Mesmo com a pandemia de Covid-19 e as consequentes restrições e recomendações para ficar em casa, o número de mortes no trânsito de Curitiba aumentou no ano passado. Segundo relatório do programa Vida no Trânsito, 181 pessoas perderam a vida em acidentes ocorridos nas ruas, avenidas e rodovias que cortam a capital paranaense em 2020, aumento de 7,1% em relação a 2019 (foram 169 óbitos no ano retrasado).
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Embora entre 2011 e 2020 Curitiba tenha acumulado redução de 41,6% no número de vítimas fatais no trânsito, o índice do ano passado é o mais alto desde 2016, quando a cidade teve 196 mortes. O relatório do programa Vida no Trânsito é sempre divulgado em maio, quando é realizado o Maio Amarelo, conjunto de iniciativas de conscientização com o objetivo de reduzir a violência no trânsito.
A superintendente de trânsito da prefeitura de Curitiba, Rosangela Battistella, credita o aumento de 2020 à maior demanda por serviços de entrega devido à pandemia: ocupantes de motocicletas representaram 69 das 181 mortes no trânsito curitibano e foram as principais vítimas fatais de acidentes. Em relação a 2019, o número de óbitos desse grupo cresceu 27,8% (foram 54 mortes no ano retrasado).
“Esse acréscimo de mortes de motociclistas foi basicamente por maior utilização de serviços de entrega, de delivery, tivemos um aumento expressivo do número de motos circulando em Curitiba”, aponta Battistella.
No ano retrasado, pedestres haviam representado o maior número de vítimas fatais no trânsito curitibano, 76 ao todo, mas em 2020 esse índice caiu para 65 óbitos (queda de 14,5%). O número de ocupantes de carro que morreram em acidentes cresceu 26,1%, mas num patamar em números absolutos bem inferior, passando de 23 para 29 mortes.
“Além do número de mortes ser bem menor [do que de pedestres e ocupantes de motos], tivemos duas ocorrências com mais de uma morte de ocupantes de carros”, relata a superintendente. A estatística é completada por mortes de ocupantes de outros meios de transporte (bicicleta, caminhão e ônibus).
Battistella descreve que outra explicação para o crescimento de 2020 é que o fato de haver menos veículos circulando nas ruas pode ter levado muitos condutores a um “relaxamento” e a circular acima dos limites de velocidade. “O excesso de velocidade é a segunda principal causa de acidentes de trânsito, atrás apenas da ingestão de bebida alcoólica. E, claro, há muitas ocorrências com combinação das duas coisas”, destaca.
Mesmo com a expectativa de fim da pandemia, conforme a vacinação contra o novo coronavírus avança, a superintendente projeta que o hábito de utilizar mais serviços de entrega deve permanecer nos próximos anos.
“Para muita gente, ficou uma situação cômoda. Muitas pessoas estão em trabalho remoto e usando mais o delivery, e devem seguir assim mesmo depois da pandemia. É um novo modo de vida. É até saudável a questão da mobilidade ativa, com as pessoas percorrendo mais pequenas distâncias da sua casa, a pé ou de bicicleta”, explica.
Contra a violência no trânsito, a prefeitura de Curitiba aposta no novo padrão de limite de velocidade até 50 km/h, que está sendo adotado em 94% das vias da capital, e no novo sistema de radares, por meio do qual o número de faixas de rolagem monitoradas está saltando de cerca de 550 para 804.
“Os novos radares têm um laço virtual e pegam todo o pavimento. O anterior tinha laços (fixados no asfalto) e muitos motociclistas desviavam”, compara Battistella, que argumenta que há uma tendência mundial de diminuição das velocidades máximas permitidas dentro das cidades e que, para obter financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para projetos de mobilidade, a prefeitura adotou o conceito Visão Zero, que prega que nenhuma morte no trânsito é aceitável.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) de Curitiba instaurou 86 inquéritos policiais relativos a óbitos no trânsito em 2020. Até o momento, ficou comprovado excesso de velocidade em oito destes casos, mas parte desses acidentes ainda está sendo investigada. Dos 86 inquéritos, a Polícia Civil já elucidou mais de 90% e concluiu 31 deles. Para a conclusão do restante, mesmo que elucidados, ainda faltam perícias e diligências.
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