democracia. Mas infelizmente no Brasil isso é colocado à frente da aprendizagem. E a gente reverteu isso. Eu tive um primeiro ano difícil, porque lutei para que a aprendizagem viesse em primeiro lugar. E eu acredito que a educação no nosso estado conseguiu conscientizar os políticos, os envolvidos em política, de que as suas posições pessoais e a sua necessidade de voto vêm depois da aprendizagem. Foi muito doloroso, porque nem sempre a aprendizagem é popular. Se não está tendo aprendizagem, a gente tem que impor mudanças, que geram desconforto e, obviamente, impopularidade. E aí o nosso recado era: “olha, seus votos são importantes, mas não podem vir em primeiro lugar. Eles vão vir depois do aluno, depois do professor”. Essa foi a grande mudança de cultura que a gente impôs.
O senhor deixa o Paraná com qual avaliação das escolas cívico-militares, que foram ampliadas sob a sua gestão, mas também não atraíram tantos policiais quanto o esperado? O projeto teve agora uma mudança importante, com os militares sendo escolhidos pela própria Educação, e não mais pela Segurança Pública. E também queria que o senhor comentasse as denúncias de assédio e como a pasta lidou com elas.
No geral, a avaliação é boa. As escolas cívico-militares têm a intenção de melhorar a disciplina das escolas, o respeito aos colegas e aos profissionais da educação - e isso está sendo atingido. Quando a gente coloca os policiais na escola, temos os alunos entrando mais no horário, levantando para cumprimentar o professor, um respeito maior. Os pais estão satisfeitos e eu estou satisfeito com o projeto. Ele passou por melhorias. Tivemos dificuldade em atrair policiais e, com a nova legislação, a gente vai conseguir atrair mais. Foi um projeto muito inovador. Sobre os assédios, eles podem ocorrer com qualquer pessoa. A gente tem que evitar ao máximo, então, na hora de recrutar, conseguir essa prevenção. A Secretaria de Educação tem 90 mil profissionais, então infelizmente pode acontecer. A gente criou uma campanha para combater assédio em todas as escolas públicas, o maior programa já feito no estado. A gente virou referência em combate ao assédio. Somos o estado mais rápido para tirar um suspeito de assédio. Na política pública brasileira, infelizmente, primeiro prova-se o assédio - o que demora - e há risco de continuidade de assédio e violência, para depois você tomar as medidas. Como a gente aqui no estado leva o assédio tão a sério, primeiro retira-se o profissional e depois se conclui o julgamento. Essa celeridade protege as crianças e a gente foi muito eficaz.
As tecnologias implementadas receberam críticas, mas são bastante defendidas pela sua gestão. Como elas melhoraram a educação pública do Paraná?
Quando você matricula o seu filho na escola pública, em qualquer escola, da escola indígena até a escola numa grande cidade, ele vai ter programação de computador, ele vai ter redação com inteligência artificial, ele vai ter inglês por aplicativo, pelo qual ele vai poder treinar a fala e a escuta fluentemente. Ele vai ter aula de robótica, ele vai ter matemática unificada nas melhores plataformas do mundo, ele vai ter aula de leitura e acesso de graça aos melhores livros do mercado, atuais, que vão da autoajuda à aventura, da ficção científica à filosofia. Teu filho, na escola pública, vai poder ter aula de oratória para falar em público. Ele vai ter aula de empreendedorismo para poder abrir o próprio negócio. Ele tem aula de educação financeira para ajudar no orçamento familiar. Ele tem aula de liderança para poder interagir e trabalhar em grupo. Ele vai ter lição de casa no computador, no ano que vem. O que o Paraná oferece não tem nas escolas dos melhores países do mundo. Então a gente tem uma potencialidade gigantesca. Outro dia eu quase chorei de emoção quando eu vi um aluno bravo porque ele não estava conseguindo decifrar o código que ia fazer o robô recolher o varal quando começava a chover. É um resultado de muitos possíveis não em uma, mas em todas as escolas do Paraná. Então, eu queria muito que a população do Paraná tivesse essa ciência e esse orgulho.
Para dar continuidade ao projeto no Paraná, o senhor deve estar dando sugestões para o governador Ratinho para o seu sucessor. Como está sendo o seu envolvimento nessa transição?
O governador Ratinho me falou que ele enxerga um nome técnico para a secretaria, que dê continuidade aos projetos. Ele está analisando alguns nomes ainda. Que eu saiba, ele não fechou nome, mas está muito satisfeito com o que a pasta entregou e ele quer alguém à frente da pasta que dê continuidade a essa política pública que mostrou sucesso no seu primeiro mandato.
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