No Paraná, de acordo com a Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), 70% dos produtores sofrem sem acesso à internet.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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A modernização do setor agropecuário brasileiro nos últimos 50 anos rendeu ao Brasil o status de potência em produção e exportação de alimentos mundo afora. O impacto positivo do país no segmento, entretanto, poderia ser ainda mais destacado, não fossem os problemas relacionados à tecnologia no campo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 72% das propriedades rurais do país não possuem acesso à internet. No Paraná, de acordo com a Federação de Agricultura do Estado (Faep), 70% dos produtores sofrem com o mesmo problema.

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Para o técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR, Nilson Hanke Camargo, os altos custos de uma internet de qualidade têm dificultado a ampliação da cobertura no meio rural. “Nós temos milhares de pequenos produtores que não conseguem pagar por uma internet de qualidade em suas propriedades. Há um momento em que eles precisam fazer uma escolha do que é primordial para o sustento da lavoura. Por isso, se faz necessária a presença de políticas públicas que auxiliem esses e tantos outros que poderiam contribuir ainda mais com a economia do país”, destacou.

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O desafio da questão orçamentária é corroborado pelo diretor técnico da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Benno Henrique. Para ele, a tecnologia está em evolução e não há impeditivos para tal melhora, mas os custos seguem como entrave no desenvolvimento para o acesso à internet.

“A questão é o custo. Inevitavelmente, ele tem se tornado um obstáculo em todo o país. O que se espera são políticas públicas que ajudem a minimizar, porque a tecnologia por si só, o Brasil tem de sobra. E quando não temos, buscamos as melhores referências para adequarmos à nossa realidade”, explicou.

Números divergentes

Apesar da convergência de opiniões quando o assunto é o alto custo da internet no meio rural, Benno apresenta números diferentes dos apontados pela Faep, no Paraná. Segundo o técnico da Seab, 85% dos produtores do estado, em algum momento, têm acesso à internet. Ele acredita que os números menores estão relacionados à falta de acesso fixo, por cabo ou rádio.

“Todos esses têm, ao menos, um smartphone com acesso. Os números que detemos são os que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) nos apresenta e se tratam de rede móvel”, esclarece.

Benno acrescenta que apesar de ser oriunda de concessão, muitas empresas atuam nas instalações pelo interior do Paraná e, por esse motivo, não existe um mapeamento completamente assertivo.

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“Especialmente por rádio, é muito complicada essa mensuração. Mas eu duvido que algum produtor não tenha um whatsapp. Existem comunidades que não tem luz, mas tem internet com wi-fi. Pode não ser essa com fibra óptica, roteador, mas algum tipo eles têm”.

Internet é parte do desafio

Apesar da discordância nos números de produtores cobertos pelo acesso, tanto a Secretaria de Agricultura quanto a Faep concordam que não basta ter a internet, mas deve-se levar um projeto ousado que ampare todo o sistema operacional de uma propriedade rural.

“Não adianta ter uma internet 3G e demorar um dia para baixar um vídeo. Lógico que temos que melhorar a cobertura, mas levar um acesso de qualidade para que o produtor faça uso de todo o potencial da rede”, enfatizou Benno Henrique.

Na mesma esteira, Nilson Hanke, da Faep, frisa que o mais trabalhoso para o setor é levar o amparo operacional à lavoura da forma que ela necessita. Como possibilidade de melhoria, cita o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, o Fust. O fundo pode ter recursos alocados na inclusão digital graças ao Projeto de Lei 1.938/2022.

“O Fust poderá levar internet aos produtores que estão em regiões distantes dos grandes centros urbanos, além de favorecer uma ampliação significativa da produção agropecuária. Ele vale tanto para serviços prestados em regime público quanto privado. É uma alternativa interessante e que movimenta uma grande quantia que pode servir para diminuir as distâncias de qualidade e desigualdades em telecomunicações”, concluiu.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]