Paulo Martins (PL) e Sergio Moro (União) no debate entre candidatos ao Senado pelo Paraná, promovido pela Gazeta do Povo em 2022.| Foto: Reprodução/Youtube
Ouça este conteúdo

Na última terça-feira (21), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou as ações que visavam cassar o mandato do senador Sergio Moro (União Brasil). Acusado de abuso de poder econômico na pré-campanha eleitoral de 2022, Moro foi absolvido por unanimidade em uma decisão que mexeu com os ânimos de quem cobiçava sua vaga de senador pelo Paraná.

CARREGANDO :)

Entre os cotados para uma nova disputa havia políticos de diferentes espectros, tanto de esquerda quanto de direita. Alguns deles manifestaram abertamente o desejo de concorrer à vaga, enquanto outros apenas sinalizaram a hipótese de uma candidatura à eleição suplementar, que acabou suplantada pela decisão do Tribunal.

Um dos nomes mais emblemáticos nessa disputa é o do ex-deputado federal Paulo Martins (PL), que ficou logo atrás de Moro no pleito pelo Senado em 2022, com quase 1,7 milhões de votos. Candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador do Paraná Ratinho Junior (PSD), Martins acusa os institutos de pesquisa de manipulação eleitoral por sua derrota nas eleições.

Publicidade

Martins havia manifestado a intenção de concorrer novamente ao Senado dada sua boa colocação na última eleição, mas sem perspectivas para disputar a vaga suplementar e aguardando as eleições em 2026, ele volta a se articular nos bastidores das eleições para a prefeitura de Curitiba.

Para Martins, o fim da hipótese de uma eleição para o Senado fora de época "clareia" as eleições municipais no estado do Paraná. "Agora, os partidos têm um cenário claro, estabilizado para tomar suas decisões. Nós vamos nos reunir ainda e tomar a nossa decisão".

Rivais nas urnas, Sergio Moro e Paulo Martins trocam acusações

Em sua última coluna semanal na Gazeta do Povo, Sergio Moro citou nominalmente Paulo Martins e o deputado federal Fernando Giocobo, presidente estadual do PL no Paraná, como corresponsáveis pelas ações que visavam cassar seu mandato como senador:

"As ações que buscavam a cassação do mandato foram movidas pelo rancor do PT e pelo oportunismo de duas lideranças locais do PL paranaense, Fernando Giacobo e Paulo Martins. As acusações eram falsas e absurdas", disse Moro no artigo.

Martins, por sua vez, respondeu, em entrevista à Gazeta do Povo, que a ação não foi movida por ele: "Essa ação foi movida pelo PL. Eu nem dirigente partidário era na época que a ação foi movida, mas isso é irrelevante. Moro é um personagem lamentável da nossa história e usa isso para tentar desgastar adversários locais".

Publicidade

O ex-deputado, atual assessor do governo do Paraná, também rebateu as acusações de ter se aliado ao PT: "Moro me acusa de ter feito aliança com o PT, mas quem se alia ao PT é quem vota em Flávio Dino para colocá-lo na Suprema Corte e condenar a liberdade dos brasileiros", disse ele.

Rosângela Moro afirma que mudou domicílio para ficar próxima da família

A deputada federal e esposa de Moro, Rosângela Moro (União Brasil), foi outro nome cotado a substituir Moro em caso de cassação. Ela chegou a transferir seu domicílio eleitoral para o Paraná em março, abrindo assim a possibilidade de se candidatar às eleições suplementares no estado.

O gesto levou Rosângela a ser acusada pelo PT de "estelionato eleitoral" e o partido recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná (PRE-PR) emitiu um parecer pelo arquivamento do recurso. À Gazeta do Povo, Rosângela disse que mudou o domicílio para ficar mais próxima da família e que já esperava que Moro fosse absolvido pelo TSE. Sobre os planos políticos, Rosângela afirmou que se dedicará ao mandato de deputada.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e presidente do PL Mulher também foi cogitada para a vaga, tendo seu nome incluído em pesquisas eleitorais sobre a eventual sucessão de Moro realizadas antes do ano eleitoral. No entanto, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que Michelle ficou "feliz" com o resultado, mas não seria candidata pelo partido.

O ex-ministro Ricardo Barros, por sua vez, secretário da Indústria, Comércio e Serviços do Paraná, também estava preparado para disputar a cadeira no Senado, contando com o apoio do seu partido, o Progressistas (PP), e pleiteando o do governador Ratinho Junior. Sem a possibilidade de concorrer ao Senado, o foco de Barros nas eleições municipais será na candidatura de sua filha, a deputada estadual Maria Victoria Barros (PP). Ele, porém, não descarta disputar novamente uma vaga no Congresso Nacional.

Publicidade

Nesse contexto, Alvaro Dias (Podemos), ex-senador pelo Paraná, era outro nome cotado a disputar a eventual eleição suplementar para a vaga de Moro. Em 2022, Dias ficou em terceiro lugar com 23,9% dos votos, atrás de Moro e Martins.

Por fim, o PT tinha dois nomes ventilados para a disputa: o mais provável era o da presidente nacional da legenda e ex-senadora Gleisi Hoffmann. O deputado federal Zeca Dirceu e o deputado estadual Requião Filho eram outros cotados pelo partido para a disputa. O filho do ex-ministro José Dirceu também colocou seu nome entre os pré-candidatos do partido à prefeitura de Curitiba.

Absolvição de Moro não define postura de pré-candidatos sobre gastos na pré-campanha

Em entrevista à Gazeta do Povo, Alberto Rollo, advogado e especialista em direito eleitoral, afirmou que a absolvição de Moro não ajudou a estabelecer qual deve ser o limite de gastos na pré-campanha. "Todos os ministros, principalmente o Alexandre de Moraes, reclamaram que não tem previsão na Lei de qual é o limite de gastos na pré-campanha. Inclusive Moraes falou que isso é um problema do Legislativo".

Rollo diz que pretende orientar seus clientes a gastarem no máximo 20% do permitido na campanha para a pré-campanha. “Alguns ministros falaram em 20%, que os gastos do Sérgio Moro não chegariam a 20% do limite da campanha. É um número que vou trabalhar no nosso escritório". Rollo, entretanto, admite que se os gastos excederem este patamar não há previsão legal para punir o candidato por abuso de poder econômico.

Questionado se a absolvição de Moro pode impulsionar os gastos das pré-campanhas, o deputado Paulo Martins nega. "Não, porque estamos muito inseguros juridicamente ainda. Tem um caso anterior onde houve condenação. Tem candidato que vai correr risco, outros não", diz. "Moro conseguiu a absolvição, mas passou por um processo que é desgastante. Acho que o pessoal vai continuar cauteloso, em média", avalia.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]