Com corte de aproximadamente R$ 663 milhões no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o governo do estado e a bancada paranaense no Congresso se articulam para angariar recursos para continuidade da pesquisa da vacina de Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A proposta é garantir no mínimo R$ 30 milhões para os testes na fase clínica que a universidade pretende fazer ainda em 2021. Esta é a etapa mais cara do estudo, quando o imunizante é aplicado em voluntários para avaliação da eficácia. O valor, entretanto, pode chegar a R$ 50 milhões.
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O primeiro passo será a bancada de deputados federais e senadores paranaenses garantir R$ 10 milhões em emenda impositiva. “A bancada do Paraná vai conseguir viabilizar os recursos necessários para que a questão financeira da vacina da Universidade Federal seja resolvida”, garante o deputado Toninho Wandscheer (Pros), líder da bancada em Brasília, em entrevista ao site da UFPR.
Como contrapartida, o governo do estado, através da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), financiaria outros R$ 10 milhões. “Se a bancada em Brasília garantir os R$ 10 milhões, o estado banca a contrapartida no mesmo valor, seja por recursos do próprio governo ou de parceiros, como a Assembleia Legislativa, que se colocou à disposição para aplicar dinheiro da sobra anual na pesquisa”, explica o superintendente da Seti, Aldo Nelson Bona.
“Inicialmente, o governo federal iria dispor R$ 200 milhões para apoiar pesquisas de vacinas da Covid-19 no país. Mas esse recurso foi vetado, o que levou os secretários estaduais de Ciência e Tecnologia a levarem essa preocupação ao ministro Marcos Pontes semana passada. Dessa forma, esperamos que a bancada paranaense consiga obter o recurso”, aponta o superintendente da Seti.
Com o governo federal a negociação seria para que o financiamento alcançasse R$ 30 milhões. Porém, com o cenário de cortes no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a possibilidade maior é de se trabalhar com uma contrapartida menor da União. “Os R$ 50 milhões seriam para bancar todo o custo da fase clínica da pesquisa. Mas já temos uma rede de hospitais públicos que pode diminuir o custo desse processo”, explica o superintendente da Seti.
A proposta já foi encampada por alguns congressistas durante apresentação da pesquisa da UFPR semana passada, entre eles os deputados Gustavo Fruet (PDT), Zeca Dirceu (PT), Luiza Canziane (PTB), Rubens Bueno (PSB), além do senador Flávio Arns (Podemos).
Fase pré-clínica
A busca por recursos para a fase clínica de testes, entretanto, vai depender da evolução do atual estágio da pesquisa, na fase laboratorial, enfatiza o superintendente da Seti. Segundo Aldo, a fase pré-clínica, que teve repasse de R$ 995 mil do governo do estado para custear bolsas de estudo e insumos, está evoluindo bem. Porém, só dentro de cinco a seis meses será possível saber se a pesquisa poderá avançar para os estudos clínicos.
“Se a fase pré-clínica terminar bem, aí sim poderemos encaminhar o pedido de autorização à Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para começar os testes com aplicação em pessoas”, enfatiza Bona.
Feita a partir de insumos nacionais, o que reduz consideravelmente o preço da dose, a vacina da UFPR já apresentou resultados positivos ao ser testada em animais. Além disso, o imunizante é multifuncional – ou seja, sua base pode ser reconfigurada para ser aplicada em outras doenças, como dengue, zika vírus, leishmaniose e chikungunya. A previsão é de que a vacina paranaense da Covid-19 esteja pronta para ser aplicada em 2022.
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