O retorno das aulas presenciais nas escolas particulares há pouco mais de um mês no sistema híbrido, com parte assistindo o conteúdo on line e apenas 30% da ocupação das salas, não gerou nenhum impacto epidemiológico na pandemia de Covid-19 em Curitiba. E a perspectiva é de que a educação ganhe ainda mais segurança para ampliar a retomada com o início da vacinação dos professores, conforme determinação do governo do estado semana passada. A avaliação é do médico infectopediátrico Victor Horácio de Souza Costa Jr, que atua como consultor na implantação de protocolos sanitários nas escolas particulares na pandemia de Curitiba e é vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe (HPP), referência nacional em saúde infantil.
Receba em seu WhatsApp notícias de Curitiba e do Paraná
"A partir do momento em que estamos praticamente um mês com o retorno das aulas em andamento e não tivemos impacto epidemiológico com aumento do número de casos de Covid-19 em crianças, significa que está funcionando", enfatiza o médico.
Porém, Costa Jr alerta que se a pandemia voltar a se agravar, como foi em março, quando a prefeitura de Curitiba chegou a decretar lockdown para frear a aceleração da transmissão do coronavírus, as escolas podem voltar a fechar. Por isso, enfatiza o pediatra, não só as escolas, mas também as famílias precisam seguir à risca todas as prevenções da Covid-19. Lembrando que nesta segunda-feira (10) parte da rede estadual de ensino também retorna às aulas presenciais no sistema híbrido.
Até porque, acredita o médico, será difícil não haver uma terceira onda de infecções no país se o ritmo da vacinação da população seguir lenta. O que atrapalharia a recuperação de problemas adquiridos pelas crianças pelo tempo em que ficaram longe da escola, como distúrbios de comportamento e do sono, obesidade, ansiedade, entre outros. "O momento agora é de ter família, escola e pediatra trabalhando juntos para a criança poder vencer os traumas que adquiriram pelo excesso de tempo que ficaram fora da escola.
Confira a entrevista:
Qual avaliação o senhor faz desse período de pouco mais de um mês do retorno das aulas presenciais nas escolas particulares?
A partir do momento em que estamos praticamente um mês com o retorno das aulas em andamento e não tivemos impacto epidemiológico com aumento do número de casos de Covid-19 em crianças, significa que está funcionando. As escolas estão seguindo os protocolos, disponibilizando equipamentos de proteção individual aos professores e funcionários e monitorando os comportamentos necessários das crianças na prevenção.
Essas ações, junto com o comprometimento dos pais com relação às medidas epidemiológicas de proteção fora da escola, no sentido de não aglomerar, de manter o distanciamento o social, de promover mais a higienização das mãos, estão dando resultado. Esse conjunto de atitudes faz com que hoje tenhamos um número reduzido de crianças infectadas. O ambiente escolar hoje não é epidemiologicamente onde se percebe o número de casos de Covid aumentando.
Ou seja, sem a conscientização das famílias fora do ambiente escolar seria mais difícil se obter bons resultados dos muros das escolas para dentro.
Se formos observar, quando houve aumento no número de casos? Foi no fim de ano, com festas de Natal e ano novo, foi na Páscoa, ou seja, em feriados em que o pessoal e as famílias em geral viajam, se encontram, não respeitam as medidas de prevenção. Então fatalmente isso fez com que os casos aumentassem.
Mas, lógico, tem que também manter o monitoramento dos casos, pois caso venha a ter aumento, a gente vai ter que cancelar de volta [as aulas presenciais]. E vai ter a terceira onda. Então temos que estar atentos.
O que leva o senhor a acreditar que termos uma terceira onde de casos de Covi-19?
Gostaria muito de que não tivéssemos a terceira onda de Covid-19. Mas se caminhar nessa velocidade de vacinação, fatalmente vai ter. A gente não está tendo uma velocidade adequada da vacinação, o que compromete bastante.
Qual o peso da vacinação na manutenção das escolas?
O que pode melhorar no momento é a vacinação dos professores. Colocar o professor como grupo de risco, como prioridade, reforçaria ainda mais o trabalho da escola. Seria o ideal, porque com os protocolos sanitários já sendo preconizados nas escolas, os pais não veem a hora de mandar as crianças para a escola com ainda mais segurança.
Hoje a gente tem a pandemia de Covid, mas tem outra pandemia muito maior que são os distúrbios de comportamento na população pediátrica. Aumentou muito o número de casos de crianças com distúrbio do sono, com ansiedade, obesidade, além de tentativas de suicídio, gravidez na adolescência, maus tratos com as crianças. Então é óbvio que a gente tem que avaliar os riscos de mandar para a escola, mas também em que entender que existe outros riscos de a criança não ir.
Desde que as aulas presenciais voltaram nas escolas particulares já deu para notar um avanço das crianças em relação a esses distúrbios gerados pela pandemia?
De uma forma geral, ainda não, mas em algumas crianças individualmente, sim. O problema é que a quantidade de crianças chegando aos consultórios pediátricos com distúrbios de comportamento, com comprometimento da saúde mental, aumentou muito nos últimos meses e continua aumentando.
A partir do momento em que você tem protocolos de segurança adequados no sentido do uso da máscara, de equipamentos de proteção individual com os professores e funcionários e adesão família aos protocolos também em casa, a gente tem a escola como ambiente seguro. O momento agora é de ter família, escola e pediatra trabalhando juntos para a criança poder vencer os traumas que adquiriram pelo excesso de tempo que ficaram fora da escola.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná