Todas as forças de segurança do Paraná estão mobilizadas na caça ao grupo que tentou assaltar uma empresa de transporte de valores em Guarapuava, Centro-Sul do estado, na noite de domingo (17) para segunda-feira (18). Além da PM, agentes das polícias Civil, Científica, Federal e Rodoviária Federal reforçam as buscas e investigação. O planejamento do comando da PM é permanecer na área rural de Guarapuava por no mínimo quatro dias para prender o grupo.
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"Assim que soube da tentativa de assalto em Guarapuava, neste domingo, me reuni com o comandante da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública e determinei que todos os esforços fossem direcionados para o município e a região, inclusive com aeronaves e equipes especializada", publicou o governador Carlos Massa Ratinho Jr em suas mídias sociais. "Nossas forças de segurança estão caçando esses bandidos para dar uma pronta resposta à população", finalizou o post Ratinho Jr.
Mesmo com os criminosos não conseguindo levar nenhum dinheiro, a ação causou pânico na população, com os bandidos fortemente armados trocando tiros com a polícia e incendiando veículos. O próprio quartel da PM na cidade foi atacado, além de moradores que foram feitos de reféns em um escudo humano.
Além de reforço no efetivo, as forças de seguranças vão usar estratégias conjuntas para prender os criminosos. Confira abaixo o planejamento da Secretaria Estadual de Segurança Pública em Guarapuava:
Efetivo
Só a Polícia Militar (PM) já estava na manhã desta segunda-feira com 200 policiais em Guarapuava, contando o efetivo local e grupos especializados de Curitiba. Foram enviadas da capital equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), incluindo o Comando de Operações Especiais (COE), equipe de elite que conta com atiradores de elite equipes táticas de ataque, e do Esquadrão Antibombas.
Também partiram da capital equipes do Batalhão de Choque, das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) e do Setor de Inteligência da PM (P2). Mais equipes da PM, incluindo policiais do Choque de Londrina e Cascavel, chegam na tarde desta segunda para reforçar as buscas.
A Polícia Civil, que vai comandar o inquérito, enviou equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), unidade de elite especializada na investigação de crimes do novo cangaço. Peritos da Polícia Científica de Curitiba também reforçam a investigação. Diante dos boatos de que penitenciárias haviam sido invadidas, a Secretaria de Segurança Pública também reforçou o efetivo da Polícia Penal nas carceragens da região.
Já o Ministério da Justiça determinou o envio de reforço de agentes das polícias Federal e Rodoviária Federal para ajudar nas buscas e na investigação.
Helicópteros e drones
A Polícia Militar destacou três helicópteros para participar das buscas pelos criminosos. O Batalhão de Policiamento Aéreo (BPMOA) também confirma que as equipes estão utilizando drones para sobrevoar a área em busca dos criminosos.
Cães farejam sangue e outros odores
Na troca de tiros com a polícia, os criminosos deixaram uma amostra preciosa para as buscas: manchas de sangue dos assaltantes que foram alvejados pela PM. De acordo com o comando da Polícia Militar, foi encontrado sangue no interior de alguns dos oito carros apreendidos e nas ruas próximas da empresa de transporte de valor atacada pelo grupo.
A partir do odor dessas amostras de sangue, bem como dos utensílios deixados no caminho pelos criminosos, incluindo mochilas, os cães farejadores da PM já estão traçando o caminho dos criminosos que fugiram.
Banco Genético
As amostras de sangue dos criminosos também foram recolhidas pelos peritos da Polícia Científica para auxiliar na investigação não só dessa ação em Guarapuava. De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Rômulo Marinho Soares, os códigos de DNA extraídos dessas amostras de sangue serão incluídos no Banco Nacional de Perfis Genéticos do Ministério da Justiça.
Dessa maneira, as polícias Civil e Federal de todo o país poderão comparar o DNA com amostras genéticas recolhidas de outros crimes para ver se têm relações. Exatamente como foi feito em 2019, quando a Polícia Civil do Paraná conseguiu concluir após 11 anos a investigação do assassinato da menina Raquel Genofre, cujo corpo foi encontrado em uma mala na rodoviária de Curitiba. Assim que o banco foi criado pelo governo federal foi feita análise do material genético encontrado no corpo da menina que comprovou que se tratava de um presidiário que cumpria pena por outros crimes no interior de São Paulo.
Fuzis, capacetes e coletes balísticos
Todo o armamento e outros objetos deixados pelos criminosos na fuga estão sendo analisados pela Polícia Científica. A PM apreendeu nove armas, sendo duas metralhadoras .50, capazes de derrubar aviões e perfurar blindagem. Também foram apreendidos sete fuzis de forte calibre.
A Polícia Militar também encaminhou para a perícia quatro capacetes balísticos de operações táticas e coletes à prova de bala. Outros objetos que chamaram a atenção da policia foram mochilas táticas com medicamentos e mantimentos que também serão periciados para saber a origem. "Essas mochilas são a prova de que eles estavam preparados para empreender fuga e até tratar possíveis ferimentos se fossem alvejados", avalia o comandante da PM, coronel Hudson Leoncio Teixeira.
Veículos apreendidos
No total, a PM apreendeu oito veículos na fuga. Cinco deles eram blindados e um deles foi preparado com a retirada do banco traseiro para que pudesse portar uma metralhadora para atirar caso fosse atacado. Pelo menos quatro desses veículos foram encontrados capotados na área rural de Guarapuava após os criminosos se acidentarem na fuga em alta velocidade. Todos estavam alvejados pela PM.
Agora, a Polícia Civil vai levantar os dados desses veículos junto ao Detran do Paraná e de outros estados, além de outros órgãos. Eles também serão periciados pela Polícia Científica. A expectativa é de que mais provas sejam entregues à investigação além das amostras de sangue, como impressões digitais e outros indícios.
Proposta de mudança na lei
No campo jurídico, o ministro da Justiça Anderson Torres defendeu mudança na legislação para crimes de cangaço na postagem no Twitter em que comunicou envio de reforço da PF e PRF a Guarapuava.
"Esse é um crime gravíssimo, um crime que aterroriza as pessoas, com grupos que incendeiam cidades, tocam foto em bancos, fogo na polícia. Isso, na minha opinião, é um tipo de terrorismo", declarou o ministro em entrevista à Rede Globo.
Segundo o ministro, o governo federal encaminhou ao Congresso em 25 de março proposta de alteração da Lei de Organizações Criminosas, de número 12.850/2013. A proposta do ministro é de que a pena para o crime de novo cangaço suba de 8 para 20 anos. "A proposta é essencial para coibir crimes absurdos como esse em Guarapuava. Conto com o apoio do parlamento para aprovarmos", postou o ministro.
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