Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que são portadores de doenças e sequelas neurológicas, e que têm indicação para cirurgias de complexidade, têm a possibilidade de fazerem tratamento, procedimentos cirúrgicos e reabilitação no Centro Hospitalar de Reabilitação do Paraná.
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O local conta com uma estrutura de ponta, em que as cirurgias são filmadas em 3D e transmitidas mundo afora. Quem participa deste projeto de forma voluntária é o médico Luis Alencar Borba, presidente da Federação Latino-americana de Neurocirurgia (Flanc) e coordenador do Comitê de Educação da Federação Mundial de Neurocirurgia.
O médico, que já operou em 15 países da Ásia, América do Sul, África e Europa, usufrui de alta tecnologia para as operações e, também para a formação de novos cirurgiões.
"Não existe mais aquela época de aprender na cabeça de alguém. Hoje existem centros de treinamento e muita simulação antes. A formação médica, hoje, é muito mais acessível. A gente troca informações com pessoas de todo o mundo pela internet. Antes era preciso fazer viagens caras para Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, por exemplo", compara o médico.
O trabalho dele no Centro de Reabilitação já ajudou a formar quase 100 residentes e realizou mais de 200 cirurgias. "Conseguimos fazer 10 estações para simular as cirurgias. Quando saem dali, os residentes vão para um centro de treinamento simular a cirurgia que acabamos de realizar, expandindo o conhecimento na hora", detalha Borba.
UFPR é parceira do Centro Hospitalar de Reabilitação do Paraná
Integrado ao Hospital do Trabalhador (HT), o Centro Hospitalar de Reabilitação do Paraná pertence à rede de atendimento pública estadual. "Esse projeto começou quando eu era presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Cheguei a apresentar para um ministro da Saúde na época, mas ele ficou pouco no cargo, até me recebeu muito bem, mas o projeto não foi para frente. Um dia, estava no HT e o Dr. Geci, que era diretor, recebeu o Ministério Público do Trabalho (MPT). Eles tinham uma verba de uma indenização para ser usada", relembra.
Em 2019, o MPT firmou um termo de cooperação com a Secretaria da Saúde do Estado do Paraná para equipar o Centro. Mas o projeto ainda teve que esperar mais um pouco para sair do papel. Com a chegada da pandemia de covid-19, o espaço destinado ao Centro Hospitalar de Reabilitação do Paraná passou a atender exclusivamente paciente infectados pela doença. O projeto foi implementado na sequência.
"Lá dentro os pacientes têm tudo: tratamento, cirurgia, pós-operatório e reabilitação. A UFPR também é nossa parceira" comenta o médico.
Neurocirurgia brasileira é referência
Os cursos que Borba ministra no Paraná são transmitidos pela internet. "Tive uma aluna do Japão que assistiu à aula com óculos de realidade virtual. Era como se ela estivesse ali, ao meu lado, durante a cirurgia. Isso é incrível", comemora ele, que avalia a neurocirurgia brasileira como referência mundial. Ele diz que, além do avanço tecnológico, os casos atendidos por aqui, como tumores, aneurismas, má formações e lesões no cérebro, são mais difíceis.
" Aqui, as patologias geralmente são complexas. As pessoas com menos acesso demoram para procurar atendimento médico. Quando vamos realizar a cirurgia, o problema está avançado. E posso garantir: o Paraná está entre os melhores do país na formação, assistência e equipamentos, tanto no SUS como na rede privada. Temos acesso a equipamentos que possibilitam procedimentos mais precisos e menos agressivos. Tudo isso, aliado à capacitação médica, ajudou a reduzir a morbidade e as sequelas das cirurgias neurológicas. Hoje, o Paraná e o Brasil são referência nisso".
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