A chapa encabeçada pelo deputado estadual Alexandre Curi (PSD) foi aclamada por unanimidade na eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para o biênio 2025-2026. O parlamentar havia sido eleito em uma votação ocorrida em agosto, mas o processo foi anulado para que uma nova eleição fosse realizada nesta segunda-feira (11).
Além de Curi na presidência da Alep, a chapa elegeu Gugu Bueno (PSD) como primeiro-secretário; Maria Victoria (PP) na segunda secretaria; Flávia Francischini (União) como primeira vice-presidente; Delegado Jacovós (PL) como segundo vice; Moacyr Fadel (PSD) como terceiro vice-presidente; Requião Filho (PT) como terceiro secretário; Alexandre Amaro (Republicanos) como quarto secretário; e Goura (PDT) como quinto secretário.
Participaram da eleição 46 deputados. Tiago Amaral (PSD), Renato Freitas (PT), Paulo Gomes (PP), Moacyr Fadel (PSD), Goura (PDT), Fabio Oliveira (Podemos), Cristina Silvestri (PP) e Alexandre Amaro (Republicanos) não registraram presença no plenário durante a sessão de votação.
Alexandre Curi disse que vai aumentar a transparência na Alep
Curi não se manifestou no plenário da Alep após a ratificação de seu nome como novo presidente da Alep. Em agosto, quando foi eleito na votação posteriormente anulada, o deputado disse que em sua gestão a assembleia vai criar mais mecanismos para aumentar o trabalho, a transparência e a austeridade com os recursos públicos.
“Nós vamos continuar avançando, sempre em busca do fortalecimento do Poder Legislativo. Vamos avançar na transparência, na sustentabilidade, na economia, levando a Assembleia Legislativa mais próxima da população através da Assembleia Itinerante. Também vamos avançar em um tempo extremamente importante, que é a inovação. Queremos trazer a inteligência artificial para dentro da Assembleia para otimizar, desburocratizar e facilitar no protocolo de projetos de lei. Nosso desafio é dar continuidade a este trabalho”, afirmou, à época.
Novo presidente da Alep, Alexandre Curi está em seu sexto mandato
Atual primeiro-secretário da Mesa Diretora da Alep, Alexandre Curi está em seu sexto mandato seguido como deputado estadual. Neto do deputado estadual Aníbal Khury, foi eleito pela primeira vez em 2000, como vereador em Curitiba. Dois anos depois entrou na Alep graças aos votos de mais de 44 mil eleitores.
Em 2006 Curi foi o deputado estadual mais votado no Paraná, com mais de 130 mil votos. Na eleição seguinte, em 2010, foi reconduzido ao cargo com 134 mil votos. Em 2014 a projeção nas urnas foi um pouco menor, com 114 mil votos, suficientes para uma nova reeleição.
Durante esse mandato, Curi trocou de partido, saindo do então Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) para se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Na nova legenda, foi novamente eleito em 2018, com 147 mil votos.
O mandato atual foi obtido em 2022 com 237 mil votos, quando Alexandre Curi deixou o PSB com destino ao PSD. Naquela eleição ele foi novamente o deputado estadual mais votado no Paraná e um dos mais votados do Brasil.
Novo presidente da Alep teve seu nome investigado no caso dos Diários Secretos
Entre 2007 e 2010, o deputado estadual Alexandre Curi (PSB) foi primeiro-secretário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), cargo responsável pela gestão do Legislativo. Chegou, assim, a ser alvo de dois procedimentos investigatórios criminais abertos logo após as descobertas da série Diários Secretos virem à tona. Curi, porém, acabou ficando de fora das investigações criminais.
A partir das reportagens, o Ministério Público (MP-PR) abriu inquéritos para investigar, entre outras denúncias, a nomeação irregular de servidores na 1.ª Secretaria do Legislativo, comandada por Curi à época.
As apurações envolvendo seu nome foram barradas pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) antes mesmo de virarem ações penais. A alegação foi de que o Ministério Público cometeu o erro primário de não ter solicitado autorização para a abertura da investigação e que sete anos se passaram sem que a apuração fosse concluída.
Os primeiros indícios que embasaram as investigações se deram em Ivaiporã e em Curiúva, municípios da região Central do Estado. A primeira-secretaria, comandada por Alexandre Curi àquela época, nomeou pessoas dessas cidades em cargos de confiança. Porém, ao invés de prestarem serviço na sede da Alep em Curitiba, onde funciona a primeira-secretaria do Legislativo, realizavam trabalhos de cunho político nas cidades citadas, em nome do deputado.
Segundo as investigações, uma rede de aliados políticos indicava pessoas que aceitavam devolver a maior parte dos salários que recebiam da assembleia. Esse dinheiro era recebido por pessoas ligadas a Curi. São esses dois inquéritos que foram trancados pelo TJPR.
À época, a defesa de Alexandre Curi enviou uma nota à Gazeta do Povo na qual se manifestava sobre o caso. Confira o documento na íntegra:
A investigação foi trancada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná devido ao reconhecimento de uma manifesta ilegalidade. Acompanhando o entendimento dos Tribunais Superiores, foi reconhecido que havia investigação em relação ao Deputado Alexandre Curi sem a indispensável autorização da Corte máxima de Justiça do nosso Estado.
Havia duas investigações, sendo que em uma delas somente houve conhecimento do Tribunal após 4 anos da instauração do procedimento, enquanto a segunda nunca havia sido remetida para a análise dos Desembargadores, o que somente ocorreu que da impetração de Habeas Corpus pela defesa. Foram aproximadamente 7 anos de investigação sem nunca o feito ter sido remetido ao TJPR. Essa é uma regra indispensável na condução de investigação de qualquer parlamentar. O entendimento do TJPR apenas reiterou o que já se decidiu em outros casos, envolvendo outros parlamentares.
Em que pese o deputado Alexandre Curi não ter sido ouvido nessas investigações, as intimações para sua inquirição ocorreram somente ao final do tempo já citado, como último ato de investigação. Ou seja, não houve contribuição sua para a demora das investigações.
Em que pese ser verdadeiro o fato de que foi cancelado seu comparecimento em data designada para sua inquirição, não houve abuso de direito. Ocorreu que após a designação de dia e detido estudo do caso pelos seus Advogados, houve a conclusão de que havia uma patente ilegalidade. Assim, deixou-se de comparecer perante o Ministério Público, a fim de não convalidar a ilegalidade do caso.
Eleição na Alep será a primeira sem Traiano em 10 anos
Esta foi a primeira eleição da Mesa Diretora da Alep sem a presença de Ademar Traiano (PSD) em uma década. Ele ocupa a presidência, sem interrupções, desde 2015, e vai se despedir do comando da Casa em fevereiro de 2025, seguindo com o mandato de deputado estadual.
O nome de Traiano ficou de fora da composição da nova Mesa Diretora após o desgaste provocado pelo acordo com o Ministério Público (MP), homologado pela Justiça, em que o deputado confessou a negociação e o recebimento de propina.
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