• Carregando...
Como a parceria com a iniciativa privada reergueu dois cartões-postais de Curitiba
| Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo

O amplo pacote de atrações para o Parque das Pedreiras (conjunto de Ópera de Arame e Pedreira Paulo Leminski), divulgado com exclusividade para a Gazeta do Povo pela empresa que faz a gestão do local, mostra um saldo interessante da união entre poder público e privado. Antes com dificuldades de andar com as próprias pernas, os espaços, que vão bem, parecem ter um futuro ainda mais promissor.

RECEBA as notícias de Paraná pelo WhatsApp

De acordo com a DC Set, que tem a concessão do parque até 2037, a oferta de mais atrações na Ópera e Pedreira vem justamente na esteira de fazer melhor gestão do negócio funcionar -- objetivo primordial das concessões. “É uma busca de alternativas, através destes empreendimentos, para aumentar a visitação. A Pedreira, só pelo que ela é [um espaço para grandes shows] não é um bom negócio, então estamos procurando alternativas para crescimento do faturamento”, aponta Hélio Pimentel, sócio da DC Set e vice-presidente de Operações do parque. “Em janeiro, fevereiro, junho, julho e agosto, a Pedreira quase nunca tem show porque, ou é frio, ou é período de férias”, lamenta.

Ópera e Pedreira deixaram as asas da prefeitura de Curitiba em 2012, após um processo licitatório que garantiu a gestão à DC Set por 25 anos.

De posse dos pontos turísticos, a empresa concessionária se comprometeu a fazer a administração e manutenção dos espaços, ganhando com a bilheteria das visitações e com a locação do espaço para que produtoras promovam shows. Parte dos ganhos é devolvida para o município. Mas, o ponto principal é dar uma atenção a esses empreendimentos que os órgãos públicos dificilmente alcançariam. Ou, se alcançassem, exigiria muito dinheiro do contribuinte.

Deu certo. Se, na Ópera de Arame, o calendário de eventos pré-concessão andava escasso por conta – principalmente por conta da falta de manutenção do espaço (chegou-se a barrar shows de rock para que não causassem danos à estrutura) –, hoje tem boa agenda no ano, além de ter se tornado um ponto turístico para mais do que meia dúzia de fotos.

O Vale da Música, inciativa mais recente, tem estendido o tempo de permanência dos visitantes no local – de pouco menos de meia-hora para cerca de 1h30. É que por ali, além de apreciar a beleza do teatro, o visitante pode acompanhar diariamente shows de música instrumental em um palco flutuante à frente de um bar cosmopolita. São 200 horas mensais de apresentações, a maioria executada por artistas locais. Dezenas de milhares de pessoas passam aquelas catracas mensalmente.

Da mesma forma, a Pedreira Paulo Leminski que havia sido fechada em 2008 reabriu em 2014, após uma longa batalha da concessionária com o Ministério Público, colocando Curitiba novamente no roteiro de grandes festivais e shows internacionais. Um dos últimos, da banda norte-americana Bon Jovi, levou mais de 20 mil pessoas ao palco aberto – o maior da América Latina – no fim de setembro.

Município recebe parte dos ganhos

Uma troca, claro, não sem custos. Por contrato, a DC Set precisou revitalizar ambos os espaços. As obras custaram perto de R$ 20 milhões, diz Hélio Pimentel. “Ópera e Pedreira foram revitalizadas inteiramente. Da Ópera, só restou basicamente as estruturas de ferro e as cadeiras de plateia. Refizemos partes elétrica e hidráulica, cobertura, policarbonato [no teto e laterais], sistema de para-raios. Na Pedreira, o palco foi refeito. Esses equipamentos não tinham condições operacionais de funcionamento”, relembra.

Não apenas. A concessionária repassa mensalmente 5% de toda a renda bruta (dinheiro da bilheteria de visitação e de eventos próprios) para o município. De 2017 para cá, anos da gestão de Rafael Greca (DEM), esse montante somou cerca de R$ 600 mil. Segundo Alessandra Paluski, superintendente de Administração da Secretaria de Administração e de Gestão de Pessoal da prefeitura de Curitiba, esse valor costumava ser gerido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC). A fundação dividia o montante em duas partes iguais: 50% para a própria FCC e 50% para a Secretaria do Meio Ambiente.

A verba era usada em programas que beneficiavam ambas as áreas. Com a reforma administrativa municipal implantada pelo prefeito Rafael Greca (DEM) em junho, o dinheiro começou a migrar para a Secretaria de Administração, que instaurou área específica para tratar de concessões e outras parcerias com a iniciativa privada.

“Se fôssemos imaginar, a gestão de um espaço como esses exigiria inúmeros contratos da prefeitura para serem geridos. Hoje, temos um só contrato [com a DC Set] que evita o desperdício dos recursos para fazer funcionar toda essa máquina. O custeio de ter funcionários para venda, para atendimento, para limpeza e conservação, para toda a questão ambiental, segurança. A gente tem todo um acompanhamento na fiscalização e o concessionário também monitora e exige responsabilidade de seu produtor quando ele aluga o espaço”, diz a superintendente.

É uma avaliação positiva, que a área de Paluski pretende estudar para replicar. “Além dos R$ 600 mil de outorgas, o município recebe dinheiro indireto. Esses grandes eventos [realizados nos dois espaços] acabam trazendo outros números que a gente não consegue quantificar. Movimenta o turismo da cidade, a rede hoteleira, as visitações. Vai além do repasse mensal”, diz a gestora pública. O principal ganho não quantificável para o município vem em forma de impostos de serviço, o ISS, que é arrecadação de caráter municipal. Outros espaços de Curitiba funcionam no mesmo modelo de concessão, como a Rua 24 horas e o pavilhão de exposições do Parque Barigui.

Na visão da concessionária, o modelo “é muito positivo porque evita problemas”. “É como no Museu Nacional [no Rio de Janeiro]. Se estivesse na iniciativa privada, provavelmente não teria acontecido aquilo lá [o museu foi destruído por um incêndio em 2018, fruto, em parte, da negligência do poder público]”, defende Pimentel. “Curitiba ganhou dois espaços totalmente reformulados e de fundo cultural, gerando receita para o município. Há uma gestão profissional e técnica destes espaços, além da manutenção, geração de emprego e aceleração de toda a cadeia produtiva”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]