Com um único lance, no valor de R$ 1 milhão de outorga, a área PAR50, destinada a granéis líquidos no Porto de Paranaguá, no Paraná, foi leiloada na tarde desta sexta-feira (24) na Bolsa de Valores do Brasil (a B3, em São Paulo). O lance foi ofertado pela FTS Participações Societárias, declarada vencedora do certame, e que terá o direito ao arrendamento e exploração da área por 25 anos, com o compromisso de investir pelo menos R$ 338 milhões nos próximos três anos.
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O Porto de Paranaguá é o segundo maior do país em movimentação de cargas, ficando atrás apenas do Porto de Santos (SP). “Com o leilão de hoje e essa área sendo arrendada, o porto paranaense se coloca no mercado como mais um player importante atendendo a demanda paranaense e nacional por movimentação de granéis líquidos”, informou Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná.
Ele explicou que 80% da carga de álcool em granel líquido exportada hoje pelo terminal público de Paranaguá vem do estado de São Paulo. “O porto de Santos é líder na movimentação de carga líquida, mas, com problemas de filas, muitos exportadores querem buscar outras opções e aí o Paraná pode ser uma alternativa”, frisou.
O setor sucroalcooleiro é um dos que será atendido pela área arrendada. “Com esse novo investimento, estaremos no mercado com condições de atender melhor e com mais eficiência a demanda deste e de outros segmentos do Paraná e em âmbito nacional”, acrescentou o presidente da Portos do Paraná.
Empresa paranaense vence o leilão
A vencedora do leilão é paranaense e tem sede em Curitiba. Tem 35 anos de atuação no setor portuário. Foi a mesma que arrematou, em 2022, outra área no mesmo porto, a PAR32, para a movimentação de carga geral e açúcar ensacado.
O valor ofertado pela FTS para a PAR50 surpreendeu porque foi bem acima do mínimo estipulado no edital, que era a partir de R$ 1. O diretor institucional da empresa, Alex Ávila, disse que o valor foi definido de forma estratégica. “Chegamos a esse valor a partir da análise de todos os documentos e avaliações de todos os estudos. Fizemos também estudos internos com nossa equipe que analisa os números”, explicou.
Com experiência na movimentação de graneis sólidos e carga geral, a FTS ainda não atua com carga líquida. “Decidimos diversificar, ampliar nosso portfólio para oferecer mais opções aos clientes e aos que queremos conquistar”, pontuou.
Processo travou na Justiça
A participação de uma única empresa interessada no leilão não foi surpresa para o diretor-presidente da Portos do Paraná. Garcia atribuiu a falta de demais interessados, em parte, à demora do processo, que ficou travado por ações judiciais.
“Esse processo levou três anos. Quando iniciamos, falávamos com cinco ou seis interessados, mas como demorou esses investimentos acabaram sendo direcionados para outros portos. Foram oito questionamentos judiciais, todos já liquidados”, informou.
Garcia chegou a dizer que a realização do leilão não é garantia de assinatura de contrato imediato. “Mas, é inconcebível a gente pensar isso tendo feito o leilão agora. Eu fiz referência a uma outra área, leiloada no ano passado, a PAR32. Após o leilão, uma demanda judicial veio e nos impediu de assinar o contrato logo depois, mas vencidas todas as etapas nós assinamos esse contrato”.
Sobre a PAR50, Garcia informou que foram diversos questionamentos nos âmbitos da justiça estadual e federal. “Todas as etapas foram vencidas e superadas demonstrando, sim, que o terminal é possível de ser realizado e todas as demandas por graneis líquidos poderão ser atendidas”, reforçou.
Investimento de R$ 338 milhões com dois novos berços de atracação
O arrendamento da PAR50, localizado no Porto de Paranaguá, tem área aproximada de 85.392 metros quadrados. A área é caracterizada como brownfield, o que garantirá o aproveitamento das estruturas já existentes, além de oferecer maior eficiência operacional.
A nova arrendatária assume a área com a obrigação de investir o valor mínimo de R$ 338,2 milhões em obras de ampliação da capacidade operacional. O investimento inclui a expansão do píer atual, com dois novos berços de atracação, ponte de acesso e estação de carregamento de caminhões. Além disso, os valores serão direcionados também às linhas de dutos e à tancagem adicional (tanques cilíndricos onde os líquidos são armazenados).
Alex Ávila, diretor da FTS, disse que após o êxito no leilão há ainda etapas importantes a serem superadas. “Após a assinatura do contrato e tendo posse da área, nosso planejamento prevê prazo de dois anos”, informou. Mesmo assim, a empresa pode iniciar a operação da área, com a estrutura atual, tão logo seja assinado o contrato. A data da assinatura ainda não está definida. Pelo edital, a arrendatária tem prazo de três anos para realizar todos os investimentos e entregar a área pronta.
Após os investimentos previstos, serão acrescidos à capacidade atual de tancagem mais 49 mil metros cúbicos, totalizando a capacidade estática do terminal em aproximadamente 120 mil metros cúbicos, e com capacidade anual de embarque e desembarque estimada em 1,2 milhões de toneladas, tudo para atender a demanda futura projetada de granéis líquidos.
A maior parte dos granéis líquidos movimentados pelo porto de Paranaguá é de óleo de soja, que representou 61% do total no resultado acumulado de 2023. Os demais produtos são óleo combustível (25%), álcool etílico (7%), biodiesel (5%), soda cáustica (2%) e gasolinas (0,03%). A nova estrutura da PAR50 poderá receber todos esses produtos.
Referência nacional
Este é o terceiro leilão conduzido pela Portos do Paraná desde que o Estado passou a ter autonomia para administrar contratos de exploração de áreas portuárias. Acompanharam o certame na B3, o representante do ministro de Portos e Aeroportos, o secretário executivo da pasta, Roberto Gusmão, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Eduardo Nery, e o secretário nacional de Portos, Frabrízio Pierdomenico.
Roberto Gusmão disse que o investimento previsto para o porto paranaense é significativo para todo o modal. “Espero que todos os portos tenham o mesmo sucesso que estão tendo os Portos do Paraná”, completou.
O diretor-geral da Antaq afirmou que enquanto reguladora, a agência nacional está à disposição para que outras conquistas mais venham para os portos paranaenses. “É um trabalho em sinergia. A agência tem procurado exercer uma regulação cada vez mais responsiva, com um trabalho mais próximo e pedagógico visando o desenvolvimento dos portos e terminais e o atendimento com excelência ao usuário”, disse.
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