Curitiba trocou semana passada a bandeira vermelha, de risco alto para a Covid-19, e consequentemente restrições mais rigorosas, pela bandeira laranja, de risco médio e menos proibições. A alteração trouxe alívio a diferentes setores econômicos cuja liberdade de atuação depende dessa sinalização. O uso de bandeiras coloridas para indicar o tamanho da crise - e do rigor das medidas de prevenção - não é exclusividade da capital. No interior, as prefeituras de Guarapuava (Centro-Sul) e Toledo (Oeste), por exemplo, também adotaram esse sistema para balizar a orientação à população e o enfrentamento à pandemia de Covid-19.
Se a ideia é a mesma, o significado de cada bandeira colorida - e suas restrições - varia de acordo com o município e seu cenário epidemiológico. E não é uma realidade apenas local. Se a pessoa viajar para outro estado, também será necessário prestar atenção para o significado das cores: no Rio de Janeiro, por exemplo, não existe bandeira preta acima da vermelha, mas a roxa, que aponta para a situação epidemiológica mais grave, de risco muito alto.
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Em Toledo, onde o sistema de bandeiramento é utilizado desde o ano passado, a bandeira mais restritiva, até uma semana atrás, era a bandeira roxa. O agravamento da pandemia - com a Matriz de Risco extrapolando os 35 pontoss - levou as autoridades locais a criar mais uma classificação no grau de alerta: a bandeira preta, que indica extremo risco para a Covid. Mesmo assim, o bandeiramento não necessariamente indica medidas tão rígidas quanto em outras cidades. O município também considera fatores epidemiológicos e de capacidade do sistema de saúde para definir a cor vigente.
Apesar do nome sugerir uma medida mais radical, a bandeira preta em Toledo não significa total lockdown. O decreto vigente até a próxima quinta-feira (17) autoriza o funcionamento, ainda que com capacidade reduzida, de atividades comerciais, industriais e de prestação de serviços, religiosas, educacionais, inclusive academias de ginástica e atividades com orientação de profissional de educação física, de segunda-feira a sábado das 5 às 20 horas. Regras mais drásticas previstas no município, mas menos rígidas do que as da bandeira vermelha recém-encerrada em Curitiba. Neste domingo (13), o comércio só pôde funcionar com delivery.
“Quando começamos a divulgar as bandeiras, muitas pessoas perguntavam o que vinha depois da roxa. Percebemos que muita gente não estava se dando conta da gravidade da pandemia e por isso criamos a bandeira preta, para chamar atenção para que as pessoas tomem cuidados para evitar a transmissão do vírus”, relata Fernando Pedrotti, diretor geral de Saúde e integrante do Centro de Operações Emergenciais (COE) de Toledo, grupo que criou a nova classificação.
“Curitiba, São Paulo, Rio Grande do Sul, cada um tem uma Matriz de Risco diferente. Ela é uma matriz de comunicação com a sociedade. A Matriz de Risco reflete o que aconteceu há duas semanas, não o momento. Já tivemos momentos em que a Matriz de Risco estava com pontuação alta, mas a situação estava melhor, e em que a situação estava ruim e a Matriz de Risco, baixa. Quisemos chamar a atenção da população e tivemos um grande retorno”, argumenta.
Pedrotti ressalta que “o COE é um órgão consultivo, e a decisão final (sobre restrições) é sempre da administração municipal”, mas destaca que bandeiras mais extremas não serão “necessariamente” acompanhadas por lockdowns.
“Um fator que precisa ser considerado é que medidas isoladas não têm resultados, elas precisam ser tomadas por uma região. Ou fazemos algo macro, ou não conseguimos adesão significativa”, justifica, citando que o sistema de saúde de Toledo atende moradores de municípios vizinhos.
Guarapuava segue o padrão de cores de bandeira de Curitiba
Em Guarapuava, o sistema de bandeiras passou a ser utilizado após decreto assinado pelo prefeito Celso Góes (Cidadania) no último domingo (6). Mas, mesmo antes do bandeiramento ser adotado, as medidas tomadas pela administração municipal vinham sendo semelhantes às de Curitiba. Nas três semanas anteriores ao decreto, foram impostas restrições como funcionamento de comércio, bares e restaurantes exclusivamente na modalidade delivery, assim como determinado na capital durante a vigência da bandeira vermelha.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o número de casos ativos de Covid-19 diminuiu em Guarapuava, e o sistema de bandeiramento foi "inaugurado" com bandeira laranja na segunda-feira (7). O toque de recolher passou a ter início às 22 horas (antes, era 20 horas); o comércio, restaurantes, cafeterias, lanchonetes e bares puderam retomar o atendimento presencial, com limites de ocupação; clínicas de estética, salões e barbearias também tiveram a reabertura autorizada, só com agendamento; academias e clubes esportivos igualmente voltaram a atender, também com limitações de capacidade.
A prefeitura de Guarapuava informa que a Matriz de Risco é definida a partir de seis parâmetros: dados de ocupação de UTIs, ocupação de leitos clínicos (enfermaria), estimativa de esgotamento da capacidade de leitos, variação do número de óbitos (nos 14 dias anteriores), variação do número de casos (também em 14 dias) e a taxa de positividade para Covid-19. A pontuação vai de 0 a 42: quanto maior a pontuação, maiores serão as restrições aplicadas. É ela que define em que cor fica a cidade no combate à pandemia.
Segundo o secretário de Saúde, Jonílson Pires, Guarapuava já utilizava uma Matriz de Risco, mas que não incorporava o sistema de bandeiras. “Decidimos adotar o bandeiramento pelas circunstâncias do cenário atual. Guarapuava tinha uma certa estabilidade durante a pandemia, mas a partir de março, abril, houve um crescimento exponencial (de casos)”, justifica. “Adotamos o sistema para não tomar decisões de forma unilateral, sem embasamento técnico e científico. Não queríamos ficar no ‘achismo’.”
A manutenção ou mudança de bandeira será decidida a cada semana epidemiológica, com um decreto sendo publicado aos domingos e início da vigência às segundas-feiras.
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