O Paraná importou mais no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. O aumento no volume de importados foi de 17%. Em valores, a variação foi maior, chegando a 38% - em grande parte por causa do dólar alto. Precisar importar mais pode parecer, em um primeiro momento, uma má notícia, mas não é bem assim.
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"Seria ruim se estivéssemos importando carne ou açúcar, mas estamos importando componentes eletrônicos, autopeças e peças para máquinas e equipamentos”, informa Evanio Felippe, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
“São itens usados por nossas indústrias para fabricar produtos de elevado valor agregado”, diz, acrescentando que os setores metalmecânico, eletroeletrônico e automotivo estão entre os que mais importaram.
“As indústrias estão dinâmicas e em plena atividade. Nesse cenário, o aumento das importações é positivo”, analisa o economista. Felippe observa, no entanto, que o movimento ainda não representa uma recuperação das perdas do segundo trimestre do ano passado, provocadas pela pandemia.
O grande volume de importação pelo Paraná se justifica. A indústria automotiva é uma das mais importantes e dinâmicas do estado. A segunda, em participação no PIB, ficando atrás apenas das indústrias de alimentos. E 60% de um automóvel são peças e componentes eletrônicos importados. É a chamada tecnologia embarcada, presente na maioria dos veículos.
Volvo importou mais peças para produzir mais caminhões
A Volvo, que fabrica caminhões na Cidade Industrial de Curitiba, confirma que importou mais peças no primeiro semestre desse ano em comparação com igual período do ano passado. “A busca por peças no mercado externo aconteceu na mesma proporção que no mercado interno. Só buscamos fora o que não se fabrica aqui”, diz Alexandre Parker, diretor de assuntos corporativos.
Segundo ele, o aumento das compras de peças e componentes acompanhou o crescimento do mercado, de 53% em caminhões semipesados e de 62% nos pesados no primeiro semestre desse ano em comparação com igual período de 2020, de acordo com dados da Anfavea. “O mercado está forte porque ficou represado. Estamos ainda em uma fase de recuperação”, opina Parker.
É uma retomada porque foi um setor fortemente impactado no começo da pandemia, com várias indústrias parando quase que totalmente. Segundo a Fiep, a produção de veículos em maio de 2020 caiu cerca de 90% em comparação com maio de 2019.
“O aumento das importações pelo setor significa que a indústria automobilística está vendendo e isso sinaliza a saúde da economia como um todo, voltando”, diz Alcino Tigrinho, presidente do Sindimetal Paraná, que representa as indústrias do setor metalmecânico.
“Grande parte dos itens de maior valor agregado de um automóvel é importada. Na medida em que a produção de carros aumenta, aumentam as importações dos componentes”, endossa Benedicto Kubrusly Júnior, diretor do Sindipeças Paraná.
Crescimento das importações do PR superam o das exportações
As importações paranaenses totalizaram US$ 7,9 bilhões no primeiro semestre de 2021, enquanto em igual período do ano passado chegaram a US$ 5,7 bilhões. O crescimento, de 38%, foi maior que o aumento verificado nas exportações no período, que cresceram 14%, passando de US$ 8 bilhões para US$ 9 bilhões.
A movimentação alterou o saldo da balança comercial paranaense. Embora tenha fechado o semestre com resultado positivo de US$ 1,206 bilhão, ficou 47% abaixo do registrado no primeiro semestre de 2020, quando o resultado foi de US$ 2,282 bilhões. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.
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