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Flores foram deixadas no portão de entrada do Colégio Helena Kolody, em Cambé, como homenagem aos dosi adolescentes mortos a tiros.
Flores foram deixadas no portão de entrada do Colégio Helena Kolody, em Cambé, como homenagem aos dosi adolescentes mortos a tiros.| Foto: EFE / Filipe Barbosa

Em 25 anos de profissão, o caso da morte dos dois estudantes do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Norte do Paraná, foi o mais breve em que o advogado Marcelo Gaya, especialista em Direito Penal, esteve à frente. Por menos de 24 horas, Gaya foi o responsável pela defesa do jovem de 21 anos, ex-aluno do mesmo colégio, que entrou na escola na manhã da última segunda-feira (19) e atirou contra os dois adolescentes. Karolina Verri Alves, de 17 anos, morreu na hora. Luan Augusto, de 16 anos, namorado de Karolina, morreu na madrugada de terça-feira (20). Na noite do mesmo dia 20, o jovem que disparou contra as vítimas foi encontrado morto na cela onde estava preso, na Casa de Custódia de Londrina.

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O advogado relatou com exclusividade à Gazeta do Povo nesta quarta-feira (21) que esteve com o ex-aluno, preso em flagrante pela morte dos adolescentes, na manhã de terça pouco antes da audiência de custódia. No encontro, o rapaz teria dito que teve um mentor para o crime. “Foi uma conversa muito rápida e ele me disse que teve um mentor. Perguntei se era espiritual, ele disse que não. Perguntei se era a outra pessoa presa, ele também disse que não. A polícia está investigando, levou muitas provas, e se existe este terceiro envolvido, acredito que a polícia chegue até ele”, afirmou.

Acusado queria saber se o caso teve repercussão

O acusado teria comentado ainda que haveria um segundo atentado simultaneamente ao que ele realizava, mas que foi “enganado, abandonado”. “Não sei onde seria esse ataque. Não sei se foi algo pensado pelas redes sociais. As investigações podem apontar isso. Ele também me perguntou se (o caso) repercutiu pelo Brasil”, destacou.

Gaya conta que decidiu assumir o caso após uma entrevista com a família do suspeito, ao identificar que se tratava, segundo sua própria apuração, de uma pessoa com problemas de saúde mental. De acordo com o advogado, o agressor fazia uso de medicamentos controlados desde os quatro anos de idade e apresentava um quadro de esquizofrenia.

Agressor teria sido vítima de bullying

Segundo Gaya, o agressor teria sido vítima de bullying na mesma escola, onde havia estudado anos antes, por sofrer de esquizofrenia. “Ele me contou que sofreu muito e não parava de pensar que queria se vingar do Estado, mas também disse que estava arrepeendido do que fez”, relatou o advogado.

Na conversa que teve com o rapaz, o jovem teria dito ainda ao advogado que, como estava sem medicamentos há dois dias, estava tendo alucinações. “Eram medicamentos controlados, a família estava providenciando, eu disse isso a ele”, reforçou.

O advogado acredita que o jovem tenha, de fato, tirado a própria vida. “Na conversa que tivemos, ele comentou que acreditava que não deveria mais estar aqui. Ele também indicou um caderno - seu pai o trouxe para mim e o entreguei à polícia - e nesse caderno havia várias menções sobre isso”, completou.

Segundo advogado, preso pelo crime não conhecia as vítimas

O jovem também teria negado ao advogado que conhecia as vítimas e que a escolha foi aleatória. “Ele queria um rapaz alto e uma moça bonita, foi o que me disse. Eles não se conheciam”, afirma.

O advogado lamentou o fato de mais uma família estar em sofrimento diante das circunstâncias trágicas e afirmou que o outro suspeito de envolvimento na articulação do ataque estava na mesma cela do acusado, encontrado morto.

Deppen instaurou procedimento para investigar morte na cela

O Departamento Penitenciário do Paraná instaurou um procedimento para apurar os fatos que levaram à morte do agressor. A Polícia Civil não deu mais detalhes sobre as investigações, e por meio de nota apens confirmou que segue investigando o caso. A causa da morte do jovem não foi informada, nem pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) nem pela Polícia Civil.

No fim da tarde desta quarta-feira, o Ministério Público do Paraná publicou nota afirmando que, “ao tempo que lamenta profundamente o condenável delito praticado contra os estudantes do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, Norte do estado, não pode deixar de garantir que as circunstâncias que envolveram a morte do autor do crime sejam, em idêntico sentido, eficaz e rigorosamente apuradas, considerando o pressuposto de que a vida é um bem maior a ser exemplarmente tutelado em todo Estado de Direito”.

A Procuradoria-Geral de Justiça do MPPR designou os promotores de Justiça Jorge Barreto da Costa e Leandro Antunes Meirelles Machado, integrantes do Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), para acompanhar as investigações.

Outro suspeito de envolvimento nos crimes foi preso em Pernambuco

Um jovem de 18 anos foi preso na tarde desta quarta-feira na cidade de Gravatá, em Pernambuco, suspeito de estar relacionado com o ataque ao Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé. A prisão foi pedida pela Polícia Civil do Paraná, e realizada pela polícia daquele estado.

Um outro homem, de 21 anos, também foi preso na noite de segunda-feira (19). Assim como o jovem de Pernambuco, ele é suspeito de ter participado, de alguma forma, da preparação do ataque à escola. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP) não deu mais informações sobre a possível participação desses dois suspeitos no caso, e por meio de nota apontou que as investigações seguem sendo realizadas.

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