Prédio do Biopark, em Toledo, no oeste do Paraná.| Foto: Divulgação/Biopark
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Um acordo firmado entre o governo do Chile e o Biopark, parque tecnológico instalado em Toledo, está transformando a região oeste do Paraná em um polo de atração de empresas e de tecnologia. Um dos termos deste acordo prevê que, a cada seis meses, 10 novas startups daquele país venham para o Paraná para que possam se desenvolver e trocar experiências nas áreas do agronegócio, biotecnologia e tecnologia da informação.

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O vice-presidente do Biopark, Paulo Victor Almeida, contou, em entrevista à Gazeta do Povo, que a parceria surgiu de forma natural. O interesse dos chilenos pela região do Biopark é bastante grande, de acordo com ele, principalmente por conta da vocação econômica da região oeste do Paraná para o agronegócio.

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Mas, para convencer esses empreendedores a investirem no Brasil, primeiro foi preciso vencer algumas diferenças culturais entre os dois países. Para isso, o Biopark criou um processo de “tropicalização” para as startups chilenas, de forma a possibilitar aos recém-chegados um contato mais amigável com algo que, à primeira vista, assustava os estrangeiros.

“Muitas dessas empresas latino-americanas veem o mercado brasileiro como algo ‘muito complexo’. E deixam de investir no Brasil porque ficam com essa má impressão de que as coisas por aqui são muito difíceis. Nós os ajudamos a enxergar depois da vírgula, depois do ‘mas’. Somos sim um mercado complexo, mas tem muitas empresas crescendo por aqui”, comentou.

Parceria colocou o Paraná no foco de atenções do governo do Chile

A busca pelas empresas chilenas conta com o apoio do ProChile, um instituto do Ministério das Relações Exteriores do governo chileno. O órgão promove rodadas de negócios e coloca empresas e empreendedores locais em contato com novos mercados ao redor do mundo. O Brasil é um dos destaques no site oficial do ProChile, que antes do contato com o Biopark mantinha relações diretas apenas com o estado de São Paulo.

“Esse tipo de intercâmbio só acontecia em terras paulistas. Por isso a importância dessa ação, de trazermos o foco aqui para o Paraná. Nós conseguimos nos inserir nesse meio, colocar o nosso estado como mais um ponto de interesse para eles, mesmo o nosso parque estando distante da capital. O interesse em fazer essa conexão foi nosso, mas os ganhos certamente serão percebidos por toda a região e também por todo o Paraná”, comemorou Almeida.

"Tropicalização" foi essencial para chilenos da Biosamer

Uma das empresas que aceitou o desafio e veio para o Paraná é a chilena Biosamer, especializada na produção de probióticos. Logo depois de se instalar no Biopark, no final de 2020, o diretor da empresa, Felipe Alejandro Castro Ramires, passou pelo processo de “tropicalização”. Para ele, foi uma etapa essencial para se adaptar à forma brasileira de fazer negócios.

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“Lá no Chile nós nos acostumamos a fazer tudo digital. Reunião? Digital. Comunicação? Digital. Tudo é pelo celular, pela câmera. Mas eu percebi que aqui no Brasil as pessoas gostam de conversar pessoalmente, de sentar juntas, tomar um café. E isso é bom, porque quando a gente entende essas questões fica mais fácil de fechar negócios”, explicou à Gazeta do Povo.

Empresa ampliou produção após interação com ecossistema do Biopark

A integração com empresas de outras áreas de atuação, característica de ecossistemas como o Biopark, trouxe mudanças profundas para a Biosamer. No Chile, a empresa era especializada em produtos voltados para a saúde humana, como iogurtes probióticos. Mas graças aos contatos feitos no parque tecnológico de Toledo, agora o foco de Ramires também está voltado para a produção de probióticos de uso veterinário.

“Esse era um setor que sequer passava pelo nosso radar lá no Chile. Mas então vimos que havia um grande potencial, por exemplo, para a produção de probióticos para uso na aquicultura, mais especificamente na produção de tilápias. Os mentores do Biopark nos ajudaram em todo o processo para buscar as certificações necessárias. Agora, além de ajudar na saúde das pessoas, nossos produtos colaboram na melhora da produção de peixes”, comentou.

Tamanho do mercado brasileiro chama a atenção das empresas chilenas

O vice-presidente do Biopark, Paulo Victor Almeida, apontou o grande mercado brasileiro como outro ponto de forte interesse por parte das empresas chilenas. A título de comparação, segundo Almeida, é preciso somar todos os países da Aliança do Pacífico – bloco comercial formado por Chile, Peru, Colômbia e México – para se aproximar do potencial do mercado brasileiro. Para as empresas do Chile, reforçou, este é um grande diferencial.

“O diretor de uma das empresas chilenas com quem fizemos esse processo de ‘tropicalização’ nos disse que tinha cerca de 15 mil farmácias como potenciais clientes no Chile. Só uma de nossas empresas-âncora aqui no Biopark tem, sozinha, cerca de 70 mil farmácias cadastradas como clientes. Então, uma startup de saúde do Chile que tenha serviço para uma farmácia, quando vem para o Biopark, será colocada frente a um potencial de clientes quase cinco vezes maior do que tinha em todo o país de origem”, comentou.

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“Se tivéssemos escolhido ir para São Paulo”, avaliou o diretor da empresa chilena, “possivelmente seríamos só mais um número por lá. Aqui no Paraná não, nós tivemos um apoio sem o qual seria muito difícil crescer da forma como estamos crescendo. Toda a mentoria, toda a ajuda com os detalhes burocráticos e comerciais que recebemos aqui foram imprescindíveis”, completou Ramires.

Empresa Sócrates deixou de ir para Curitiba e se instalou no Biopark

Outro exemplo de empresa chilena bem-sucedida dentro do Biopark é a Sócrates, que há 30 anos atua no segmento de tecnologia, inovação e inteligência artificial. A princípio, a entrada no mercado brasileiro se daria pela capital do Paraná. Mas uma sugestão do Ministério das Relações Exteriores do Chile fez o CEO da Sócrates, Shemnom López Serrano, mudar de ideia.

“Estávamos com quase tudo pronto para começarmos uma empresa em Curitiba e quando recebemos o e-mail do ProChile para conhecermos o Biopark, realizamos uma pesquisa de mercado e descobrimos que teríamos um futuro próspero se abríssemos uma empresa residente internacional no Parque Tecnológico. Foi o que fizemos”, comentou.

Quatro meses após a instalação no Biopark, a empresa registrou 110% de crescimento. Assim como a Biosamer, a Sócrates se apoiou na estrutura de mentoria oferecida pelo parque tecnológico para vencer desafios burocráticos e conquistar novos clientes. “As ideias que encontramos aqui, sobre o crescimento e a ajuda a outras empresas para que elas possam crescer dentro de um lugar estabelecido, não é algo que se encontra em todos os lugares. Ter a oportunidade de encontrar tantas empresas que sejam grandes ou pequenas nos faz crescer como empresa e família”, completou Serrano.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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