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Projeto de meliponicultura busca incrementar a renda dos produtores rurais e fortalecer o desenvolvimento regional.
Projeto de meliponicultura busca incrementar a renda dos produtores rurais e fortalecer o desenvolvimento regional.| Foto: Albori Ribeiro/Prefeitura de Morretes

O projeto Morretes: Cidade do Pólen estimula a criação de abelhas nativas sem ferrão para agricultores familiares e busca transformar o município em um polo de meliponicultura. O intuito é incrementar a renda dos produtores rurais e fortalecer o desenvolvimento regional.

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A iniciativa é uma parceria entre a Prefeitura de Morretes, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Secretaria de Estado de Inovação, Modernização e Transformação Digital e Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social.

Segundo o coordenador do projeto, Tiago Tischer, a ideia surgiu de uma conversa com o idealizador da iniciativa Jardins de Mel de Curitiba, Felipe Thiago de Jesus. O município enxergou uma oportunidade de agregar renda e educação ambiental para a cidade.

O projeto em Morretes tem três frentes de atuação: geração de trabalho e renda, educação nas escolas e turismo. A iniciativa, iniciada há um ano, foi desenvolvida com cursos e oficinas na casa de agricultores que já atuam com as abelhas mandaçaia. Além disso, 30 caixas foram distribuídas nas 15 escolas municipais, duas em cada unidade.

Por meio de chamamento público, serão distribuídas 100 caixinhas de abelhas mandaçaia para 50 beneficiários do projeto, duas para cada produtor. As famílias selecionadas para receber as caixas de abelhas sem ferrão também participarão de treinamento teórico em melipolinicultura e assistência técnicas do Tecpar para verificar as condições de suas propriedades e do entorno.

A abelha mandaçaia produz própolis azul. Por meio de análises, foi visto que esse própolis é 10 vezes mais potente que o própolis verde. “Os agricultores estão interessados. Esse própolis rende R$ 1,5 mil o quilo. Já conseguem ter uma dinâmica para retirar o própolis”, disse o coordenador do projeto.

Tischer explicou que, a cada dois meses, é possível retirar 200 gramas de uma caixinha de abelha sem ferrão. “Tira-se um quarto da produção, pois o própolis serve para lacrar a caixa e não deixar entrar luz e vento”, informou. A ideia é que haja um ciclo de retirada do produto para a geração de renda.

Essa abelha se multiplica de 2 a 3 vezes no ano, sendo no começo da primavera, no final de novembro e em fevereiro. “A expectativa é atender, a cada ano, 50 agricultores ou mais. Através dos cursos, com a Tecpar, fazer com que o município vire um polo de meliponicultura e expandir a atividade em todas as regiões”, destacou o coordenador do projeto, Tiago Tischer.

Meliponicultura não era frequente na região de Morretes

Essa produção em escala, como o programa apresenta, não existia em Morretes. “É uma forma de induzir a meliponicultura na região através da produção do própolis azul, que garante um complemento na renda do agricultor familiar”, afirmou Tischer.

Em um ano, uma caixa de abelhas mandaçaia triplica a produção. Tischer explicou que no primeiro ano é possível colher um quilo de própolis e triplicar o número de caixas. “Por exemplo, em setembro de 2023, o produtor está com uma caixa. Quando for setembro de 2024, ele terá 4 caixas. No ano seguinte, 12, pois a cada ano triplica. A cada ano nasce novas abelhas rainhas que irão sair e ocupar outras caixas”, comentou.

Desse modo, os primeiros 50 produtores atendidos com as caixas de abelhas, em um ano, irão triplicar a produção. “Em escala exponencial, conseguimos abranger a atividade em todo o município. E é aí que se transformamos em um polo de meliponicultura”, ressaltou.

O manejo não requer muito tempo e nem precisa de tantos cuidados, o que vem atraindo os agricultores locais. “Não requer muito manejo. Claro que precisa diariamente ver como estão as abelhas, as vezes precisa alimentar com uma solução. Mas é uma questão de observação. A abelha tem um manejo muito fácil e ajuda no complemento da renda”, acrescentou.

Produtor vê potencial com meliponicultura 

Por ver potencial na meliponicultura, o engenheiro civil Eduardo Varaschin Consoli começou a produção antes de receber as caixinhas. Ele conheceu o projeto no final do ano passado. Sempre teve o desejo de ter abelhas sem ferrão em sua propriedade. Mas ao conversar com o coordenador técnico da Tecpar, Renato Rau, Consoli descobriu o projeto em Morretes. O engenheiro fez alguns treinamentos disponibilizados pelo programa do município e, com isso, adquiriu as caixas.

“A mandaçaia foi a abelha com a qual eu decidi começar, pelo fato de ser resistente e de fácil manejo. Além do fato de ser uma abelha, que na nossa região, produz um tipo único de própolis, descoberto recentemente e vem despertando bastante interesse”, contou.

Como a intenção de Consoli é ampliar a produção, além de própolis, buscou uma variedade genética de abelhas para evitar a consanguinidade. “Hoje eu tenho 35 caixas de abelha mandaçaia e 2 jatais. A minha projeção, até o final do ano, é chegar em 200 matrizes de mandaçaia, e também começar a criação da abelha guaraipo, que está quase desaparecendo da natureza, e a de abelha bugia”, explicou.

Segundo Consoli, ele aprendeu muito com os treinamentos que o projeto disponibiliza. “O professor Renato Rau, que está nos orientando através do projeto, é muito qualificado. Com isso, as expectativas são altas. O fato de eu estar projetando o crescimento do meliponário se deve a toda essa base que o projeto nos deu”, relatou.

Ele evidenciou que a produção de abelhas é uma forma de gerar renda extra e também de preservação da natureza. “Com estudo, manejo adequado e com abelhas boas, dá para ter lucro sim. Ainda mais para aquelas pessoas que tem uma área de preservação parada na propriedade. É uma forma de tornar aquela área produtiva”.

“O maior potencial que eu vejo é em relação a própolis azul que a mandaçaia produz. É algo novo, que está sendo estudado e tem o potencial de ser um produto muito interessante”, ressaltou o engenheiro. Agora, ele aguarda receber caixinhas de abelha pelo projeto.

Programa promove educação ambiental  

Além de viabilizar uma possibilidade de renda extra para os 600 agricultores familiares da região, o projeto busca promover educação ambiental para os mais de 3 mil estudantes do município. De acordo com Tischer, coordenador do projeto Morretes: Cidade do Pólen, o programa tem promovido palestras e atividades para os alunos das 15 escolas de Morretes.

Foram colocadas 30 colmeias nas escolas, com o intuito de discutir a importância das abelhas e da preservação desse inseto. Essa etapa de promoção de educação ambiental conta com apoio didático da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Além disso, Tischer espera que outros municípios possam replicar o programa. “Esse projeto é aberto para que outros munícipios do estado possam replicar. Qualquer município pode replicar, com os termos de cooperação”, afirmou.

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