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Casos de dengue em queda no PR: explicação está mais no sorotipo do que no mosquito
| Foto: Divulgação/Agência Estadual de Notícias

Após a pior epidemia de dengue da sua história entre 2019 e 2020, o Paraná inicia o outono de 2021 com uma grande queda de casos e mortes pela doença. O mais recente boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), divulgado no início desta semana, mostrou que no atual período epidemiológico, iniciado no final de julho, o estado acumula 7.747 casos e 15 óbitos. Na mesma fase do período 2019/2020, o Paraná tinha 87,9 mil pessoas infectadas e 69 mortes. As quedas foram, portanto, de 91% e 78%.

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Emanuelle Gemin Pouzato, médica veterinária da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da Sesa, explica que o principal fator para a epidemia histórica do ano anterior foi uma mudança na circulação viral no Paraná. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue, e o principal em circulação no estado há alguns anos era o 1. O sorotipo 2 vinha circulando em estados vizinhos já há dois anos antes do período epidemiológico 2019/2020: ao entrar com força no Paraná, encontrou uma população vulnerável.

A Sesa fechou o período epidemiológico com o registro de 227.724 pessoas infectadas e 177 óbitos por dengue, o pior resultado do histórico de acompanhamento de casos, que começou no início dos anos 1990. Uma explicação para a queda expressiva de casos e mortes no período 2020/2021 é o fato de que uma grande parcela da população paranaense foi exposta ao sorotipo 2. Quando uma pessoa é infectada por um sorotipo, torna-se imune a ele, mas se for contaminada por outro, há riscos maiores de dengue severa – antigamente chamada de hemorrágica.

“O sorotipo 2 segue predominante no Paraná: representa 64% das amostras processadas no Laboratório Central do Estado (Lacen) e o sorotipo 1 representa 36%”, detalha a médica veterinária. “As ações de prevenção não podem parar. A dengue é transmitida por um vetor (o mosquito Aedes aegypti): se são criadas condições para que ele não se prolifere, ocorre uma queda expressiva dos casos.”

Isolamento social e crise hídrica também influenciaram epidemia

Pouzato destaca que, com as medidas de isolamento social e muitas pessoas trabalhando em home office devido à pandemia de Covid-19, grande parte dos paranaenses está passando mais tempo em casa e dessa forma tem mais facilidade para verificar e eliminar focos de água parada, como pratinhos de vasos de plantas e recipientes na parte de trás de geladeiras. Mas isso não tem acontecido por enquanto.

“Nosso levantamento mais recente mostrou que os índices de infestação predial (presença do vetor em imóveis) continuam altos”, lamenta. A médica veterinária aponta que, como calor e chuva são condições ideais para proliferação do mosquito, em tese os dias de estiagem que o Paraná teve no atual período epidemiológico ajudariam no combate à dengue, mas muitas pessoas estocaram água de forma inadequada, erro que também colabora para a presença do vetor: 239 dos 399 municípios do estado tiveram casos confirmados no atual período. “Continuamos o trabalho junto aos municípios para que um período epidemiológico como o de 2019/2020 não se repita.”

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