Produção de madeira é uma das principais atividades dos Campos Gerais.| Foto: Gelson Bampi/Agência Fiep
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Caracterizada pela concentração da renda em alguns poucos municípios, a região dos Campos Gerais do Paraná tem se mobilizado para buscar um desenvolvimento mais equilibrado. Marcada por desigualdades, a região tem como importante polo o município de Ponta Grossa, dono do maior PIB industrial do interior do Paraná, com grande concentração de indústrias especialmente do setor metalmecânico e de alimentos.

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Tem também Carambeí e Castro, com uma das principais bacias leiteiras do Brasil e indústrias de laticínios e carnes. E Telêmaco Borba e Ortigueira, com indústrias papeleiras. A indústria da madeira é forte também na região. Mas há um grande descompasso no nível de desenvolvimento desses municípios em relação aos demais da região.

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Indústria de laticínios é forte em Castro, Carambeí e Palmeira. (José Fernando Ogura/AEN).| Foto: Jose Fernando Ogura

As lideranças locais apostam agora no programa Paraná Produtivo, coordenado pela Secretaria do Planejamento, para atacar as deficiências e buscar um crescimento equilibrado, que atenda a todos os municípios. São 19 no total. Entre os menos desenvolvidos, em comparação com as cidades polo, estão Cândido de Abreu, Reserva, Sengés e Ventania, por exemplo.

Essa é a região 8, do Paraná Produtivo. “A proposta do programa é exatamente o desenvolvimento integrado, que veja todos os municípios”, destaca Marcelo Percicotti, coordenador de integração econômica da Secretaria do Planejamento. “Há necessidade de trabalhar um processo equilibrado para toda a região, aproveitando as potencialidades de cada um”, acrescenta.

O Paraná Produtivo estruturou um plano desenvolvimento para oito regiões do Paraná, que reúnem 202 municípios. São aqueles que não estavam ainda contemplados em nenhum planejamento já em curso. Os planos foram construídos a partir de consulta às comunidades, por meio de oficinas realizadas ao longo de 2021.

Descentralização das decisões para direcionar recursos

“É uma descentralização das decisões para direcionar os recursos”, destaca Ericléia de Fátima Dlugosz da Silva, presidente do Comitê Territorial Vale do Tibagi, entidade que reúne lideranças locais, representantes da iniciativa privada, do setor público e de instituições de ensino que busca a melhoria do ambiente de negócios para as micro e pequenas empresas.

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Empresária do setor de serviços florestais, Ericléia conta que nas oficinas do Paraná Produtivo foi levantada a necessidade de se investir na educação empreendedora e no cooperativismo e associativismo como forma de impulsionar a agricultura familiar, as agroindústrias e o turismo rural.

“O pequeno produtor tem que enxergar a sua propriedade como um empreendimento, mas sozinho não consegue. Precisa ser por meio do associativismo”, diz. Além disso, ela reforça que a assistência técnica é essencial porque as áreas são pequenas e o agricultor precisa produzir com tecnologia para ser eficiente. “Cerca de 70% dos pequenos agricultores aqui não contam com assistência técnica”, observa. A agricultura da região se destaca especialmente pela produção de feijão, cevada e tomate.

Integração lavoura-pecuária-floresta é uma alternativa

Gado de leite descansa à sombra de eucaliptos em propriedade com sistema integração-lavoura-pecuária-floresta (Emiliano Santarosa/Embrapa). | Foto: Emiliano Santarosa / Divulgação Embrapa

Joalmir Pucci, diretor executivo da Agência da Madeira, participou das oficinas do Paraná Produtivo. Ele destaca que a integração entre lavoura, pecuária e floresta se desenvolve muito bem na região e é um grande potencial a ser mais explorado. “A Embrapa tem estudos que comprovam a eficiência desse modelo”, diz. “A floresta não concorre com a agricultura e a pecuária. São complementares”, pontua.

Pucci destaca que num futuro breve, vai se exigir certificação da atividade pecuária, com produção de carne carbono neutro. “Para isso, vai ter que ter o gado dentro de uma floresta”, sinaliza.

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Ele reforça também que a indústria madeireira precisa ser vista com mais atenção. “A indústria papeleira consome florestas mais jovens e as madeireiras, mais maduras. Muitas indústrias desses setores foram atraídas para a região e hoje já falta matéria-prima. Pode ser uma alternativa de produção para os pequenos produtores em áreas íngremes, onde não é possível cultivar lavoura e, também, na integração com a agricultura e pecuária”, diz.

Para o presidente da Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG), Henrique de Oliveira Carneiro, que também é prefeito de Piraí do Sul, o programa Paraná Produtivo “é um trabalho a várias mãos que busca trazer desenvolvimento a toda a região”.

Ele destaca que a necessidade de uma atenção do governo do estado em melhorias de infraestrutura, especialmente em estradas rurais, para o escoamento da produção. “Alguns municípios receberam muitas indústrias nos últimos tempos e essa infraestrutura precisa ser melhorada”, insiste. Além disso, ele destaca a necessidade de qualificação dos trabalhadores,  como forma de melhorar a empregabilidade.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]