Após duas semanas de retomada das aulas presenciais em Foz do Iguaçu, instituições e poder público fazem uma avaliação positiva da iniciativa, que até agora envolveu um número pequeno de alunos do terceiro ano do Ensino Médio. As escolas que aderiram ao retorno cumprem um protocolo sanitário para minimizar o risco de contágio pelo coronavírus. Os dados mais recentes mostram desaceleração no número de casos em Foz do Iguaçu, que é a primeira cidade a reiniciar atividades escolares no Paraná.
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O decreto que permitiu o retorno autorizou a retomada desde o dia 27 de julho, para o último ano do Ensino Médio e para concluintes da graduação. Entretanto, como ainda está em vigor o decreto estadual que suspende as aulas presenciais em todo o estado, houve indefinição jurídica de como proceder. Entendendo que o município tem competência para legislar sobre seu território, algumas escolas de educação básica abriram as portas em 3 de agosto, mas ainda não há informação sobre retomada nas instituições de ensino superior. O Paraná ainda não definiu a data de retorno das aulas, assunto tratado pelo Comitê Volta às Aulas.
O protocolo de retorno permitiu apenas 30% da frequência de cada turma. Antes da entrada, é preciso passar pela aferição de temperatura, tapete sanitizante de calçados e higiene das mãos. As carteiras precisam ter distanciamento e as cantinas permanecem fechadas. Os alunos precisam levar garrafas de água própria e lanche.
No Colégio Betta, a estratégia foi concentrar as aulas de cada disciplina em um único dia, criando um rodízio de professores ao longo da semana. “Não temos nenhum no grupo de risco, mas ocorreu de um professor nos avisar que o pai e o filho tinham se infectado pelo coronavírus. Esse professor não teve sintomas, mas por precaução permaneceu em casa, fazendo atividades remotas”, contou o diretor Artur Gustavo Rial. As aulas presenciais são transmitidas ao vivo para quem está em casa.
“Em relação aos alunos, a aceitação está sendo muito boa. Preferem a aula presencial para poder interagir com o professor e encontram um ambiente propício para a aula. No ambiente on-line, acabam se dispersando, se distraindo com alguma outra coisa”, disse Rial. Segundo ele, a adesão foi maior do que esperada. As pesquisas iniciais indicavam interesse de apenas 10% dos alunos. “Era bem pouco, mas com o decreto autorizando, resolvemos fazer um teste. Acabou que nos surpreendeu a quantidade de alunos vindo, mais do que a pesquisa captava”, acrescentou.
“Estamos começando a terceira semana de retomada. Do lado emocional, da sociabilidade, do relacionamento do aluno estar de volta à escola está sendo sensacional”, afirmou Sylvio Conti, diretor do Colégio Semeador – Positivo. Da turma de 45 alunos, cerca de 12 estão frequentando as aulas presenciais. Houve um dia em que foram 16 estudantes presentes, espalhados em uma sala com capacidade normal para 160 pessoas.
Segundo Conti, o colégio tem à disposição profissionais em todas as áreas: portaria, secretaria, diretoria, psicologia, limpeza. “Honestamente, manter toda essa estrutura para atender a 10 alunos, como tivemos alguns dias, não compensa. Mas entendemos que nessa pandemia é um passo de cada vez”, observou.
Foz discute novas flexibilizações
Tanto o Betta como o Semeador atendem desde a educação infantil ao ensino médio. Nas duas escolas, os gestores dizem que poderiam retomar as atividades presenciais de alunos de outras etapas, mantendo distanciamento e higiene das turmas. “Precisa ter bom senso. Não é um retorno para todos, é para uma parte, para quem precisa. Temos aqui 12 auxiliares trabalhando. Todas estavam cuidando de crianças. Às vezes, mais de uma ao mesmo tempo. Muitos pais precisam de um lugar seguro para deixar os filhos”, defendeu Riad, diretor do Betta e presidente do Sindicato das Escolas Particulares da regional de Foz do Iguaçu.
Entretanto, a prefeitura de Foz do Iguaçu ainda não sinalizou novas flexibilizações para o setor educacional. O gerente da Vigilância Epidemiológica do município, Roberto Doldan, ressaltou que apenas algumas escolas aderiram ao protocolo. “Das que abriram até o momento não tivemos problema nenhum, nenhum caso com relação a esses locais. Do ponto de vista da vigilância, isso é ótimo, e com isso a gente acredita que a flexibilização nas escolas, com cuidado sanitário, pode acontecer. Quando o quadro epidemiológico permitir, o próximo passo será a retomada das aulas de maneira geral”, afirmou.
Segundo Doldan, o risco de transmissão do coronavírus permanecerá ainda por muitos meses, até a chegada de uma vacina. “Mas entendemos que as pessoas precisam retomar sua vida normal”, ponderou. Pelo boletim diário disponível, Foz do Iguaçu tem 4.158 casos confirmados - com 44 óbitos e 3.921 já recuperados. A média diária de novos casos está em 45, contra 61 de 1º de agosto e 60 em 1º de julho.
Segundo a secretária municipal de Educação de Foz do Iguaçu, Maria Justina da Silva, apenas uma pequena parcela de famílias demonstrou interesse no retorno presencial: 20% na educação infantil e 25% no ensino fundamental. “Vamos levar esses dados para o comitê de volta às aulas, para a construção do nosso protocolo. Ainda não há data fechada, mas sabemos da importância da reabertura para trabalhar conteúdos novos com os alunos. O que já sabemos é que em 2021 teremos que evidenciar o reforço e contraturno, para recuperar o conteúdo deste ano”, relatou. Entidades da educação fizeram um alerta para as famílias se engajarem nos estudos dos filhos, para que o ano escolar de 2020 não se torne um “ano perdido”.
Amazonas tem aulas presenciais há 6 semanas
Há poucas experiências de retorno às aulas pelo Brasil, mas todas são acompanhadas pelo governo do Paraná. O Amazonas é o único estado que já retomou as aulas de maneira ampla. A rede particular reiniciou as atividades presenciais em 6 de julho, com 70% das escolas e 140 instituições de Manaus, segundo dados do Sindicato das Escolas Particulares do Amazonas. Não houve distinção por idade ou etapa: mesmo a educação infantil retornou as atividades presenciais. O governo estadual fez um balanço positivo ao final de julho.
A retomada na rede estadual do Amazonas, ocorrida no dia 10 de agosto, tem gerado embates entre sindicato e governo. Nas próximas semanas, os professores da educação básica farão teste rápido para detecção do coronavírus. O Distrito Federal permitiu o retorno nas escolas particulares, que chegaram a receber alunos por alguns dias, mas a decisão foi barrada pela Justiça.
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