Os paranaenses têm visto crescer o apetite de companhias de fora pelas empresas locais. Foi um crescimento de 20% no número de aquisições deste tipo nos três primeiros trimestres de 2019, comparado ao mesmo período de 2019, segundo a empresa de representação KPMG.
A aquisição das companhias locais não significa necessariamente que as marcas vão desaparecer, mesmo que toda a estrutura de negócios venha a ser alterada. No caso daquelas que criaram uma ligação afetiva com seus clientes e com o Paraná ao longo do tempo, é improvável que deixem de existir. A tradicional Matte Leão, por exemplo, foi vendida para a Coca-Cola em 2007, mas continua no mercado. O grupo norte-americano Sara Lee Corp dissolveu a Café Damasco após adquiri-la em 2010, no entanto manteve a marca.
Existe também o outro lado. A Prosdócimo, que chegou a dominar 25% do mercado nacional de geladeiras, desapareceu após ser incorporada pela Electrolux. Da mesma forma o banco Bamerindus, que em 1997 deu lugar ao HSBC – hoje é Bradesco –, e a farmácia Minerva, que se fundiu nesse mesmo ano à Drogamed, atualmente Nissei.
Esses exemplos se distanciam no tempo e mostram o quanto a marca se tornou um ativo importante e balizador dos casos de aquisições. “Houve uma evolução nos últimos dez anos em relação ao valor que se dá para a marca. Antes comprava-se o que a empresa tinha de estrutura e pessoal. Hoje o valor da marca é grande parte da negociação”, opina o diretor da BrasilSul Propriedade Intelectual, Vasco Coelho Pereira. Segundo ele, a marca chega a representar 60% do montante de uma aquisição.
Em casos nos quais há uma conexão afetiva com a marca, especialmente em relação ao localismo, as companhias compradoras tendem a não mexer nessas questões. “Existe algo chamado notoriedade regional que as empresas que compram precisam avaliar se vale ou não manter a marca. No caso de marcas locais, existe o aspecto da confiança, que é muito forte”, prossegue Pereira.
Para o sócio da KPMG, responsável pelo estado do Paraná e pela área de Clientes e Mercados da região Sul, João Panceri, o caminho mais indicado é manter a marca para não perder a conexão com os clientes. “As empresas tendem a manter o nome. A marca é um ativo muito forte e paga-se pelo nome. Não faz sentido jogar fora, seria como rasgar dinheiro. A marca é muito valiosa e a tendência é permanecer com ela”, reitera o executivo da empresa de representação.
A tendência é que UniCuritiba, Universidade Positivo, Paraná Clínicas, Hospital Santa Cruz e Clinipam tenham suas marcas mantidas. Os grupos que levaram essas empresas já realizaram diversas outras transações do mesmo tipo nos últimos anos e mantiveram ao menos o nome das companhias compradas, passando apenas por reformulações nos logotipos por questões de uniformização.
“Quando você fala da regionalização, é muito importante preservar o legado, o conhecimento daquela marca e o know-how operacional e de relacionamento com clientes da região. Esses são valores que são precificados numa transação. Não se compra para destruir, mas sim para reforçar a marca que se está comprando”, completa Alexandre Pierantoni, diretor de fusões e aquisições da Duff & Phelps.
Relembre as últimas aquisições de empresas paranaenses
Clinipam
R$ 2,6 bilhões
O Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) comprou em novembro o Grupo Clinipam, uma das maiores operadoras de saúde do Sul do Brasil. A operação de R$ 2,6 bilhões envolveu a aquisição da estrutura que inclui dois hospitais, quatro unidade de pronto-atendimento 24 horas, 19 centros clínicos, 1 centro de diagnóstico por imagem, 1 centro de tratamento preventivo e 10 laboratórios de análises clínicas. Além da estrutura física, são 330 mil beneficiários na carteira da Clinipam.
Sistema de educação Positivo
R$ 1,65 bilhão
O Grupo Positivo fechou em maio a venda do sistema de educação Positivo para a Arco Educação, com sede no Ceará, por R$ 1,65 bilhão. O negócio envolve 650 mil alunos e 3 mil escolas conveniadas em todo o Brasil. No acordo também está o fornecimento de material didático para as escolas do Grupo Positivo.
Sepac
R$ 1,312 bilhão
A Sepac, proprietária das marcas Duetto, Paloma, Stylus e Maxim, foi adquirida em agosto pela maior fabricante de papel tissue no Brasil, a Softys. Segundo a multinacional, o valor total do negócio foi de R$ 1,312 bilhão. A Sepac, cuja fábrica fica em Mallet, no Sul do Paraná, é responsável pela produção de dois terços do papel tissue fabricado no estado.
Hospital Santa Cruz e Paraná Clínicas
R$ 900 milhões
O Hospital Santa Cruz e a operadora de planos de saúde Paraná Clínicas foram vendidos em dezembro para a Rede D’Or, maior grupo hospitalar privado do Brasil. O valor do negócio foi de R$ 900 milhões, segundo o jornal Valor Econômico. Em comunicado oficial, a Rede D’Or anunciou a construção da segunda torre do hospital e a instalação de infraestrutura para a realização de cirurgias robóticas.
Universidade Positivo
R$ 500 milhões
Além do sistema de educação, o Grupo Positivo também anunciou em dezembro a venda da Universidade Positivo para o empresa paulista Cruzeiro do Sul Educacional. O negócio gira em torno de R$ 500 milhões e engloba todas as unidades da instituição, assim como as operações do Teatro Positivo e da Expo Unimed, espaços localizados no campus Ecoville, em Curitiba.
Áreas de interesse
Representatividade de setores de empresas paranaenses compradas por outros grupos, em quantidade de negociações, até o terceiro trimestre de 2019.
- Empresas de internet - 27%
- Hospitais e saúde -15%
- Tecnologia da Informação -12%
- Construção Civil - 12%
- Alimentação, Bebidas e Tabaco - 8%
- Madeira e papel - 6%
- Energia - 3%
- Educação - 3%
- Seguros - 3%
Fonte: KPMG
Eleição sem Lula ou Bolsonaro deve fortalecer partidos do Centrão em 2026
Saiba quais são as cinco crises internacionais que Lula pode causar na presidência do Brics
Elon Musk está criando uma cidade própria para abrigar seus funcionários no Texas
CEO da moda acusado de tráfico sexual expõe a decadência da elite americana
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná
Deixe sua opinião