A reunião para filiação do ex-governador do Paraná Beto Richa no Partido Liberal (PL), realizada nesta quarta-feira (13) em Brasília, surpreendeu as lideranças políticas do PSDB nacional e provocou a reação da militância do partido de Jair Bolsonaro em Curitiba. Localmente, o PL é contra a pré-candidatura de Richa à prefeitura da capital paranaense.
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A articulação política foi costurada pelo deputado federal Filipe Barros (PL-PR), um dos principais aliados do ex-presidente no Paraná, e teve o aval do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto.
Segundo informações apuradas pela Gazeta do Povo, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais líderes tucanos no país ao lado do presidente nacional do partido Marconi Perillo (PSDB-GO), ligou para Costa Neto durante a reunião com Beto Richa para pedir explicações sobre a troca de partido para disputa da eleição em Curitiba. Uma carta de anuência do PSDB é necessária para a troca partidária sem risco da perda de mandato de Richa, que ocupa uma cadeira de deputado federal no Congresso.
Além de tratar da filiação, outra hipótese discutida durante a reunião em Brasília foi a possibilidade do apoio tucano ao nome de Richa após a pré-candidatura pelo PL ou a construção de uma coligação entres os partidos, caso a filiação do ex-governador do estado e ex-prefeito da capital paranaense não chegue a ser sacramentada.
No final da reunião, segundo fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, a ficha de filiação de Beto Richa foi assinada e um vídeo foi gravado para divulgação, posteriormente, com o anúncio feito por Valdemar da Costa Neto e troca de abraços entre o presidente nacional do partido e Richa.
A expectativa é que a filiação seja confirmada nesta quinta-feira (14), apesar da militância paranaense do PL que protestou nesta manhã contra a chegada do ex-governador, que foi preso durante as investigações da Lava Jato em 2018.
Após a reunião do PL com Beto Richa, o ex-deputado federal Paulo Martins (PL-PR) anunciou que deixou o cargo de presidente municipal do partido e se colocou como pré-candidato do PL à prefeitura de Curitiba, em declaração pelo X (antigo Twitter). "Quem acompanha o meu trabalho sabe que defendo os valores conservadores desde quando fazer isso não dava votos e nem likes. Continuo convicto do que faço. Por isso, me coloco à disposição do PL para disputar a eleição para a prefeitura de Curitiba. O partido que faça sua escolha", publicou ele nesta quinta-feira (14).
O deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR) também havia lançado o seu nome como pré-candidato em Curitiba e postou um vídeo em que declara que ficou surpreso com a presença de Richa na sede do partido em Brasíla e responsabiliza Filipe Barros pelo imbróglio político. "Ele expôs o presidente [Bolsonaro] e o nosso partido em uma atitude incompreensível", criticou.
O PL ainda não confirmou oficialmente a filiação de Richa, mas a pré-candidatura faria parte da estratégia do partido em lançar candidaturas próprias nas principais capitais do país, o que tem sido replicado por Filipe Barros no estado do Paraná. Recentemente, o PL anunciou a filiação de Bruno Ubiratan como pré-candidato à prefeitura de Londrina, que ocupava o secretariado do prefeito Marcelo Belinati.
Nos dois casos, os movimentos políticos também apontam para candidaturas em oposição ao PSD, partido do governador paranaense Ratinho Junior e do presidente nacional Gilberto Kassab. Se a aliança entre Ratinho Junior e Bolsonaro se mostrava consolidada, principalmente pela sintonia durante a gestão do ex-presidente, as declarações e atritos com Kassab levaram Bolsonaro a afirmar que o PL não apoiaria os candidatos do PSD nas eleições municipais.
Secretário estadual do governo Ratinho e vice-prefeito de Curitiba, o pré-candidato Eduardo Pimentel (PSD-PR) trabalhava nos bastidores para trazer o PL para uma frente ampla com possibilidade de indicação do vice pelo grupo de Bolsonaro no estado.
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