Há um ano, na manhã do dia 11 de setembro de 2018, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) era levado preso de sua cobertura em um prédio no bairro Mossunguê, em Curitiba. Notícia que estremeceu a política do estado e que abriu o período mais turbulento na vida pública do tucano - relembre aqui toda essa cronologia.
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De lá para cá, Richa não deixou o noticiário, tendo reiterado inúmeras vezes sua inocência - e a confiança na Justiça - a cada acusação. Foi preso três vezes, denunciado e se tornou réu, além de uma eleição perdida ao Senado e bloqueios seguidos de bens seus e da família. Pouco, ou nada, pôde comemorar desde então.
As três prisões deixaram o político encarcerado por 30 dias no total. Conheceu por dentro o Complexo Médico Penal, em Pinhais, onde outros nomes conhecidos estão presos após condenações na Operação Lava Jato. Boa parte desse tempo também passou isolado em um quarto com beliche e banheiro no Regimento da Polícia Montada, no bairro Tarumã, na capital paranaense.
As denúncias se espalharam por quatro operações: Rádio Patrulha, Integração, Quadro Negro e Piloto. Em todas elas se tornou réu, sete vezes no total. A carteira de supostos crimes envolve corrupção passiva, fraude à licitação, organização criminosa, prorrogação indevida de contrato de licitação, obstrução de justiça, lavagem de dinheiro. Ele nega.
Em meio a prisões e denúncias, viu a carreira política desmoronar. Depois de angariar cargos eletivos desde 2001, perdeu pela primeira vez um pleito. Na corrida para uma vaga no Senado após deixar o governo do estado, estava bem posicionado. A primeira prisão mudou o jogo e mandou Richa para o sexto lugar no pleito, com menos de 4% dos votos válidos, longe de Brasília. De quebra, ainda convive com uma possível expulsão do PSDB.
Diante do turbilhão de eventos, Richa tem evitado se expor. A última entrevista foi após a derrota nas urnas, em que se disse “surpreso” com a derrota e culpou investigações, ajuste fiscal e abandono. Desde então, tem vivido recluso ao lado da família. Nas redes sociais, a última publicação é de outubro de 2018. A esposa Fernanda Richa, entretanto, revela um pouco da vida pessoal da família: reuniões com filhos, brincadeiras com netos e corridas no parque.
3 prisões
30 dias preso
7 vezes réu
6 bloqueios de bens
1 eleição perdida
Relembre os principais fatos que marcaram o último ano de Beto Richa:
O último ano de Beto Richa
Beto Richa foi preso pela manhã, em seu apartamento no bairro Mossunguê, em Curitiba, no âmbito da Operação Rádio Patrulha, que investiga supostas fraudes no programa Patrulhas do Campo entre 2012 e 2014. A esposa Fernanda Richa e outras 13 pessoas também foram temporariamente presas.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o tucano logo após a prisão temporária de cinco dias ter sido transformada em preventiva (quando não há prazo para soltura) pela 13ª Vara Criminal de Curitiba.
Às 0h40 de um sábado, Beto Richa deixou o Regimento da Polícia Montada, em Curitiba, onde ficou preso por cinco dias. Na saída, disse que “foram dias de sofrimento” e que saía como um homem honrado.
Menos de um mês após ser preso, Beto Richa teve uma derrota significativa nas urnas. Então candidato ao Senado pelo PSDB, amargou um sexto lugar na corrida, com menos de 4% dos votos válidos (377.834 votos). Desde 2001 ele não perdia nenhuma eleição.
O juiz Fernando Fischer aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) no âmbito da Operação Rádio Patrulha e Richa se tornou réu.
O ex-governador acordou novamente com policiais à sua porta. Dessa vez, era preso no âmbito da Operação Integração, um desdobramento da Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Richa teria sido beneficiário de pelo menos R$ 2,7 milhões em propina em que esquema de corrupção envolvendo a concessão de rodovias no Paraná.
Após decisão do ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Beto Richa deixou a prisão depois de oito dias. Dessa vez, saiu sem falar com a imprensa.
O ex-governador e outras 32 pessoas viraram réus na Operação Integração. Richa se tornou réu por organização criminosa e corrupção passiva.
Beto Richa se tornou réu na Operação Lava Jato, acusado de receber propina das concessionárias de pedágio no Paraná.
Por determinação do juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9ª Vara Criminal de Curitiba, Beto Richa é preso no âmbito da Operação Quadro Negro, que investiga desvio na construção de escolas estaduais.
Pelos supostos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e prorrogação indevida de contrato de licitação no âmbito da Operação Quadro Negro, Beto Richa se torna réu mais uma vez.
Beto Richa, novamente no âmbito da Operação Quadro Negro, se torna réu. Dessa vez por obstrução de justiça e organização criminosa.
Após 17 dias preso, Richa deixou o Complexo Médico Penal, em Pinhais. A decisão da soltura foi da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), por 2 votos a 1. Foram aplicadas medidas cautelares, como estar proibido de manter contato com demais acusados, cumprir recolhimento domiciliar em período noturno e aos finais de semana, entregar o passaporte e estar impedido de ocupar qualquer função pública federal, estadual, distrital e municipal.
Pela terceira vez no âmbito da Operação Quadro Negro, Richa se torna réu. A denúncia é de crimes de corrupção passiva e de dar causa à vantagem indevida na execução de contrato de licitação.
Beto Richa vira réu na Operação Piloto, que apura irregularidade na licitação da duplicação da PR-323, entre Maringá e Francisco Alves. Ele é acusado de fraude a licitação, corrupção e lavagem de dinheiro.
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