Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde mostram que o câncer da cavidade oral, que engloba boca, bochechas e língua, deve ser o 5º mais diagnosticado entre homens no Brasil em 2023. Os indicativos mostram que cerca de 11 mil homens, público onde a doença é mais frequente, devem ter a doença identificada neste ano. Para ajudar no diagnóstico, uma campanha nacional vai oferecer exames gratuitos para pessoas com mais de 40 anos.
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No Paraná, a 25ª edição da Campanha da Voz é coordenada pelo médico Fabiano Gavazzoni. Segundo ele, o diagnóstico precoce é o melhor meio de evitar procedimentos invasivos e, em muitos casos, pode representar a cura do paciente. O médico explicou que o fumo é um fator complicador da doença, que se manifesta na forma de alguns sintomas. “A pessoa pode apresentar algum desconforto, como rouquidão persistente, por mais de duas semanas, isso pode ser um indicativo de um problema mais grave”, detalhou.
De acordo com o INCA, o câncer de cavidade oral deve atingir 15,1 mil pessoas no Brasil em 2023. Outra forma da doença, o câncer de laringe, deve ser diagnosticado em cerca de 7,8 mil pessoas, 6,5 mil destas são homens. A prevalência desses tipos de câncer entre os homens, explica o instituto, está relacionado ao hábito de fumar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a chance de cura de um câncer de laringe, se for descoberto na fase inicial, é de 95%. No Brasil, entretanto, este índice é de apenas 33% dos pacientes.
Agendamento pode ser feito pela internet
No Paraná, os exames gratuitos da Campanha da Voz serão disponibilizados a cerca de 600 pacientes em Curitiba, Paranaguá, Arapongas e Maringá – são cerca de 12 mil procedimentos gratuitos para todo o Brasil. O agendamento pode ser feito pela internet, até o dia 31 de julho, conforme a disponibilidade de médicos em cada uma das regiões. No preenchimento do pedido, os pacientes já passarão por uma pré-avaliação. De acordo com o coordenador da campanha, o número de atendimentos pode aumentar conforme a adesão de mais médicos à iniciativa.
Exame é simples
Uma das formas de se identificar a presença do câncer é por meio da laringoscopia, um exame feito por meio de captação de imagens da boca e da garganta do paciente. “O exame é rápido e essencial para avaliar o órgão do paciente. Quando é feito o diagnóstico de forma precoce o tratamento é menos invasivo. Mas em casos mais avançados pode-se chegar ao ponto de remover toda a laringe”, enfatiza Gavazzoni, que também é otorrinolaringologista.
A laringoscopia, explicou o coordenador, é um exame simples e é feito sem a necessidade de sedação total do paciente. “O processo é muito simples, e feito no próprio consultório médico, com o paciente acordado. É aplicado um anestésico local e com equipamento, que tem uma câmera na extremidade, é possível se existem lesões nas cordas vocais, que podem ser um indicativo de algo mais grave”, descreveu o médico.
Exemplo de superação
O professor aposentado João Cândido ganhou notoriedade em 2015 quando estrelou uma campanha de combate ao tabagismo. Nas peças publicitárias, ele atendia pessoas que iam comprar cigarros. Seria algo normal, não fosse o fato de o curitibano usar um dispositivo eletrônico que deixa a voz com um tom metálico e é usado por quem precisa retirar a laringe. O uso do equipamento foi a saída encontrada por Cândido após ter sido diagnosticado com uma forma grave da doença aos 40 anos.
Quando o câncer foi identificado em 1996, o professor tinha parado de fumar há oito anos e tinha duas filhas pré-adolescentes. “A doença significou, em um primeiro momento, o fim das minhas atividades profissionais como professor e consultor”, lembrou. “Depois disso, passei por sessões de fonoaudiologia e recuperei a voz por um tempo. Mas, a rouquidão voltou e precisei fazer uma cirurgia e sessões de radioterapia. Por fim, após duas recidivas e uma série de procedimentos cirúrgicos, a alternativa foi a retirada completa da laringe, já em 2003”, completou.
A participação na campanha fez com que Cândido fosse reconhecido na rua. Esse reconhecimento, revelou o professor, o ajudou a passar pelos obstáculos trazidos pela doença, que pode causar afastamento social e depressão pós-cirúrgica. “Um dos grandes motivadores para participar da campanha foi a oportunidade de popularizar o conhecimento sobre a doença e o uso do aparelho para falar, que ainda assusta algumas pessoas e, principalmente, o exemplo de que é possível retomar a vida após esse tipo de cirurgia”, concluiu o professor.
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