Base já opera em fase de testes| Foto: Divulgação
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, inauguram, nesta sexta-feira (11), em Querência do Norte, a Base Náutica Trarbach, a primeira base integrada com atuação no Mato Grosso do Sul e Paraná. A base, que recebe o nome de um soldado do exército morto em maio em combate na região (Daniel Henrique Trarbach Engelmann), servirá de suporte para a realização de ações conjuntas do VIGIA - Programa Nacional de Segurança nas Fronteiras e Divisas do Ministério da Justiça e Segurança Pública - em parceria com as forças de segurança pública, defesa, fiscalização e controle dos estados e municípios.

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A base está localizada em área de divisa entre Porto Felício de Querência do Norte e Porto Caiuá de Naviraí (MS), na faixa de fronteira com o Paraguai. De acordo com o coordenador-geral de Fronteiras da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, Eduardo Bettini, a região é um local de intensa movimentação de organizações criminosas que atuam no contrabando de cigarro e no tráfico de drogas. “Com o bloqueio do Rio Paraná na região de Guaíra, os criminosos mudaram a maneira de atuar e criaram rotas alternativas, boa parte delas utilizando a região de Querência do Norte. Pela proximidade com o Paraguai, a região já foi considerada corredor de entrada de substâncias ilícitas no País e as ações das instituições que atuam no âmbito do Programa VIGIA têm mudado esta realidade. A Base Trarbach é mais um passo em direção à integração das forças de segurança pública ao combate integrado ao crime”, ressalta Bettini.

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Segundo Bettini, além do contrabando e do tráfico de drogas, a Base Trarbach será um importante referencial no combate aos crimes ambientais, “protegendo o Parque Nacional da Ilha Grande e o Parque Nacional do Ivinhema, atuando no combate à pesca predatória e demais crimes ambientais, e a região do estuário dos rios Paraná, Ivaí, Ivinhema, Laranjeiras e Amambai”, afirma.

A Base Trarbach é um projeto conjunto entre os governos federal, estadual e municipal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública irá custear as diárias dos agentes que atuam nas operações. O prédio onde a base foi instalada foi cedido pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná e a instalação e reforma da edificação foram custeadas pela prefeitura de Querência do Norte, que fará a administração financeira e orçamentária da base. “Vão atuar, ali, 20 agentes de todas as forças da Polícia Federal e das polícias dos dois estados. É um modelo de integração, supre dois estados, protege a área fronteira, comporta várias instituições e é fruto de um esforço sinérgico de todas as esferas de governo”.

Funcionando em caráter de teste há um mês, a base já foi responsável pela apreensão de 543 kg de drogas, 48 mil maços de cigarro, cinco veículos, uma embarcação, 500 metros de rede de pesca, além de celulares, roteadores, eletrônicos, perfumes e tapetes contrabandeados. “Com a base, no Porto Felício, estamos fazendo a vistoria de 100% das balsas que atravessam o rio. Além disso, fizemos o bloqueio da atividade de lanchas clandestinas, que subiam com drogas, cigarros e armas, além da pegada forte que damos na área ambiental. É uma base que supre grande demanda”, relata Bettini. “E, nesse período de testes, já pudemos observar a mudança da realidade do local, com o turismo voltando a ser praticado no rio, que antes era tomado pela atividade criminosa. Antes da base, existia toque de recolher naqueles rios. Agora, estamos vendo desembarques de turistas até à noite. Já soubemos de bancos que deixaram a cidade que pretendem reabrir a agência bancária que fechou por conta dos assaltos. Pacificamos a região, ela está tomada pelo poder público, num contraste com o que acontecia tempos atrás”, cita.

Torre permitirá comunicação em tempo real

Também nesta sexta-feira, será inaugurada, em Querência do Norte, uma torre digital de comunicação, que possui tecnologia capaz de gerenciar chamadas e distribuir, eficientemente, mensagens de tráfego entre os canais disponíveis. Ela irá possibilitar a conexão via rádio, de forma segura, entre as instituições de segurança pública que atuam na faixa de fronteira paranaense. Outras cinco torres que possuem a mesma tecnologia serão inauguradas nos municípios de Foz do Iguaçu, Altônia, Terra Roxa, São José das Palmeiras e Matelândia. O investimento do MJSP para a aquisição dos equipamentos de radiocomunicação foi de R$ 13 milhões e R$ 4 milhões serão destinados à manutenção por até quatro anos.

“Dali, vamos conseguir falar, de maneira ininterrupta até Foz do Iguaçu. São seis antenas digitais, troncalizadas e interoperáveis. A comunicação nestas regiões é essencial e alí em Querência a gente não tem cobertura de sinal de celular satisfatória, as instituições usam seus sistemas de comunicação que também são precários, e agora, vamos oferecer uma comunicação digital, criptografada, segura, que dará uma agilidade muito grande na transmissão de informações”, explica Bettini.

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Programa VIGIA já apreendeu 78 toneladas de drogas no Paraná

Desde abril de 2019, o VIGIA atua com o objetivo de blindar a entrada de armas, drogas e produtos contrabandeados no Brasil, pelos cerca de 16 mil quilômetros de fronteira. O programa conta com operações em andamento nos estados do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, além das divisas do Tocantins e Goiás.

O Paraná foi o primeiro estado a receber atuação permanente do VIGIA. Desde maio do ano passado até agosto de 2020, foram apreendidas quase 78 toneladas de drogas no estado por meio da Operação Hórus, um dos eixos do Programa. Além disso, houve apreensão de mais de 53 milhões de maços de cigarros contrabandeados, 568 veículos e 116 embarcações. O programa contabiliza, também, cerca de R$ 377 milhões de prejuízo aos criminosos e mais de R$ 256 milhões de prejuízos evitados aos cofres públicos.

No Mato Grosso do Sul, a Operação Hórus começou a atuar em setembro de 2019. Até agosto de 2020, a atuação contribuiu para o prejuízo de R$ 678 milhões ao crime organizado e evitou o prejuízo de R$ 113 milhões aos cofres públicos. Além disso, houve a apreensão de 426 toneladas de drogas, 153 armas, mais de 10 mil celulares, 54 embarcações e 1.495 veículos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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