Com temperaturas que passaram, com facilidade, dos 30ºC e sensação térmica beirando os 40ºC, o Paraná tem visto as lavouras de soja definharem no campo. Vice-líder na produção do grão, o estado também sofre com a falta de chuvas regulares desde o início de dezembro. Enquanto o Mato Grosso projeta colher 42 milhões de toneladas, o Paraná estimava cultivo de 21 milhões de toneladas até o fim de dezembro, mas cenário já é de perdas.
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Segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná, 71% das áreas cultivadas – 4,1 milhões de hectares, de um total de 5,8 milhões destinados à cultura neste ciclo – estão em bom desenvolvimento, mas as condições climáticas preocupam.
“Se seguir o calor extremo e sem chuvas adequadas, o que é comum para janeiro, o que está bom pode ter seu cenário alterado e essas lavouras prejudicadas”, alerta Bruno Vizioli, do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep/Senar).
A maior preocupação está voltada aos 24% das lavouras - cerca de 1,4 milhão de hectares - em condições medianas e que podem se agravar nas próximas semanas, além dos outros 5% - pouco menos de 300 mil hectares - nas quais as condições já são consideradas bastante ruins no campo, com danos irreversíveis e perdas consolidadas. “Se continuar desta forma, teremos mais perdas. O boletim preciso deve ser atualizado no fim do mês; o último é do fim de dezembro, mas de lá para cá as condições pioraram”, alerta o especialista do Deral, Edmar Gervásio.
Em dezembro, quando a expectativa de colheita estava em 21 milhões de toneladas, já significava 1,4 milhão de tonelada a menos do que na colheita consolidada na safra 2022/2023, que somou 22,4 milhões de toneladas. “De lá para cá tivemos perdas, existem regiões onde os danos são piores”, considera Gervásio.
As áreas mais preocupantes, segundo o especialista, estão no oeste, noroeste e norte do Paraná, que também são onde a colheita está em fase mais acelerada. No momento, 16% das lavouras estaduais estão em maturação ou em ponto de colheita, 53% em frutificação, 25% em floração e apenas 6% em desenvolvimento vegetativo - estas últimas na região sul do estado, onde estão os danos menores.
Segunda safra de milho: expectativa de 14,4 mi de toneladas em produção
Apesar dos danos, o ciclo da soja no Paraná, segundo o especialista do Deral, está adiantado considerando que havia lavouras emergidas antes mesmo do fim do vazio sanitário, no início de setembro, o que traz certo alívio para o cultivo do milho segunda safra. “Para iniciar o plantio do milho também é preciso de chuva e essa chuva teria de vir de forma regular nas regiões com a colheita da soja em curso. Por outro lado, essa precipitação prejudicaria na colheita”, completa.
A preocupação vai além porque a janela de semeadura da segunda safra do milho se encerra, em algumas das principais regiões produtoras do estado, no início de fevereiro. O estado, que também é o segundo maior produtor nacional deste cereal (atrás do Mato Grosso, que espera colher no ciclo 2023/24 43,8 milhões de toneladas), removeu do campo na chamada safrinha do ano passado 13 milhões de toneladas. A expectativa para o próximo ciclo é de produção ainda maior: 14,4 milhões de toneladas, caso os produtores consigam manter semeadura e as condições climáticas forem favoráveis.
“Conforme o produtor vai colhendo a soja, pode plantar o milho e a evolução da colheita da oleaginosa no Paraná é rápida. O estado pode colher rapidamente um milhão de hectares em uma semana, lembrando que o milho segunda safra deve ocupar 2,4 milhões de hectares de um total de 5,8 milhões que foram destinados à soja”, esclarece Gervásio.
No cultivo de verão em curso, o Paraná destinou apenas 309 mil hectares ao milho, a menor área para o ciclo na história. Dali se espera colher 3 milhões de toneladas. Se consolidada a previsão 2023/2024, o estado pode ter uma safra do cereal de 17,4 milhões de toneladas.
As primeiras áreas da chamada safrinha foram plantadas no Paraná nesta semana, no Sul do estado. Até a terça-feira a Seab calculava cultivo de 1,6 mil hectares de um total de 2,4 milhões hectares projetados.
“Se considerarmos o todo, ainda temos um bom cenário neste momento, tanto para a soja quanto nas expectativas para o cultivo do milho segunda safra no estado, mas o risco de problemas tem aumentado ao longo dos últimos dias com altas temperaturas e sem chuva regular. Se as chuvas se regularizarem, o risco é grande por conta da ferrugem asiática, que passa a ter cenário muito favorável com calor e excesso de umidade”, avalia Bruno Vizioli, da Faep.
A previsão do tempo indica, no entanto, que até 31 de janeiro as chuvas no Paraná devem ser abaixo da média. “Com menos chuva agora, quem plantou antes a soja [início de setembro] não sofre muito, mas para quem plantou em novembro e dezembro as condições são piores [para lavouras que neste momento estão em floração e frutificação]. Para quem já pode plantar milho, faz plantio direto, se cultivar e ficar duas semanas sem chuva, com o calor que está, a semente não resiste, por isso temos orientado o produtor para o planejamento, observando o melhor calendário para trabalhar com a soja e para ter dias para o plantio do milho”.
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