O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) embarcou na queda de braço entre Brasil e França, com contornos de crise internacional. Em discurso durante o lançamento de um pacote de obras, no final da tarde de segunda-feira (26), enquanto enfatizava que os investimentos anunciados reforçariam a posição do Paraná como potência mundial, ele afirmou que o recurso mais desejado do mundo é produzido por aqui. Disse que não é petróleo, que já teria reservas em quantidade suficiente, nem é água, que deve ter as fontes cuidadas, mas que pode ser obtida, por exemplo, com a dessalinização do mar. Para Ratinho Junior, a disputa é por alimento.
E foi nessa toada que decidiu citar o presidente francês Emmanuel Macron. Para o governador, a "França está brigando com a gente" não por causa de árvores [da Amazônia], mas por causa do acordo comercial que vai permitir "que os nossos produtores vendam comida para a Europa", tomando o lugar do agricultores de lá. Ratinho Junior estava se referindo ao acordo União Europeia-Mercosul, assinado em junho, que estabelece a queda de tarifas sobre mais de 90% dos produtos comercializados entre os blocos.
Em princípio, como parte integrante da União Europeia, a França teria concordado com a assinatura do acordo comercial com o Mercosul. Estimativas iniciais dão conta de que o agronegócio paranaense deve ser diretamente beneficiado, mas que o setor industrial pode ter perdas significativas caso não se prepare para as mudanças nas relações comerciais.