A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia vai ser a oradora inicial do Congresso Brasileiro de Comunicação Política e Institucional (Compol) Curitiba, marcado para os dias 15 e 16 de abril no Canal da Música. A ministra vai abordar aspectos relacionados à transparência e à equidade nas eleições 2024 em um cenário de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA).
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De acordo com Marcelo Senise, especialista em marketing político e inteligência artificial e um dos organizadores do Compol Curitiba, o uso da inteligência artificial nas campanhas, tema abordado pela ministra do STF na palestra de abertura, deve ser a tônica do encontro. Por ser uma área em constante evolução, avaliou o especialista, são necessários mecanismos de regulamentação para o uso da IA no meio político.
Ele citou o caso da Cambridge Analytica, uma consultoria em análise de dados que se envolveu em um escândalo de vazamento de dados de milhões de usuários do Facebook. A empresa enviou 10 mil anúncios diferentes da campanha do republicano Donald Trump durante os meses que precederam as eleições americanas de 2016.
Uso malicioso da IA preocupa especialistas do setor
Segundo reportagem do jornal The Guardian, as propagandas foram distribuídas a partir de algoritmos que direcionavam mensagens diferentes para cada usuário, dependendo do perfil, local de residência e preferências. Além de usar segmentos demográficos para identificar grupos de eleitores, a Cambridge Analytica fez segmentações usando psicográficos – uma maneira de criar uma segmentação por personalidade do usuário.
Os anúncios extremamente segmentados, criados com a ajuda da inteligência artificial, foram vistos bilhões de vezes a partir de plataformas como Google, Snapchat, Twitter, Facebook e YouTube. O uso de informações pessoais para influenciar as eleições que levaram Trump à Casa Branca colocaram a rede social e a Cambridge Analytica no centro de uma crise que levou Marc Zuckerberg, presidente do Facebook, a pedir desculpas publicamente.
“As pessoas estão preocupadas com o deep fake, que é aquela adulteração de conteúdo por meio da IA. Só que isso é só a ponta do iceberg. A Cambridge Analytica não usou deep fake, eles usaram um sistema que fez uma segmentação extraordinária, direcionando anúncios específicos para pessoas específicas. Cada mensagem diferente ‘falava’ exatamente para o tipo de pessoa para o qual ela foi direcionada. Essa manipulação é que é perigosa”, avaliou Senise, em entrevista à Gazeta do Povo.
Congresso será voltado para capacitação de gestores públicos e pré-candidatos
O evento é aberto ao público em geral e as inscrições podem ser feitas pela internet. O objetivo dos organizadores é fornecer capacitação para consultores de comunicação política, profissionais de comunicação, pré-candidatos e gestores públicos. Além do congresso, será realizado um fórum exclusivo para futuros candidatos a prefeito e vereador, com treinamentos e conteúdos ministrados por especialistas da área.
Outros eventos regionais do Compol estão programados para as cidades de Porto Alegre (12 e 13 de março), Salvador (22 de março), Manaus (27 de março), Goiânia (5 de abril), Rio de Janeiro (6 e 7 de abril) e Palmas (19 de abril). Segundo Senise, a expectativa é que a etapa paranaense seja a maior entre os congressos locais.
“Estamos esperando cerca de 1,2 mil participantes e mais de 40 palestrantes. São os melhores do país, especialistas na área de comunicação, treinamento e formação de candidatos, autoridades em marketing digital, representantes da Justiça Eleitoral, além da ministra Cármen Lúcia. O encontro é uma oportunidade única de aprimoramento de estratégias e técnicas de comunicação no cenário político brasileiro”, disse Senise.
Compol Curitiba será palco de lançamento do Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial
Durante o evento em Curitiba será oficialmente lançado o Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial (Iria). De acordo com Senise, a iniciativa de criação do instituto surgiu após a realização do Compol em Belo Horizonte, em 2023.
Para o organizador do evento em Curitiba, o instituto será mais uma ferramenta para fortalecer o debate aberto e ético sobre o uso da inteligência artificial nas campanhas eleitorais, "uma iniciativa crucial para o cenário político brasileiro".
“Nós percebemos que havia esse desassossego no mercado em relação à regulamentação da IA. A inteligência artificial vem sendo usada na medicina há anos, e ajudou na decodificação do genoma humano, por exemplo. Só que o uso malicioso dela é realmente preocupante. Do mesmo jeito que o genoma foi mapeado, a IA ajudou no mapeamento das emoções humanas. E hoje é possível que um sistema de inteligência artificial saiba o que você vai escolher antes mesmo de você tomar a decisão”, complementou.
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