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Paraná responde por 40% das exportações do frango brasileiro
Paraná responde por 40% das exportações do frango brasileiro| Foto: Daniel Caron / Arquivo Gazeta do Povo

Maior produtor de aves do país, respondendo por 29% de toda a produção nacional, o Paraná já registrou 4.717 casos de contaminação pelo novo coronavírus em frigoríficos, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que contabilizou quatro mortes em decorrência de Covid-19 entre trabalhadores do setor. Do total de casos confirmados, 1.162, ou 24,6%, foram contabilizados em uma única unidade da BRF, na cidade de Toledo, Oeste do Paraná, onde foi registrado um óbito. Ao todo, estão instalados em território paranaense aproximadamente 300 frigoríficos, que empregam mais de 100 mil trabalhadores, segundo a Sesa.

Nesta quinta-feira (13), a China informou que uma amostra de asa de frango congelada importada do Brasil testou positivo para Covid-19, mas não deu detalhes sobre a origem da carga. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que o setor produtivo analisa a situação e apura o momento em que teria ocorrido a contaminação e lembrou que “não há evidências científicas de que a carne seja transmissora do vírus”, conforme dados da Anvisa, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

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A julgar pelos índices de casos confirmados de Covid em funcionários de frigoríficos do Paraná e pela participação paranaense nas exportações brasileiras de frango, 40% no primeiro quadrimestre de 2020, havia boas possibilidades de o frango “com Covid” detectado pelos chineses ter saído do estado. Mas a cooperativa Aurora, de Santa Catarina, confirmou nesta quinta-feira que a origem é do estado vizinho.

Os mais de mil casos no abatedouro da BRF referem-se ao acumulado desde o início da pandemia. A empresa afirma que, no momento, não há nenhum funcionário com teste positivo para Covid-19 trabalhando em suas unidades no Paraná e atribui o volume de casos à estratégia de testagem em massa. “A companhia é uma das empresas do setor e do país que mais realiza testes em seus colaboradores, com protocolo global de testagem contínua”, informa. De acordo com a BRF, somente na unidade de Toledo, já foram realizados mais de 11 mil testes, números que abrangem 97% do total de trabalhadores e terceirizados fixos.

“A empresa está ciente de sua responsabilidade neste momento desafiador e segue produzindo alimentos para a população e cuidando da saúde de sua cadeia operacional. Nesse sentido, a aplicação de testes faz parte do conjunto de medidas que a companhia vem implementando, desde o início da pandemia, com o objetivo de preservar a saúde de todos os seus colaboradores, de seus familiares e da comunidade, e manter as operações de modo seguro”, diz a empresa em nota.

Mesmo com a pandemia, a produção de frango não arrefeceu no Paraná. Conforme números do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), em março de 2019, foram 460 milhões de frangos abatidos no estado, enquanto em março de 2020, o volume cresceu 10,2%, para 507 milhões. Abril de 2019 teve abate de 612 milhões de aves, enquanto o mesmo mês deste ano registrou 669 milhões, alta de 9,3%.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, mostram que o Paraná é responsável por 40,29% de todo o volume de carne de frango exportado pelo Brasil. No primeiro quadrimestre de 2020, foram 539 mil toneladas que saíram do estado para abastecer o mercado internacional.

A Sindiavipar afirma que acompanha constantemente junto aos associados e entidades do setor as atividades nas plantas industriais e as atualizações de protocolos e recomendações de órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde.

Em 22 de junho, a Justiça do Trabalho determinou a suspensão das atividades presenciais de todos os trabalhadores do frigorífico Avenorte Avícola Cianorte Ltda, na região Noroeste do Paraná, atendendo a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), em razão de surto de contaminação do novo coronavírus. Quatro dias depois a empresa conseguiu autorização no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT9) para retomar as atividades.

A Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel) também foi alvo de ação civil pública do MPT no fim de julho. O TRT9 atendeu a pedido do órgão e determinou a suspensão das atividades em duas de suas unidades a partir de 1º de agosto. A decisão, no entanto, acabou revista em 30 de julho, após o desembargador Aramis de Souza Silveira receber laudos médicos e ofício da Secretaria Muinicipal de Saúde de Cascavel, demonstrando redução no número de contaminações, o que descaracterizaria a situação de surto alegada na ação.

O problema está longe de ser local. O setor de abate de animais enfrenta a propagação do novo coronavírus em todo o mundo – há registros de surtos de Covid-19 entre trabalhadores de frigoríficos na China, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Espanha, entre outros.

Nova resolução reduziu distanciamento mínimo entre trabalhadores

Desde o início da pandemia, a Sesa informa que vem acompanhando as indústrias de abate para tentar mitigar os impactos do novo coronavírus na cadeia produtiva. Uma resolução de 30 de junho determinou que as empresas do setor passassem a adotar medidas de prevenção e controle do vírus, como adequação estrutural, reorganização de fluxos e processos de trabalho, monitoramento sistemático da saúde dos funcionários, trabalho remoto para grupos de risco, rastreabilidade dos trabalhadores, entre outras.

O documento determinava espaçamento mínimo de dois metros entre colaboradores, mas dizia que, em casos excepcionais, quando a distância não fosse possível, “máscaras de acetato do tipo face shield e/ou anteparos físicos de material impermeável e transparente, colocados entre os postos de trabalho, devem ser utilizados como estratégias para ampliação das medidas de segurança, não devendo essa distância ser inferior a 1,5 metro”.

Em 16 de julho a resolução foi revogada e, no dia 31, a secretaria publicou nova norma, alterando o distanciamento mínimo exigido entre os funcionários para um metro “sempre que possível”. Quando for possível manter a distância, a resolução determina que é necessária a utilização de máscaras de tecido ou máscaras descartáveis conforme padrões ABNT, em conjunto com a higienização frequente das mãos e adoção das medidas de higiene. Já quando o distanciamento for inviável, os trabalhadores deverão usar máscaras do tipo PFF2 ou N95 combinadas com máscaras de acetato do tipo face shield ou óculos de proteção, ou devem ser colocados entre os postos de trabalho anteparos físicos de material impermeável.

A mudança atendeu a um pedido da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Sindiavipar e do Sistema Ocepar. Segundo as entidades, o distanciamento especificado na resolução anterior, de 1,5 metro entre os trabalhadores, entraria em conflito com a Portaria Conjunta 19, do Governo Federal, na qual a recomendação mínima de um metro é permitida diante do uso de equipamentos de proteção individuais que incluem proteção buconasal.

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