Deputados do PL fizeram críticas à cassação do deputado Deltan Dallagnol pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no último dia 16 e defenderam uma mobilização popular para restaurar seu mandato. As declarações aconteceram no 1º Congresso Conservador de Curitiba, realizado no sábado (28) pelo Instituto Luzeiro.
“Essa questão da cassação do Deltan Dallagnol é um revanchismo da corrupção, que não foi aniquilada na Lava Jato e hoje controla o Judiciário e está fortalecida. Nós estamos vivendo uma ditadura de consórcio entre o Executivo e o Judiciário”, afirmou o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) Ele classificou a cassação do deputado do Podemos de “uma aberração completa”.
Para a deputada Bia Kicis (PL-DF), é necessária uma mobilização popular contra a decisão do TSE contra Dallagnol. “Eu acredito que a gente precisa se manifestar em todos os locais. Como parlamentares, nós precisamos pressionar na tribuna. O TSE criou uma nova questão de inelegibilidade. É preciso que o povo também se manifeste e mostre sua indignação. Porque não é apenas o caso do Deltan, são muitos outros”, afirmou.
Diversos movimentos e lideranças políticas estão preparando uma grande mobilização popular no dia 4 de junho para exigir a restauração do mandato de Dallagnol.
A perda do mandato de Dallagnol foi alvo de críticas do deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP). Segundo ele, a forma como a questão foi tratada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma cassação da candidatura de forma unânime e sem debates, foi “uma violação completa do Estado de Direito”.
“É prerrogativa da Câmara fazer esse júdice. Foi levantado um crime, mas eu acredito que não há esse crime do Deltan. Parece que o governo está em uma seara vingativa e está utilizando o Estado para isso”, opinou.
O ex-deputado federal Paulo Martins reforçou o fato de que, na avaliação de juristas, a decisão do TSE foi “uma injustiça”, fruto de “uma interpretação extensiva” da legislação eleitoral. “[O TSE] acabou tirando o mandato, cassando a representação de mais de 300 mil pessoas. E esse processo vai contaminando as instâncias inferiores. Por isso é importante a ação social, não apenas indo para as ruas, mas se organizando como sociedade”, completou.
Primeira edição de Congresso conservador reuniu 650 pessoas em Curitiba
Além da cassação de Dallagnol, o encontro promoveu debates sobre o crescente ativismo judicial no país, o PL das Fake News, que restringe liberdades individuais e o recém-aprovado arcabouço fiscal.
Segundo os organizadores, cerca de 650 pessoas estiveram presentes ao Teatro Bom Jesus, na capital paranaense. O evento tinha o tema: “O mínimo que você precisa saber sobre a atividade parlamentar, doutrinação nas escolas e por que o Brasil é um país atrasado”. O objetivo do evento era promover a formação de conservadores no Paraná.
Tentativa de restrição de liberdades pelo PL das Fake News foi alvo de críticas
Sobre os outros temas do congresso, Orléans e Bragança destacou o fato de que a “liberdade de gastos” trazida pelo novo arcabouço fiscal pode prejudicar o orçamento de prefeituras e estados, ao mesmo tempo em que dá maiores poderes ao Governo Federal. Sobre o chamado PL das Fake News, que pretende regular as redes sociais, o deputado apontou que “o Judiciário quer [o projeto aprovado] porque ele já está praticando a censura”. O texto legal serviria, de acordo com o deputado, para que o judiciário consiga “se blindar dos ataques óbvios de direitos individuais”.
“Temos que estar alertas a todo momento com esse governo. Enquanto esse governo estiver aí a população não pode ficar em casa. Precisamos remobilizar a população”, completou Orleans Bragança.
Bia Kicis disse que há uma possibilidade do governo criar um “Ministério da Verdade” caso o projeto de lei seja aprovado no Congresso Nacional. Ou seja, um órgão estatal que determinaria o que é e o que não é verdade.
“Esse projeto é um crime e é um acinte à liberdade de expressão que está inserida na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Graças a pressão popular esse projeto foi retirado de pauta, mas nós não podemos esquecer dele e temos que continuar batendo nessa tecla e dizendo não à censura e sim a liberdade de expressão”, afirmou.
Doutrinação nas escolas
Sobre a doutrinação nas escolas, Gustavo Gayer reforçou a valorização dos legados tradicionais e da família como ferramentas para “combater pautas como a identidade de gênero”.
“A esquerda quer nos dividir. Brancos contra negros, homens contra mulheres, pais contra filhos. Eles odeiam a bandeira do Brasil porque ela é um símbolo que nos une. A esquerda deturpa a nossa vida e a nossa maneira de se comunicar", disse ele.
Eleições 2024
Paulo Martins confirmou o desejo de ser o candidato do PL para a Prefeitura de Curitiba em 2024. O ex-deputado ainda reforçou que as eleições municipais são fundamentais para a construção de um projeto político para a direita nacional na disputa presidencial em 2026.
“É nos municípios que as pessoas moram. Nós negligenciamos as eleições municipais de 2020 É o que precisamos para concretizar nossa vitória majoritária e combater a visão nefasta que tem dominado as esferas do poder”, finalizou.
Organizadores querem unir a direita
Para a organização do congresso, eventos como esse têm como objetivo reunir a direita. Paulo Melo, presidente do Instituto Luzeiro, explicou que ao participar desses eventos, as pessoas “podem levar para suas comunidades os pensamentos conservadores e repassá-los de uma forma que dê resultado”.
“É nas pequenas esferas que nós conseguimos mudar a sociedade. Assim as pessoas podem levar para suas comunidades os pensamentos conservadores e repassá-los de uma forma que dê resultado. Essas áreas vão preparar os votos de uma geração inteira e provocar grande impacto no país”, explicou.
Outra frente de atuação do Instituto Luzeiro é a mobilização pelas redes sociais. A organização compartilha temas de interesse social como a PL das Fake News, o arcabouço fiscal e o Marco do Saneamento e explica a importância de cada um deles para a sociedade.
“Com essa ferramenta nós alcançamos mais pessoas e temos tentado conscientizar a população para realizarem a cobrança aos parlamentares. Explicamos em detalhes para as pessoas sobre do que se trata cada proposta para que a população possa ter conhecimento e embasamento para tratar sobre eles”, finalizou Kadu Prado, vice-presidente do Instituto Luzeiro.
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